Crítica - The Power of the Dog (2021)

 Crítica - The Power of the Dog (2021)

Realizado por Jane Campion

Com Benedict Cumberbatch, Kirsten Dunst e Jesse Plemons


Realizado pela aclamada cineasta Jane Campion, já vencedora de uma Palma de Ouro com "O Piano", "The Power of the Dog"/ "O Poder do Cão" conta-nos a história de um rancheiro autoritário e carismático que trava uma guerra de intimidação contra a nova esposa do irmão e o seu filho adolescente que culminará num desfecho que mudará a sua família para sempre. 
"The Power of the Dog" é uma das grandes esperanças e apostas da Netflix para época de prémios e poderá mesmo ser uma das surpresas do ano, embora este western dramático esteja longe de certos sucessos que o gigante do streaming já produziu. Mas é, sem dúvida, uma obra ao estilo de Campion e, acima de tudo, um título que se insere na perfeição na aposta recente da Netflix em promover obras mais diferenciadoras e arriscadas. E não há dúvidas que "The Power of the Dog" é diferente. 
Campion é considerada um nome de vulto na realização desde "O Piano" em 1993, mas desde essa altura só realizou mais quatro longas-metragens e nenhuma destas emulou a aclamação da obra que lhe valeu a Palma de Ouro em Cannes. Quase trinta anos após o lançamento de "Piano", Campion volta a ter um projeto na luta pelos grandes prémios do cinema e, desta vez, conta com o apoio mediático e financeiro de um gigante da indústria. Mas apesar de, pela primeira vez, contar com a influência de um grande estúdio de Hollywood ("Bright Star" apenas foi distribuído pela Warner Bros.), Campion não deixou cair o seu estilo e crença característicos, tendo criado uma obra que nos remete para o estilo eclético que sempre marcou a sua filmografia.
A visão desta cineasta, aliada a um enredo diferenciado, rendeu, assim, um inesperado cruzamento entre um western dramático e um thriller familiar que, no final, dá azo a uma grande história repleta de significados abstratos. É exemplo desta  subtiliza temática uma conclusão soberba, onde o twist é tão imponente, mas ao mesmo tempo tão subtil, que acaba por conferir todo um novo significado ao resto da narrativa.....
O que faz de um herói uma má pessoa ou de um vilão uma boa pessoa? Pode parece estranho frasear assim esta questão, mas "The Power of the Dog" remete-nos precisamente para uma análise dicotómica entre o bem e o mal diferente do habitual, sendo que esta análise particular só se torna evidente nos momentos finais e são estes momentos finais que conferem um brilho extra e diferenciador a um enredo.  Não é que o que esteja para trás seja mau, muito pelo contrário, mas há que admitir que a interpelação mais subjetiva e artística que promove de temas como o machismo, o preconceito ou o alcoolismo não têm tanta garra ou poder. A sua reta final acaba, assim, por lhe conferir um toque mais picante e pesado, movendo-o assim para uma dimensão mais pesada do que aquilo que se poderia esperar....Mas mesmo sem este ímpeto mais sombrio, "The Power of the Dog" não deixaria de ser um filme acima da média, mas seria certamente menos impactante e surpreendente...
Quer pela sua qualidade narrativa, quer pelos seus belos detalhes técnicos, que vão desde a bela fotografia à tímida (mas penetrante) banda sonora, "The Power of The Dog" revela-se uma força cinematográfica a ter em conta...E, assim, não se espanta que, no meio desta grande equação de qualidade, o seu elenco de luxo liderado por Benedict Cumberbatch, Kirsten Dunst ou Jesse Plemons, acabe apenas por ser apenas mais uma das suas peças fundamentais, apesar de todos estarem a um grande nível. É certo que Cumberbatch e Dunst estão noutra escala, mas gostaria de destacar em particular o irreconhecível Kodi Smit-McPhee.....Já foi há alguns anos que brilhou em "Hugo" e, agora, volta à mó de cima com um papel bem mais irreverente e....macabro. 


Classificação - 4 Estrelas em 5


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