Crítica - Drive My Car (2021)

Crítica - Drive My Car (2021)

Realizado por Ryûsuke Hamaguchi

Com Hidetoshi Nishijima, Tôko Miura


Baseado no celebrado conto homónimo de Haruki Murakami, um dos autores japoneses mais celebrados da sua geração, "Drive My Car" foi o filme surpresa da presente época de prémios, nomeadamente dos Óscares, onde conquistou quatro nomeações nas importantes categorias de Melhor Filme, Melhor realizador, Melhor Ator Principal, Melhor Argumento Adaptado e Melhor Filme Estrangeiro. Tal como se percebe não são nomeações em categorias técnicas, mas sim em pilares importantes dos prémios da Academia que mostram o valor desta obra nipónica que, pelo menos, sairá dos Óscares com uma vitória na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

"Drive my Car" segue a história do actor e encenador Yusuke Kafuku que, após a morte da sua mulher e passar por um período menos bom que incluiu também a sua luta contra uma doença que o pode deixar cego, é convidado a encenar "O Tio Vânia" de Tchécov num festival de teatro em Hiroshima. No carro em que se desloca, conduzido pela discreta jovem Misaki, Kafuku confronta-se com o passado e o mistério sobre a sua mulher, Oto, que, como já referido, morreu subitamente levando um segredo com ela.

Já no Festival de Cannes, onde teve a sua estreia mundial, "Drive my Car" foi alvo de fortes elogios e, apesar de ter perdido a Palma de Ouro para o exuberante "Titane", não se pode dizer que esta obra nipónica não tenha deixado a sua marca bem vincada. A imprensa adotou-o de imediato como uma das sensações do ano e, claro, eventualmente também o grande público se rendeu a este drama que, embora de combustão lenta, consegue prender o público a uma trama aguerrida e repleta de deliciosos inuendos dramáticos. 

É claro que parte do mérito reside na excelência da base literária, mas a larga maioria do crédito do sucesso tem de ser atribuido a Ryûsuke Hamaguchi. Já uma das grandes figuras da nova geração do cinema japonês, Hamaguchi teve um grande 2021. E diz-se isto porque brilhou primeiro em Berlim com "Wheel of Fortune and Fantasy", mas foi com esta outra obra da sua autoria que se destacou o ano passado e com a qual acabou por conquistar meio mundo. Quer no cargo de realizador, quer no de guionista, Hamaguchi brilhou e convenceu. A sua visão conduziu-o ao sucesso nesta brilhante iniciativa e, como já se disse, foi o líder do projeto e, assim sendo, o grande responsável por uma das grandes surpresas de 2021. 


Classificação - 4,5 Estrelas em 5

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