Crítica - Operation Hyacinth (2021)

Realizado por Piotr Domalewski

Com Tomasz Ziętek,Hubert Miłkowski,Marek Kalita


Entre 1985 e 1987, a polícia polaca, seguindo orientações do Governo Comunista do país que ainda se encontrava sob o controlo da União Soviética, deu início a uma grande operação secreta que visava seguir, identificar e perseguir membros da comunidade LGBTQ de forma a criar um grande registo nacional de homossexuais que visaria facilitar condenações criminais por conduta imoral. Estima-se que mais de 11.000 cidadãos polacos (na sua grande maioria do sexo masculino) foram apanhados nesta operação e muitos deles viram a sua vida completamente destruída. As reais consequências humanas desta operação nunca chegaram a ser apuradas por nenhum estudo governamental, mas certo é que a Operação Jacinto (nome de código que lhe foi atribuída) permanece ainda hoje como uma das paginas mais negra da relação da Polónia com a Comunidade Gay. 

"Operation Hyacinth", obra polaca da Netflix, transporta-nos até aos primórdios desta Operação, onde um jovem polícia idealista tenta descobrir a verdade por detrás de um crime macabro que chocou a comunidade gay de Varsóvia. Embora comece como thriller criminal, "Operation Hyacinth" transforma-se eventualmente num drama histórico que expõem o peso das consequências emocionais e humanas desta operação imoral no seio de uma comunidade desgastada pela perseguição e pelo preconceito. 

É certo que o grande objectivo final do filme passa por expor o lado negro do abuso policial, do preconceito e das decisões políticas que marcaram a história real. É compreensível esta opção mais histórica e dramática, mas torna-se difícil de compreender como é que não se aplicou mais atenção no desenvolvimento do caso criminal que dá início à história. Embora esta seja explicada, acaba por ser alvo de um desenvolvimento atabalhoado que mina o envolvimento com o espectador. O que parecia ser um caso criminal prometedor acaba assim por ter um desfecho bastante mediano que não ajuda em nada a elevar a segunda parte do filme. Esta perde claramente em comparação com o ritmo da primeira metade, onde somos atraídos para uma trama que junta história e crime. Mas este equilíbrio perde-se completamente no segundo ato da história, onde os dilemas morais do protagonista e o seu romance quase proibido acabam por roubar demasiado espaço aos elementos que talvez tivessem ajudado a tornar este projeto mais memorável.


Classificação - 2,5 Estrelas em 5


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