Está fechada a programação para a 30ª edição do Curtas Vila do Conde. A ter lugar entre os dias 9 e 17 de julho, o festival volta a ser marcado por um programa competitivo que compila descobertas, nomes consagrados e olhares sobre a nova geração de realizadores a saírem das escolas de cinema. Em destaque na Competição Internacional para este ano de 2022 os novos filmes de Radu Jude, Antonin Peretjatko, Hlynur Pálmason, Yann Gonzalez e Tsai Ming-liang. Fora dos programas competitivos, destaque ainda para as estreias nacionais da secção Da Curta à Longa: Fogo Fátuo de João Pedro Rodrigues, O Joelho de Ahed de Nadav Lapid, e Saudade do Futuro de Anna Azevedo Gomes. Os três realizadores estarão em Vila do Conde para apresentarem as sessões e conversarem com o público. Em foco, na secção New Voices, estará ainda a realizadora francesa Céline Devaux, num programa que integra, entre outros, Toda a Gente Gosta de Jeanne, coprodução portuguesa que estreou na última edição do festival de Cannes, rodada em Lisboa.
Nome maior do cinema romeno, Radu Jude é uma presença assídua nos festivais nacionais. Com uma obra que provoca a releitura da história mundial, o realizador (que estará este ano em Vila do Conde) estreia em Portugal The Potemkinists, uma comédia sobre a arte, a memória e a força da resistência. Realizador também recorrente nas competições do festival vilacondense, Tsai Ming-Liang apresenta, em The Night, um hipnotizante retrato sobre o ritmo, a beleza e as mudanças da cidade de Hong Kong. Voz singular entre a sua geração, a filmografia de Yann Gonzalez é marcada pela linguagem visual barroca e poética com que aborda as questões de identidade e sexualidade. Em Hideous acompanhamos a estrela pop Oliver Sim (membro dos The XX) enquanto uma entrevista num talk show se transforma numa viagem surreal de amor, vergonha e massacre. Num olhar diametralmente oposto (e em muitos momentos simbolicamente relacionado com tempo que todos nós passamos, nos últimos dois anos, em casa), o islandês Hlynur Pálmason filma, en Nest, uma história onde três irmãos constroem juntos uma casa na árvore durante um ano. Beleza e brutalidade misturam-se nas imagens das lutas e das alegrias dos irmãos, enquanto, em pano de fundo, as estações mudam. Na sua quarta presença no festival, Antonin Peretjatko regista, em Yellow Saturday, dois anos de Coletes Amarelos vistos pelos olhos de um homem com a mesma idade de Emmanuel Macron.
Numa altura em que o cinema português se tem vindo afirmar (quer em presença, quer em prémios) no circuito de festivais de cinema internacional, a Competição Nacional do Curtas de Vila do Conde fica, inevitavelmente marcada, pela passagem de filmes estreados, entre outros, em Cannes e Berlim. Nota especial, assim, para as estreias nacionais de Aos Dezasseis de Carlos Lobo; Ice Merchants de João Gonzalez; Garrano de David Doutel e Vasco Sá e Skola di Tarafe de Sónia Vaz Borges e Filipa César. Também em estreia nacional, naquela que é a primeira passagem do filme em festivais: See You Later Space Island de Alice dos Reis. Em estreia mundial o Curtas passará O Casaco Rosa de Mónica Santos, O Teu Peso em Ouro de Sandro Aguilar, Pê de Margarida Vila-Nova, Saturno de Luís Costa e André Guiomar; Uma Rapariga Imaterial de André Godinho, As Sacrificadas de Aurélie Oliveira Pernet, Heitor sem Nome de Vasco Saltão; Raticida de João Niza Ribeiro e Segunda Pessoa de Rita Barbosa.
Fora das competições, o Curtas Vila do Conde passará ainda O Homem do Lixo de Laura Gonçalves, Azul de Ágata Pinto, Tornar-se Um Homem na Idade Média de Pedro Neves Marques, By Flávio de Pedro Cabeleira e Catraias de Tânia Dinis.
A Competição Experimental apresentará 19 obras em estreia nacional, entre as quais When There Is No More Music To Write, And Other Roman Stories, de Eric Baudelaire e A Human Certainty, de Morgan Quaintance.
A 30ª edição do Curtas integra também um programa especial desenvolvido para jovens e público familiar (Curtinhas e My Generation), a competição Take One! dedicada a filmes de escola e uma selecção de curtas proposta pela European Film Academy. Adicionado ao programa Stereo, a exibição de Agora e Para Sempre, documentário sobre a história e percurso dos Da Weasel. A destacar ainda Curtas 30 Anos, Exposição Documental, uma viagem pela história e evolução do Curtas, através de um conjunto de folhetos, cartazes, catálogos, livros e outras publicações que marcaram estes últimos 30 anos.
Anunciados estavam já os focos nos realizadores espanhóis Carla Simón (que integrará a antestreia de Alcarràs) e Chema García Ibarra, assim como o programa expositivo e cinematográfico proposto por Marie Losier e David Legrand (em parceria com a Temporada Portugal-França 2022) e os programas de Cinema Revisitado com enfoques na obra de António Campos, François Reichenbach (em parceria com a Fundação de Serralves) e Alain Resnais. O programa completo para a 30ª edição do Curtas de Vila do Conde poderá ser consultado em www.curtas.pt.
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