Revelada a Programação da MONSTRA 2023

Foi apresentada no passado dia 9 de fevereiro, na Sala 2 do Cinema São Jorge, a programação completa da 22.ª edição da MONSTRA. O melhor do cinema de animação chega a Lisboa de 15 a 26 de março, e revela um elenco de filmes, exposições, masterclasses e encontros irrepreensíveis, com muitos convidados especiais. Nesta partilha da arte, através do universo mágico e ilimitado da animação, vão ser exibidos mais de 400 filmes de todos os cantos do globo (perto de 50 países representados), no Cinema São Jorge - o epicentro da MONSTRA -, na Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, Cinemateca Júnior, UCI El Corte Inglés e Cinema City Alvalade. Ao todo, contam-se 8 estreias mundiais, 17 internacionais e 70 nacionais.

O centenário da animação portuguesa vai marcar os 12 dias do festival que continua a distinguir o passado, o presente e o futuro deste cinema, com a maior representação nacional de sempre em competição. Sob o tema deste ano, Animação e Cultura, a MONSTRA evidencia a inquietação assente na história da animação em Portugal, através de estéticas e olhares variados. Há 100 anos, o ilustrador Joaquim Guerreiro assinou o primeiro filme animado que se conhece, “O Pesadelo do António Maria”. Um século depois, “Ice Merchants” (em exibição e em 3 competições na 22.ª MONSTRA), do realizador João Gonzalez, é a primeira produção do país nomeada para um Óscar. A celebração deste valioso centenário, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, vai também levar ao público filmes em estreia mundial e partilhar conversas através da MONSTRA Summit.

A Competição de Longas-metragens apresenta, entre outras, duas obras portuguesas, “Nayola”, de José Miguel Ribeiro, e “Os Demónios do Meu Avô”, de Nuno Beato, e uma coprodução entre França, Itália e Suíça, o filme em stop motion “No Dogs or Italians Allowed”, de Alain Ughetto, que vai estar no festival antes de entrar no circuito das salas de cinema. Na Competição de Curtas-metragens, destacam-se dois nomeados para os Óscares: “Ice Merchants”, do português João Gonzalez, e “The Flying Sailor”, das canadenses Amanda Forbis e Wendy Tilby, dupla que esteve presente na MONSTRA em 2019. “Amok”, de Balázs Turai (Roménia, Hungria), “Bird in the Peninsula”, de Atsushi Wada (Japão), “Letter to a Pig”, de Tal Kantor (Israel, França), ou “Steakhouse”, de Špela Čadež (Eslovénia, Alemanha, França) somam-se a esta categoria.

Há 13 curtas nacionais na corrida pelo Prémio SPA/Vasco Granja, entre elas, “O Casaco Rosa”, de Mónica Santos, “Garrano”, de David Doutel e Vasco Sá, e, novamente, “Ice Merchants”, de João Gonzalez. Pontuam ainda as competições Perspetivas (onde se encontra mais um nomeado para os Óscares de 2023, “My Year of Dicks”, de Sara Gunnarsdóttir), Curtas-metragens de Estudantes, Curtíssimas e MONSTRINHA - o braço do festival dedicado às crianças e famílias, onde concorrem “Fairy Horses”, de Oksana Nesenenko (Ucrânia), “I’m not afraid!”, de Marita Mayer (Alemanha, Noruega), e 3 películas de Julia Ocker (Alemanha): “T-Rex”, “Cat” e “Squirrel”.

Os 480 anos da amizade entre Portugal e o Japão são o mote para a homenagem da MONSTRA à “riqueza, emoção, fantasia e poesia da animação japonesa”, como sublinha o diretor artístico do festival, Fernando Galrito. Esta viagem cinematográfica começa nos mestres do início do século XX, com filmes históricos, e termina nos de hoje, com um naipe do melhor da animação contemporânea nipónica. Realizadores como Atsushi Wada, Osamu Tezuka, Eiichi Yamamoto e Noburô Ôfuji são alguns dos protagonistas deste itinerário que também homenageia a obra da dupla Renzo e Sayoko Kinoshita, e convida Koji Yamamura, uma das presenças confirmadas este ano, através de uma exposição com 50 desenhos originais de 4 dos seus filmes, de uma retrospetiva dedicada aos mestres japoneses, com a sua curadoria, e de uma masterclass, tudo no Museu do Oriente, onde a MONSTRA regressa 15 anos depois. O legado do Studio Ghibli não podia ficar de fora desta edição, com 7 clássicos, entre os quais “Ponyo”, “Porco Rosso”, “The Tale of the Princess Kaguya” e “The Red Turtle” - a primeira coprodução do estúdio de animação com a Europa, em 2016, pelo holandês oscarizado Michaël Dudok de Wit, que visita Lisboa pela primeira vez e leva a cabo uma masterclass acerca do processo criativo deste filme. “Akira”, “Demon Slayer” e “Paprika” são mais anime alinhados, assim como uma amostra da nova geração da animação japonesa, pelas universidades de Tama e Tóquio, e uma conversa sobre a magia deste cinema nipónico, com o historiador japonês Ilan Nguyên e a portuguesa especialista em Hayao Miyazaki, Cátia Peres. Para início do festival está reservada a estreia mundial de um filme criado expressamente para a 22.ª MONSTRA, por jovens japoneses, com música ao vivo, e ainda a exibição exclusiva de “Inu-Oh”, a mais recente obra de Masaaki Yuasa, considerada uma pérola entre os fãs de anime.

Fora da competição, destaque especial para o programa que revela criações vindas de países que partilham a língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal), AnimaCPLP. A sessão Animação Experimental, este ano, com a curadoria de Noël Palazzo, codiretora do festival Punto y Raya (Barcelona), apresenta uma seleção de filmes abstratos e animações produzidas no Japão, entre 2007 e 2021, onde são exploradas diversas técnicas, do desenho à mão ao stop motion.


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