Crítica - 2001- Odisseia no Espaço (1968)


Realizado por Stanley Kubrick
Com Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester, Daniel Richter, Douglas Rain

Qual é o motivo para escrever uma critica de um filme que já conta com 40 anos de existência? Será admiração, ou a constatação de que ame-se ou odeie-se, este filme, acima de tudo consegue ter o estatuto de “obra de arte”. Stanley Kubrick, sempre “sus generis”, coloca a sua impressão digital em cada fotograma que filma! Temos aqui uma obra-prima que primeiro estranha-se e depois entranha-se, uma experiência visual inigualável! Quem ler a critica muito provavelmente já viu o filme, e sabe certamente que os diálogos não são o ponto forte do filme. Este filme anda de mão dada com a subjectividade, e pretende questionar quem o visiona sobre os limites da consciência humana! Essas questões são elevadas através da presença do monólito nas quatro fases do filme (1ª o despoletar da humanidade - 2ª A viagem até à lua – 3ª A caminho de Júpiter – 4ª Júpiter e para além do infinito).
O monólito se quisermos dizer é a figura carismática do filme, é através dela que o homem ganha capacidades para construir a sua primeira arma, e consequentemente ganhar instintos de domínio sobre outros. Através do monólito que a vida tem inicio, e por sinal seu fim. O homem encontra-se no meio desta odisseia cósmica, como marioneta do seu próprio destino. Na terceira fase numa missão a Júpiter somos confrontados com a subjectividade do filme, onde o homem combate a tecnologia que o próprio criou, por esta se tornar auto-consciente e querer corrigir os próprios erros. HAL 9000 é daquelas figuras shakespearianas que na eterna busca de consciência humana não questiona, apenas age instintivamente, tal e qual o homem pré-histórico no início do filme. O filme questiona de forma subtil os meandros da evolução da espécie humana, e no final sugere o ser humano como veículo derradeiro do monólito! E no decorrer da humanidade, a derradeira viagem de um homem apenas termina quando se conhece a si mesmo.
Confuso? Têm aqui 2001- Odisseia no Espaço! O filme não dá respostas, apenas questiona sem sequer questionar. Cabe a cada um de nós decidir a sua resposta, na consciência que detemos qual o propósito do filme. Kubrick construiu uma obra-prima que se mantém actual, e a cada visionamento vislumbra-se sempre um pormenor novo, ou interpretação nova. Adaptado de “The Sentinel” de Arthur C. Clarke, 2001 é um filme com um passado muito contestado, refere-se que na altura houve “guerra” com o autor da obra e argumentista do filme que queria mais diálogo e espectáculo visual. Kubrick sacrificou uma em prol da outra. O resultado está a vista desde 1968. Vejam-no como um Bom Vinho do Porto.

Classificação - 5 Estrelas Em 5

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5 Comentários

  1. Excelente trabalho "Pedrosense". Adorei o teu texto. Bem escrito, cativante. Focas aspectos interessantes do filme. Um clássico sem dúvida e com grande poder narrativo ainda hoje. bem vindo ao portal cinema António, foi com bastante agrado que vi a tua colaboração. :) (Agora sou eu que te dou as boas vindas lol)

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  2. Muito Boa Estreia e mais uma vez Bem Vindo ;)

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  3. Até hoje só vi 5 filmes do Stanley Kubrick (bem sei k ele não é um realizador com uma filmografia extensa). O homem é um génio prefeccionista sem dúvida e apesar de não considerar esta a sua melhor obra (das que vi) porque o "Laranja Mecânica" e o "The Shining" são algo de fabuloso, 2001 não deixa de ser um filme bastante complexo que é o resultado de uma ideia muito bem estruturada. É sem dúvida um filme a ver, mesmo para aqueles que so gostam de flmes actuais, aliás arrico-me a dizer que a complexidade técnica utilizada na realização de 2001 chega a fazer inveja aos filmes de hoje em dia, o que para um filme de 1969 (salvo erro) não está nada mal.

    Já agora boa escolha no filme de estreia ;)

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  4. o filme e de 1968... (Release Date:6 April 1968 (USA)) tambem eu pensava que era de 69 mas n...

    :) brigado peloa vossos comentarios! :)

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  5. Esse filme é muito estranho... Mas hoje, 2017, os computadores já estão " controlando " algumas vidas na Terra...

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