Crítica - Sleuth (2007)

Realizado por Kenneth Branagh
Com Michael Caine, Jude Law

Corria o ano de 1972 quando Joseph L. Mankiewicz juntou mais uma obra-prima à sua prestigiada filmografia. O realizador de clássicos como “Cleópatra” (1963), “All About Eve” (1959) e “Júlio César” (1953) apresentava ao mundo “Sleuth”, um thriller protagonizado pela dupla Laurence Olivier/ Michael Caine e originalmente escrita por Anthony Shaffer. Graças a um excelente e intrigante argumento, uma realização de elevada qualidade e duas representações ao mais alto nível. O filme conquistou quatro nomeações para os Óscares da Academia (Melhor Actor Principal (2), Melhor Realizador, Melhor Música). Infelizmente não conquistou nenhuma das estatuetas, mas só o facto de estar nomeado já foi por si só uma grande vitória. Em 2007, Kenneth Branagh apresentou ao mundo o remake dessa celebre obra. Laurence Olivier e Michael Caine foram respetivamente substituídos por Michael Caine (desta vez na pele da personagem mais experiente) e Jude Law, a realização e os restantes aspectos técnicos foram adaptados às tecnologias recentes e o argumento sofreu algumas alterações na sua estrutura. Sendo assim, esta “nova” versão de “Sleuth” apresenta-nos Milo Tindle (Jude Law), um jovem actor desempregado que se dirige à mansão de campo do bem sucedido escritor de romances policiais Andrew Wyke (Michael Caine) para lhe confessar que tem mantido um romance com a sua mulher. Andrew afirma aguardar há muito por aquele momento (que considera ideal para cometer o crime perfeito) e propõe a Milo que este roube as jóias do cofre da sua mansão, ficando o dinheiro do seguro para Andrew e as jóias e a sua mulher para Milo. Este acede ao desafio, mas cedo percebe que aquilo que parecia um simples e inconsequente jogo elaborado por um escritor obcecado por romances policiais pode, afinal, ter consequências trágicas e inicia-se uma batalha de génios entre os dois onde nada é o que parece.
Comparar o remake com a obra original é sempre algo injusto de se fazer já que o original, na maioria dos casos, acaba sempre por superar a qualidade do remake. Ora comparar a obra de 2007 com a de 1972 é uma tarefa não só injusta como também ridícula, já que a diferença entre os dois é abismal. Pessoalmente, esperava muito mais do realizador que nos trouxe obras como ” Mary Shelley's Frankenstein”. O seu trabalho em “Sleuth” acaba por ser bastante desleixado, não apresentando o pormenor e a dedicação de obras anteriores. Cria uma atmosfera bastante excêntrica e irrisória que se afasta bastante da ideia original do filme original. Se na obra de 72 o argumento era uma das peças chave pela positiva, o de 2007 acaba por ser exactamente o oposto. O primeiro oferece uma história intrigante, credível e bem construída, o segundo, fruto de alterações e cortes infelizes, acaba por nos dar uma história lenta e sem interesse. O elenco até apresenta uma qualidade muito razoável. Apesar de não conseguir fazer esquecer a dupla original, Michael Caine e Jude Law oferecem-nos um trabalho completo e bastante profissional. Ver Caine no grande ecrã é sempre um prazer, raramente defrauda as nossas expectativas, oferecendo sempre o melhor trabalho possível. Jude Law acaba por confirmar que é sem dúvida um actor talentoso e com um grande futuro à sua espera. Esta versão de “Sleuth” acaba por ser uma má homenagem ao filme original e ao seu criador. Não esperava uma obra perfeita mas também não esperava o oposto. A única coisa que fica de positivo desta obra é a intenção de recordar o clássico de Joseph L. Mankiewicz.

Classificação - 2 Estrelas Em 5

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4 Comentários

  1. Acho que a tendencia de criar maus "remakes" está a pegar em hollywood. É um facto triste mas com que temos que lidar, penso que a melhor solução é não ir ve-los, tão simples quanto isso.

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  2. alguem se lembra daquele outro filme com Michael Caine e Christopher Reeve. Se parece muito com este...

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  3. ...era "Death Trap" (1982), direção Sidney Lumet, com Caine e Reeve.

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  4. Isso sem contar e má alteração "roteiristica" que eles fazem ao colocar Andrew (SLEUTH, 2007)como homossexual e isso ser sinônimo, no filme, de humilhação. Lamentável adaptação. Não precisava existir.

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