Crítica - The Happening (2008)


Realizado por M. Night Shyamalan
Com Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, John Leguizamo, Betty Buckley

Este misterioso “The Happening” é o novo trabalho do realizador M. Night Shyamalan, o criador de obras intrigantes e criativas como “The Sixth Sense” ou “Signs”. No entanto, os últimos dois filmes deste realizador, “The Village” e “Lady in The Water”, fracassaram nas bilheteiras e, na opinião geral da crítica e dos fãs do realizador, apresentaram uma qualidade substancialmente inferior no argumento e na criação de suspense, um elemento chave na identidade de Shyamalan. Agora surge-nos “The Happening”, um filme do mesmo género que as restantes obras do realizador, que prometia voltar a elevar a fasquia de qualidade, no entanto, tal não acontece. O filme apresenta um entretenimento de pouca qualidade com pouca transcendência. O suspense vai diminuindo à medida que o filme se desenvolve, dando lugar à previsibilidade e os actores principais também não beneficiam em nada a obra, aparecendo muito limitados e apagados.
A premissa de “The Happening” é nitidamente apocalíptica, algo que se traduziu na perfeição nos seus espectaculares trailers que foram sendo lançados online e nos quais é notória a capacidade que Shyamalan tem em criar uma sensação de intriga, suspense e até medo no espectador, contudo essa sensação acompanha apenas os trailers e os momentos iniciais do filme, perdendo-se de forma incompreensível à medida que o enredo se desenvolve. O filme acompanha os momentos de pânico e ânsia que sucedem o aparecimento de uma neurotoxina na cidade de Nova York e que leva os seus habitantes a suicidarem-se em massa. A misteriosa toxina propaga-se por outras grandes cidades da costa este norte-americana, fazendo inúmeras vítimas. Inicialmente pensa-se que se trata de um ataque terrorista mas rapidamente essa ideia perde consistência, dando lugar a um cenário mais aterrador. O filme centra-se principalmente em quatro personagens: o professor Elliot (Mark Wahlberg), a sua mulher Alma (Zooey Deschanel), o seu melhor amigo Julian (John Leguizamo) e a filha deste, Jess (Ashlyn Sanchez). Os quatro conseguem fugir a tempo num comboio que parou na cidade de Filadélfia, antes da epidemia atingir a metrópole, e refugiam-se numa zona rural à espera que a epidemia passe e não os afecte.
O argumento é o elemento chave para Shyamalan. É dele que depende o sucesso ou fracasso dos seus filmes. Ao contrário de “The Village” ou “Lady in the Water”, o argumento de “The Happening” apresentava grandes potencialidades, derivando de uma ideia original e interessante que certamente poderia originar um filme com o mesmo nível de “The Sixth Sense”. Contudo, não lhe foi dado a tal mística tão característica das obras do realizador. É certo que no inicio o suspense e a intriga são bem trabalhados, mas rapidamente esfumam-se dando lugar a um desenvolvimento previsível com diálogos de fraca qualidade recheados de clichés e até de algumas explicações pouco convincentes. A construção das personagens principais apresenta muitas deficiências, algo que surpreende visto que até as obras menos conseguidas de Shyamalan cumpriam razoavelmente neste aspecto. A personagem principal interpretada por Wahlberg não é capaz de induzir drama e intensidade à obra, o que por sua vez afecta a construção e desempenho das restantes personagens principais que lhe aparecem fortemente ligadas. Não nos conseguimos ligar a nenhuma das personagens, não nos conseguimos preocupar com elas por muito desespero que enfrentem e se não nos preocupamos não vibramos intensamente com os acontecimentos retratados, entramos portanto num estado de apatia emocional que nos faz ver o filme como uma obra sem espírito e emoção, algo de indiferente que não entretêm nem distrai. O elenco também não ajuda a este cenário, já que tem um trabalho medíocre que não convence e que não ajuda a levantar a qualidade do filme.
Shyamalan é um cineasta que compreende muito bem as técnicas utilizadas pelo Mestre Hitchcock, técnicas essas que lhe serviram de inspiração para criar técnicas próprias mais inovadoras e criativas que utilizou em todos os seus filmes, logo não é de estranhar que o ambiente do filme resulte de uma espécie de mistura mediana entre “The Birds” e “Signs”. Esta complexa mistura tinha tudo para resultar na perfeição, no entanto, fracassou devido ao ridículo e exagero de algumas partes do guião. Mais uma falha incompreensível de um realizador que no passado se mostrou tão atento e preocupado com sensação de credibilidade que a história deveria ter perante o público. Se tivesse resultado na perfeição, não duvido que “The Happening” seria um dos melhores filmes de 2008, mas infelizmente esta obra aparece muito longe da perfeição e completamente distante da qualidade das obras anteriores do cineasta. Pouco intrigante, demasiado artificial e pouco credível, "The Happening" não consegue transmitir o medo/ânsia esperada ao espectador. A mensagem ambientalista, apesar de ser muito menos credível do que a de filmes como “The Day After Tomorrow”, não deixa de ser interessante, mas infelizmente é preciso muito mais que uma boa ideia original para fazer um bom filme.

Classificação - 2 Estrelas Em 5

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6 Comentários

  1. De uma coisa podes ter a certeza meio mundo concorda contigo...
    Posso dizer que ja esperava que o filme fosse um fracasso, para mim Shyamalan nao e um bom realizador, os filmes sempre comecam bem e acabam muito mal! E pena pois originalidade e com ele, mas como realizador... enfim!!

    Um bom filme para ver e que surpreende qualquer um e o El Orfanato, para mim que adoro terror e o meu filme de 2008! Esta 5 estrelas sem nada a dizer contra e alem disso o final e so assim FASCINANTE!

    Fica bem!
    Vanessa Kirnicki

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  2. Quando saí do cinema tive uma sensação bem estranha pois não conseguia classificar o filme (não podemos dizer que o filme é péssimo nem ótimo).
    Acho que o comentário feito foi perfeito. O filme tem uma idéia excelente, o ambiente foi bem trabalhado, mas de nada isso vale se a estória não não é, nemde longe, consistente.

    Lamento muito mesmo pois poderia ser um filme excelente.

    César M Loureiro

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  3. Os pontos mais interessantes do filme são, a meu ver, a tal mensagem ambientalista de que falas na crítica e o facto da narrativa ser aberta, tentando criar no espectador o medo do que o rodeia como acontece com o terrorismo. O facto das personagens serem apagadas realça o fenómeno em si, no entanto também impede que as emoções passem, por isso concordo que o filme não atinge os seus objectivos. Não deixa contudo de ser uma ideia interessante a da natureza terrorista.

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  4. Na minha opinião e, com pena minha,é o filme mais fraco deste realizador, um filme que até tem um argumento que poderia ser mais bem desenvolvido, e acho que houve um erro de casting. O filme tem um excelente inicio o qual n é acompanhado ao mesmo nível à medida que vai avançando.
    A filmagem é bem feita mas para compreender o que falta neste filme temos de ver os pássaros de hitchcock, que tem uma história mais bem concebida.
    No entanto há que louvar este realizador mal amado na américa que arrisca sempre em qualquer coisa que o permita diferenciar do cinema habitual.
    Por isso dava 2.5 em 5
    slrem

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  5. eu vi este filme há uns mesitos atrás e curiosamente não considero a mensagem ambiental o principal tema deste filme. Penso que o realizador (com origens indianas) tenta demonstrar que nem tudo na vida tem explicação. Que grande parte das coisas que acontecem nem sempre precisam de ter explicação e que é mais importante por vezes viver do que constantemente a procurar explicações.

    É uma mensagem polémica.

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  6. La verdad no me encantó esta película. He visto varias sobre el fin del mundo y siento que ésta carece de elementos que hagan que la película te atrape o interese.

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