Luchino Visconti di Morone, filho do Duque de Modrone, nasceu em Milão a 2 de Novembro de 1906 e faleceu em Roma a 17 de Março de 1976. Nascido no seio de uma abastada família aristocrática, teve a oportunidade de, desde cedo, privar com os mais importantes artistas e intelectuais italianos da época. Depois de cumprir o serviço militar, Visconti dedica oito anos da sua vida a criar cavalos de corrida. No entanto o seu interesse pelas artes leva-o, numa das suas viagens, até Paris onde se torna amigo de Coco Chanel, Kurt Weill, Jean Cocteau e Jean Renoir de quem é assistente no filme Une partie de Campagne. Esta convivência aproxima-o simultaneamente do mundo do cinema e do ideário comunista que acaba por abraçar.
De regresso a Itália, depois de uma passagem por Hollywood em 1937, Visconti junta-se ao círculo da revista Cinema onde se estreia em 1941 com o célebre artigo “Cadaveri”, colaborando então em diversos filmes, até que se estreia com a sua primeira longa-metragem Ossessione (1943), um dos primeiros exemplos do emergente neo-realismo italiano. Durante este período, intensifica também a sua intervenção política, participando activamente na resistência comunista, ao ponto de permitir mesmo que o seu palácio fosse utilizado como centro de comandos secreto do partido comunista, o que o leva a ser preso e torturado pela Gestapo em 1944. No ano seguinte, filma Giorni di gloria, um documentário sobre a execução de Pietro Caruso, o chefe da polícia política italiana.
Passam apenas dois anos até receber um convite do partido comunista italiano para produzir uma triologia sobre as condições de vida dos pescadores; mineiros e camponeses sicilianos da qual seria apenas realizado, com pouquíssimos meios técnicos, o primeiro filme, La terra trema (1947). Nos anos subsequentes dedica-se ao teatro com peças como Um eléctrico chamado desejo ou Morte de um caixeiro-viajante, à ópera onde dirigiu Callas com tanto sucesso como teve no cinema, e roda Bellissima com a fabulosa Anna Magnani no papel de uma mãe que envolve a sua filha pequena no complicado meio cinematográfico. Visconti, tal como o seu pai, era um assumido bissexual, aspecto que transportou para os seus filmes através da selecção de actores extraordinariamente atraentes e abordando, por mais de uma vez, o erotismo homossexual.
Fumador inveterado, em 1973, Visconti, em plenas filmagens de Ludwig, é vitimado por um ataque cardíaco que o prende a uma cadeira de rodas até ao final da sua vida, em 1976. Ainda assim, consegue dirigir neste período mais dois filmes, Gruppo di famiglia in un interno (1974) e o derradeiro L’innocente (1976). Visconti foi acusado entre outros, por Dali, de viver de forma opulenta, muito contrária aos seus ideais comunistas. Indiferente às críticas, este aristocrata italiano foi um eclético e profícuo criador e um grande nome da História do Cinema.
Filmografia
Ossessione (1943)
Giorni di gloria (1945)
La terra trema: episodio del maré (1948)
Appunti su un fatto di cronaca (1951)
Bellissima (1951)
Siamo donne (1953)
Senso (1954)
Le notti bianche (1957)
Rocco e suoi fratelli (1960)
Boccaccio ’70 (1962)
Il Gattopardo (1963)
Vaghe stelle dell’Orsa (1965)
Le Streghe (1967)
Lo Straniero (1967)
La Caduta Degli Dei (1969)
Alla Ricerca di Tradzio (1970)
Morte a Venezia (1971)
Ludwig (1972)
Gruppo di famiglia in un interno (1974)
L’Inoccenti (1976)
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