Realizado por Terrence Malick
Com Colin Farrel, Q'Orianka Kilcher, Christian Bale, Christopher Plummer, August Schellenberg
Terrence Malick apresenta-nos o Capitão Smith como um homem agressivo, pensativo, observador, fascinado por aquele mundo onde abunda natureza, ar puro, tranquilidade e um sossego invejável. Smith parece ser um homem cheio de incertezas e em busca da sua própria definição como homem. Esta aventura vai defini-lo como ser humano, vai ajudá-lo a conhecer melhor as suas limitações, ambições e desejos. Fascinado por aquele “novo mundo”, Smith anseia construir uma civilização onde ninguém é pobre, onde não haja diferenças sociais, ganância, mentira e onde todos sejam iguais. Por isso, quando Pocahontas o salva e ele se depara com a vida dos índios, percebemos que Smith era capaz de abdicar das suas ambições em criar novas colónias e descobrir novas terras, em prol de uma vida sã, feliz, fiel, ao lado de Pocahontas, por quem se apaixona, naquele mundo sereno. Mas Smith é também, e acima de tudo, um homem confuso e céptico quanto à dádiva que parece ter recebido, o amor; o amor naquele mundo perfeito; o amor no paraíso. Pocahontas é inteligente embora ingénua, pura, intrigada pelos visitantes. Apaixona-se por Smith e este amor é transposto para o ecrã como uma veneração de Pocahontas por Smith. Ela ensina-o a contemplar a natureza, a paz daquele mundo, aprende com ele a falar inglês e faz de tudo para que esse amor tenha sucesso, para que Smith se adopte aquela vida ou que a leve com ele para o seu mundo. Percebemos que Pocahontas está disposta a abandonar o seu povo devido ao seu amor por Smith.
Mas Smith não está disposto a renunciar a uma vida próspera e a um futuro risonho que ele anseia no mundo dos descobrimentos, em prol de um amor que nem ele está consciente de que exista. Percebemos no fim do filme que Smith ainda a amava, sempre a amou e só aí ganhou consciência de tal facto, bem como Pocahontas há muito percebera que Smith abdicara do seu amor pela carreira, quando lhe pergunta: “Encontras-te a tua Índia John? Deves encontrá-la.”, como que a reprová-lo pela sua escolha, mas a incentivá-lo a que não desista, pois embora ainda o ame, ela encontrou alguém que a ama incondicionalmente, que a ensinou a amá-lo e que a faz feliz. Terrence Malick traz-nos uma história de amor tão intensa e infeliz só superada pelo trágico Romeu e Julieta. “The New World” é uma obra-prima toda ela recheada de simplicidade. A banda sonora está constantemente em concordância com o filme, quando nos momentos mais belos e poéticos da obra em que a natureza e o crescimento do amor das duas personagens centrais do filme se misturam com temas musicais de Mozart e de Wagner. É um filme lindo, poético, filosófico e romântico. É, na minha opinião, uma das melhores obras cinematográficas deste novo século.
Classificação -5 Estrelas Em 5
6 Comentários
É um filme do Mallick, logo a seguir àquele que é só o meu filme preferido, e que conseguiu não me desiludir. Isto diz muito.
ResponderEliminarDe resto concordo substancialmente com a tua crítica. Tomara que em 2009 os nomeados lhe chegassem aos calcanhares. Ainda me falta ver mais uns, mas acho que não haverá um só que se lhe equipare.
Estas a falar dos óscares deste ano? É que se estás a falar disso, podes ter a certeza que não há nenhum que lhe chegue aos calcanhares. Nem a este, nem a nenhum do Malick. O único que podia discutir algo com este filme,não está nomeado, que é o The Wrestler do Aronofsky. Mas eu também não dou muita credibilidade aos óscares, pelo contrário, se não estiver nomeado é sinal de que não é um filme comercial e americanizado, por isso...
ResponderEliminarGrande realizador! Os poucos filmes que fez sairam todos geniais! Pena os óscares só terem dado valor ao The Thin Red Line com 7 nomeações, mas mesmo assim prémios foi para esquecer. Estou ansioso que saia o The Tree Of Life com o Brad Pitt e o Sean Penn
ResponderEliminarEu também estou ansioso para que saia o The Tree of Life, mas estou convicto que Malick não vai desiludir e nos vai trazer mais uma obra-prima.
ResponderEliminarPartilho da mesma opinião. É uma das melhores obras cinematográficas deste novo século. Subtilmente perfeito.
ResponderEliminarCumps.
Roberto F. A. Simões
CINEROAD
Adorei o filme e só gostaria de acrescentar o seguinte: 1) achei muito interessante que tenham sido os ingleses a integrar a Pocahontas na sua sociedade e não o povo índio a realmente aceitar Smith na sua comunidade ("Ele não é um de nós"). Sim, a Pocahontas foi de visita ao reino quase como uma ave exótica em exposição mas eus enti que foi mais profundo que isso e os habitantes de Jamestown sentiram realmente a sua ausência. 2) Smith diz-nos nos seus pensamentos que as palavras "perdão" e "traiçã"o não existiam no vocabulário índio, mas a história mostra-nos que ele está enganado e nem a princesa, a filha predilecta foi perdoada pelo próprio pai. No fundo acho que Malick retrata os dois lados de forma imparcial, mostrando-nos o bom e o de mau de cada um. Mais uma vez: adorei.
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