Crítica - Revolutionary Road (2008)

Realizado por Sam Mendes
Com Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Michael Shannon

Can two people break away from the ordinary without breaking apart? Em torno desta premissa nasce todo o enredo da película. Correm os anos 50 nos subúrbios de Connecticut. Frank e April conhecem-se numa festa e apaixonam-se à primeira vista. Aproxima-os uma visão comum da vida como oportunidade para desafiar as premissas pré-estabelecidas de uma sociedade em que a estabilidade e as aparências prevalecem, em detrimento da afirmação da individualidade e da felicidade de perseguir a verdade interior. No entanto, com o avançar da vida a dois, acabam por cair no mesmo marasmo que os rodeia, acomodando-se nessa falsa segurança de serem especiais, quando, de facto, já eram apenas mais um casal. Ela uma doméstica tratando dos 2 filhos do casal e ainda recuperando da frustração de falhar uma carreira como actriz. Ele enterrado num aborrecido mas relativamente bem pago emprego num escritório. Chegam as dúvidas, os desvios no caminho traçado a dois, a consciência da impotência perante a força dos ditâmes do convencionalmente estabelecido como normal e aceitável. Até que April cria um plano para uma mudança radical que lhes permitiria tomarem de volta as rédeas das suas vidas.

"If being crazy is living life as if it mattered, I don´t care if we´re insane"

Mas a paixão, os sonhos, a felicidade imaginada e desejada chocam brutalmente com a realidade. O vazio interior soma-se à angústia criada com este choque. Para além das brilhantes interpretações, quer dos protagonistas, quer de todos os actores secundários, com destaque para Winslet que enche o ecrã com o melhor papel da sua carreira e para um desconcertante Michael Shannon (que mereceu a nomeação para o Óscar de Melhor Actor Secundário), Sam Mendes (servindo-se do romance homónimo de Robert Yates) pinta um fresco profundo e introspectivo da sociedade americana do pós-2ª Guerra Mundial que, embora aparentemente foque problemas temporalmente localizados, como a ausência de emancipação da mulher na sociedade e no casamento, deixa inevitavelmente a um olhar mais atento um frio no estômago, pela percepção de que, em mais de meio século, pouco mudou. Uma das melhores obras cinematográficas do ano.

Classificação - 5 Estrelas Em 5

Escrito e Enviado por Devil Advocate

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3 Comentários

  1. Este foi o filme que mais me tocou nos últimos tempos. Concordo que Kate Winslet esteve genial nesta interpretação e por ela devia ter recebido um Óscar mais do que pela Hanna do The Reader.

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  2. Nem mais...
    Para além de que, bem vistas as coisas e se fôssemos rigorosos, ela acaba por não ser sequer personagem principal em "The Reader".
    Mas ainda bem promoveram assim a sua interpretação porque caso contrário seria criminoso deixar passar uma colheita 2008 tão brilhante sem recompensar o seu talento.

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  3. ah.
    eu adorei o filme.
    ficaria muito bem como uma perça de teatro. e concvonrdo kate foi brilhante.
    todos foram. apesar de certos exageros.
    o filme questina as coisas que eu tb penso. e por isso me identifiquei com os personagens.
    "eu nãopsei qual é a vida que quero viver. mas sei que não é essa"
    é bem por aí.

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