
Com Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Michael Shannon
Can two people break away from the ordinary without breaking apart? Em torno desta premissa nasce todo o enredo da película. Correm os anos 50 nos subúrbios de Connecticut. Frank e April conhecem-se numa festa e apaixonam-se à primeira vista. Aproxima-os uma visão comum da vida como oportunidade para desafiar as premissas pré-estabelecidas de uma sociedade em que a estabilidade e as aparências prevalecem, em detrimento da afirmação da individualidade e da felicidade de perseguir a verdade interior. No entanto, com o avançar da vida a dois, acabam por cair no mesmo marasmo que os rodeia, acomodando-se nessa falsa segurança de serem especiais, quando, de facto, já eram apenas mais um casal. Ela uma doméstica tratando dos 2 filhos do casal e ainda recuperando da frustração de falhar uma carreira como actriz. Ele enterrado num aborrecido mas relativamente bem pago emprego num escritório. Chegam as dúvidas, os desvios no caminho traçado a dois, a consciência da impotência perante a força dos ditâmes do convencionalmente estabelecido como normal e aceitável. Até que April cria um plano para uma mudança radical que lhes permitiria tomarem de volta as rédeas das suas vidas.

Mas a paixão, os sonhos, a felicidade imaginada e desejada chocam brutalmente com a realidade. O vazio interior soma-se à angústia criada com este choque. Para além das brilhantes interpretações, quer dos protagonistas, quer de todos os actores secundários, com destaque para Winslet que enche o ecrã com o melhor papel da sua carreira e para um desconcertante Michael Shannon (que mereceu a nomeação para o Óscar de Melhor Actor Secundário), Sam Mendes (servindo-se do romance homónimo de Robert Yates) pinta um fresco profundo e introspectivo da sociedade americana do pós-2ª Guerra Mundial que, embora aparentemente foque problemas temporalmente localizados, como a ausência de emancipação da mulher na sociedade e no casamento, deixa inevitavelmente a um olhar mais atento um frio no estômago, pela percepção de que, em mais de meio século, pouco mudou. Uma das melhores obras cinematográficas do ano.
Classificação - 5 Estrelas Em 5
Escrito e Enviado por Devil Advocate
3 Comentários
Este foi o filme que mais me tocou nos últimos tempos. Concordo que Kate Winslet esteve genial nesta interpretação e por ela devia ter recebido um Óscar mais do que pela Hanna do The Reader.
ResponderEliminarNem mais...
ResponderEliminarPara além de que, bem vistas as coisas e se fôssemos rigorosos, ela acaba por não ser sequer personagem principal em "The Reader".
Mas ainda bem promoveram assim a sua interpretação porque caso contrário seria criminoso deixar passar uma colheita 2008 tão brilhante sem recompensar o seu talento.
ah.
ResponderEliminareu adorei o filme.
ficaria muito bem como uma perça de teatro. e concvonrdo kate foi brilhante.
todos foram. apesar de certos exageros.
o filme questina as coisas que eu tb penso. e por isso me identifiquei com os personagens.
"eu nãopsei qual é a vida que quero viver. mas sei que não é essa"
é bem por aí.