Crítica - Religulous (2008)


Realizado por Larry Charles
Com Bill Maher

A Religião pode ser superficialmente definida como um conjunto de crenças no Divino e no Transcendental. Durante séculos, as várias crenças no sobrenatural desempenharam um papel fundamental em várias sociedades culturais e, ainda hoje, mantêm, em certos lugares do globo, a mesma influência e poder do passado. A ciência já abalou por diversas vezes os pilares doutrinais das principais religiões mundiais, mas a crença continua a ser mais forte e a prová-lo estão os recentes estudos que afirmam que 85% da população mundial acredita em algum tipo de crença religiosa. O comediante Bill Maher partiu numa jornada cultural em busca de respostas para este fenómeno e o resultado dessa aventura religiosa é agora apresentado em “Religulous”, um documentário satírico sobre as principais religiões mundiais.
Durante aproximadamente duas horas, somos mergulhados num mundo de crenças completamente distintas que são defendidas por pessoas claramente radicais, que não representam fielmente os valores e doutrinas de determinada crença. A maior parte das entrevistas efectuadas por Bill Maher não têm qualquer valor cultural ou justificativo, porque têm como protagonistas sujeitos extremistas que distorcem, muitas das vezes, a verdadeira essência da crença que praticam. Desta forma, “Religulous” nunca poderá ser entendido como um retrato sério da influência da Religião na sociedade, mas sim como um exercício cómico e satíricos das posições mais extremistas das diversas crenças mundiais, que são exteriorizadas por verdadeiros fanáticos que expõem o lado mais ridículo da crença.
As duas principais crenças mundiais (Cristianismo e Islamismo) são retratadas com alguma leveza e superficialidade. Bill Maher focou-se apenas no lado mais ridículo e impensável das suas visões e, por isso, acredito piamente que um espectador moderadamente religioso não se sentirá minimamente ofendido com esta obra. No entanto, nem todas as crenças foram alvo de uma abordagem tão superficial. A Cientologia foi retratada tal e qual como ela é, um culto sem bases concretas que não é reconhecido por nenhum Estado como crença significativa. Bill Maher explicita, através de muita ironia e sátira, as inacreditáveis origens deste culto e a forma como os seus líderes atraem novos seguidores. Uma visão impressionantemente ridícula que nos leva a questionar o bom senso dos seus membros. Neste caso, acredito profundamente que os cientologistas terão razões para protestar contra a obra, mas também é verdade que antes de Maher já muitos programas e documentários tinham atacado veemente este culto em expansão.
Em suma, “Religulous” leva-nos numa viagem transcendental pelas doutrinas mais extravagantes das várias crenças religiosas mundiais. O seu conteúdo condiz na perfeição com a origem do seu nome (Religião + Ridículo), porque aborda com muito humor as facetas mais ridículas da Religião. Na minha opinião, estamos perante uma obra bastante cómica que vale claramente pelas suas hilariantes entrevistas que iluminam o lado mais inacreditável do ideologismo religioso. No entanto, esta obra só pode ser vista como uma comédia/sátira e, em nenhum momento, pode ser tida como um exercício objectivo e profundo das crenças religiosas que pautam o nosso dia-a-dia.

Classificação - 3 Estrelas Em 5

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4 Comentários

  1. Achei este filme um pouco pretensioso. E as pessoas que ele supostamente entrevistou não têm grande peso para a tese que ele apresenta.

    Abraço.

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  2. Concordo com o Sr. Fernando Ribeiro.
    Relembro-lhe também que uma pessoa culta e minimamente inteligente não deixa encarregue á sua religião a resolução dos problemas de sua vida.
    Quero com isto dizer que logicamente que as pessoas que ele entrevistou eram pessoas tal como disse sem grande peso, mas o poder está nas massas, tendo um, dois ou três dedos de testa, a grande questão deste filme/documentário é o porque de termos de exercer a nossa religião de uma forma parametrizada. O local onde se exercer a fé e a hombridade não necessita obrigatoriamente de ser na igreja. o Sr. Maher toca numa ferida aberta, quando se trata de falar abertamente de religião e crenças.
    Penso que está muito bem conseguido, é um documentário que "passa a correr" porque consegue realmente ser cómico.

    4 Estrelas em 5 - Gostei

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  3. Eu assisti o documentário, só que eu achei que o mesmo não cumpre o que promete. Sei que é um documentário de humor, com o objetivo de mostrar o quanto as ideologias das religiões são inconsistentes e às vezes (geralmente muitas vezes) ridículas.

    Entretanto, o documentário inicia e encerra com Bill dizendo que a dúvida é um grande benefício, em se tratando de crenças, e acho que esta é a mensagem que tentam passar com o documentário. Portanto, já que a dúvida é um benefício, porque no filme não fizeram das "entrevistas", debates sobre os temas religiosos tratados, para mostrar que os argumentos dos religiosos é inconsistente? Tais entrevistas tem por intenção somente ridicularizar os entrevistados (o que gera, ao invés de humor em determinadas cenas, a vergonha alheia pela superficialidade das entrevistas), não analisar os temas propostos.

    Não vou dizer não ri em vários momentos do filme, mas tenho que dizer que a edição do mesmo chega a ser vulgar em vários momentos. Se a proposta era fazer um filme única e exlusivamente engraçado, em vários momentos ele consegue, mas se a intenção era fazer uma análise do quanto os argumentos religiosos são preconceituosos e muitas vezes monstruosos, isso, na minha opinião, ele não consegue nem de longe.

    Sou agnóstico, cético, não acredito em religião alguma e acredito que a religião como um todo em geral é um enorme mal para a humanidade, entretanto já vi filmes e documentários que fazem críticas muito mais inteligentes à religião do que este documentário.

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  4. Guilherme
    "...já vi filmes e documentários que fazem críticas muito mais inteligentes à religião do que este documentário".
    COMO POR EXEMPLO???

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