Crítica - Eden Lake (2008)

Realizado por James Watkins
Com Kelly Reilly, Michael Fassbender e Jack O’Connell

Não será completamente descabido da minha parte admitir que muitos dos jovens da nova geração são cada vez mais atraídos pelas malhas do vandalismo e da rebeldia delinquente. Os role-models destes jovens são muitas vezes indivíduos que se recusam a cumprir as regras de um estabelecimento ou sociedade. Podemos partir do exemplo mais óbvio para comprovar esta realidade: a escola. Nas escolas existe uma espécie de pressão sobre os jovens no sentido de se integrarem o mais rápido possível no grupo dos “famosos”, “populares” ou “fixes”, grupo este normalmente constituído pelos desobedientes e desordeiros. Os jovens que não optarem por seguir esse grupo e decidirem dedicar-se aos estudos são designados de “marrões”, “betinhos” ou “meninos da mamã”. Este fenómeno é bem real e constatável em séries como os “Morangos com Açúcar” ou a “Rebelde Way”, séries de culto para a maioria dos jovens da sociedade actual.
Ora juntando este fenómeno com a cada vez mais irresponsável e ineficaz educação dada pelos pais, vemo-nos perante o nascimento de uma bomba perigosa que já explode em muitas escolas e estabelecimentos de educação. Já manifestei aqui a minha preocupação pelo rumo que a sociedade está a tomar. Os pais dão cada vez mais liberdade aos seus filhos, não sendo capazes de os controlar, e estes optam cada vez mais por uma via de desrespeito e ignorância onde pensam que podem fazer tudo o que lhes apetece sem qualquer consequência ou responsabilidade.
“Eden Lake” é um filme saído da mente de James Watkins que reflecte precisamente sobre estas questões. A forma como os adolescentes se estão a tornar cada vez mais irascíveis, incontroláveis e simplesmente perigosos, de uma maneira que até os adultos começam a ter medo deles. Foi este novo receio manifestado pela sociedade que levou Watkins a contar esta brutal e aparentemente inacreditável história, mas que infelizmente é muito pertinente e pode ser bem real.


“Eden Lake” conta-nos a história de um casal de namorados – Jenny (Reilly) e Steve (Fassbender) – que decide ir passar um fim-de-semana pacato a uma região remota do Reino Unido onde se encontra uma grande e bela lagoa. De início tudo parece apontar para um fim-de-semana tranquilo e comum. Mas essa realidade altera-se drasticamente quando o casal dá de caras com um grupo de adolescentes que não conhece nada senão o desrespeito, e rapidamente o fim-de-semana transforma-se numa corrida infernal pela sobrevivência.
“Eden Lake” é um filme extremamente realista, muito bem escrito e realizado por Watkins (um nome a memorizar para o futuro). As interpretações dos actores (mesmo dos jovens) são bastante credíveis e a forma brutal e incansável como a câmara capta tudo aquilo que deve captar – desde o desabrochar da maldade e da consciência nos jovens até à modificação profunda dos sentimentos de Jenny em relação às crianças – é simplesmente brilhante. Acima de tudo “Eden Lake” é um thriller psicológico bastante intenso e provocatório; Watkins apresenta-nos um filme que não se esconde da polémica e tenta sempre provocar um debate e iluminar a mente dos espectadores no sentido de uma reflexão severa.
Esta obra leva-nos aos pontos fracos e mais negros da nossa sociedade, chamando a nossa atenção para os perigos de uma educação descuidada e incompetente de pais ignorantes e que simplesmente nunca deveriam ter sido pais na vida (pois através da sua incompetência acabam por dar nascimento a autênticos monstros que ameaçam o funcionamento da sociedade). Para além disso, “Eden Lake” é um testamento aos perigos da liberdade sem limites e do proteccionismo exagerado manifestado pelos adultos em relação aos jovens, que acham que a culpa nunca é das “criancinhas inocentes” e assim sendo, nunca se pode tocar nos meninos dando-lhes ainda mais liberdade para fazer asneiras.
Hoje em dia, notícias de jovens (e pais) que atacam as professoras nas salas de aula e que manifestam atitudes e comportamentos cada vez mais agressivos e desajustados invadem as televisões de uma forma constante. Será coincidência? Não me parece, e é bom ver que existem pessoas que pensam como eu e são capazes de fazer filmes provocadores que nos chamam a atenção para estes fenómenos. “Eden Lake” é então um belo filme de terror intenso e mordaz. Um filme para reflectir. Reflectir seriamente.

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

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13 Comentários

  1. Eu a pensar que era um link para poder ver o filme...sempre era melhor que os que têm vindo (excepto o gran torino, que já vi há uns meses...).
    bela critica.
    Mas tinha que reclamar com a gerência :)

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  2. Vi hoje este filme e posso concordar que é um bom filme, que não se vale só e só de ver tortura barata porque ao menos tem a intenção de nos dar uma mensagem para reflectirmos da forma como devemos educar os nossos filhos e que por vezes os comportamentos deles reflectem apenas os comportamentos dos próprios pais. Ja dizia Pessoa: um adulto é uma criança com idade

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  3. Gente? A ideia do filme não foi passar essa mensagem de educar filhos não. Esses filmes atuais querem que o mal venca sempre sobre qlqer circustância e depois: REALIDADE. realidade o caralho, mto normal um grupo de adolescentes roubar vc matar vc queimado achar vc na floresta e vc achar uma casa q óoooooo é o pai deles, mto normal... claro rs

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  4. Só uma mente distorcida e doente seria capaz de conceber algo igual a isto...só alguém mentalmente perturbado seria capaz de filmar tal sequência de horrores e barbaridades. Provavelmente, só alguém que já cometeu este tipo de actos seria capaz de os levar para o cinema.
    Quanto aos comentários do autor destas linhas, só merecem pena..talvez um dia alguém da família passe pelo mesmo e aí ele se toque..

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    1. Poderá também ser alguém que já tenha vivido certas experiências,ou ter tido conhecimento delas, e exagerá-las levando às desastrosas consequências observadas no filme.
      Sabe lá a vida da pessoa que concebeu o filme. A assunção é a mãe de todos os erros.

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  5. Filme horrendo... Roteiro fraco, história cliche... Filmagens catastróficas e desenvolvimento defeituoso da trama... Os buracos no roteiro sao do tamanho do buraco na camada de ozônio... Aaaistir a este filme foi uma verdadeira tortura, mas serviu pra uma coisa: que as crianças precisam de pais firmes e de uma ceiacao de verdade e quanto aos infratores, so me resta dizer que bandido bom é bandido morto e enterrado.

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  6. Filme horrendo... Roteiro fraco, história cliche... Filmagens catastróficas e desenvolvimento defeituoso da trama... Os buracos no roteiro sao do tamanho do buraco na camada de ozônio... Aaaistir a este filme foi uma verdadeira tortura, mas serviu pra uma coisa: que as crianças precisam de pais firmes e de uma ceiacao de verdade e quanto aos infratores, so me resta dizer que bandido bom é bandido morto e enterrado.

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  7. #cuidadospoiler
    Está na lista do pior filme que já assisti. É agonizante. Sofrível demais! Fiquei o filme inteiro esperando por um momento de vitória do casal, ou ao menos da moça... Mas não. A ideia do filme é chocar mesmo. Mostrar como o mundo pode ser perverso e injusto. Quando assisti, fiquei tão triste que gravei o título pra não correr o risco de assistir novamente!

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  8. #cuidadospoiler
    Está na lista do pior filme que já assisti. É agonizante. Sofrível demais! Fiquei o filme inteiro esperando por um momento de vitória do casal, ou ao menos da moça... Mas não. A ideia do filme é chocar mesmo. Mostrar como o mundo pode ser perverso e injusto. Quando assisti, fiquei tão triste que gravei o título pra não correr o risco de assistir novamente!

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  9. Não concordo com a frase "bandido bom é bandido morto ". Sabemos que aqueles que morrem são os pobres, os grandes bandidos nos roubam a todos e ainda continuamos a colocá-los no poder. Política à parte, a respeito do filme, a palheta de cores sai de tons exageradamente fortes e coloridos para tons mais densos e escuros, buscando uma narrativa evolutiva, é claro, degenerativa das personagens. Quanto ao roteiro, apesar dos furos, a trama acaba por prender a atenção e gerar agonia ao espectador. Do tema adolescente rebelde e incontrolável, com certeza, já está nas repetições costumeiras, mas acaba conseguindo deixar a ideia do famoso determinismo, o meio condicionando as atitudes do indivíduo. Os jovens, liderados por um filho de um ex presidiário incorrigível, o que se dá a entender em dois momentos do filme, são pessoas que precisam ser aceitas no grupo e que para tanto acabam se submetendo às exigências violentas deste líder. Essa linha determinista é bem definida no enredo, tanto no que se refere ao da influência do meio, quanta à hereditariedade. Isso até mesmo invade o universo da personagem central, que apesar de ser uma tranquila e boa professora primária, acaba, para se defender, matando dois destes adolescentes. O fato do final, sem que haja a justiça esperada, nos choca, porque ainda fechamos os olhos para o que nos acontece em relação à nossa justiça da atualidade, e por este motivo acabamos por aceitar a famosa "justiça pelas próprias mãos", já que as leis não são cumpridas como deveriam. Violência, porém, não se combate com violência, senão com educação e racionalismo. O filme, portanto, tem altos e baixos, convence e horroriza. Não se trata de um filme genial, mas de uma discussão que vale a pena por na pauta da reunião.

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