Crítica - The Passion Of The Christ (2004)

Realizado por Mel Gibson
Com James Caviezel, Monica Bellucci, Claudia Gerini, Maia Morgenstern,

O estrondoso sucesso comercial que “The Passion Of The Christ” conseguiu obter nos principais mercados cinematográficos está claramente ligado à gigantesca controvérsia que se desenvolveu em redor do seu impressionante realismo visual. O filme acompanha as últimas doze horas da existência terrena de Jesus Cristo, através de um retrato que pretende ser religiosamente e historicamente rigoroso e a que não escapou nenhum "requinte" de crueldade e de sofrimento. Mel Gibson conseguiu nos impressionar através desta sangrenta produção, que não nos apresenta uma narrativa brilhante mas que nos consegue surpreender através da sua impressionante violência gráfica.



O argumento de “The Passion Of The Christ” não é magnífico, muito pelo contrário, não existe uma construção narrativa habilidosa ou uma sucessão de diálogos inteligentes, porque a esmagadora maioria da produção acompanha os sangrentos tormentos do protagonista. A narrativa também não é inteiramente fidedigna à bíblia sagrada e existem algumas sequências onde existe um claro preconceito para com os judeus, sequências essas que são pautadas por estereotipos religiosos e culturais que provocaram graves acusações da comunidade judaica contra os responsáveis por este argumento, assim sendo, podemos facilmente concluir que o grande objectivo desta produção nunca foi abordar com habilidade e qualidade os últimos momentos de Jesus Cristo, mas sim apresentar um produto diferente e sangrento que conseguisse arrebatar enormes receitas nas bilheteiras mundiais através da controvérsia que é gerada pelo seu conteúdo.



A direcção de Mel Gibson é, no mínimo, polémica e violenta. O cineasta é um cristão devoto mas este pequeno pormenor não o impediu de nos apresentar uma produção que negligência as tradicionais moralidades desta história bíblica em detrimento de um testemunho religioso, que não é assim tão fidedigno e que é exageradamente violento e explícito. O espectador deverá ter um estômago robusto para conseguir aguentar o visionamento de sucessivas sequências de extrema violência e sadismo, que nos apresentam inúmeras formas de tortura rudimentar que normalmente culminam em esvisceramentos ou sangramentos abundantes. A violência excessiva era absolutamente dispensável e só está presente porque consegue assombrar e martirizar o espectador. Os responsáveis pela espectacular caracterização das personagens são extremamente talentosos porque conseguiram credibilizar as sangrentas sequências cinematográficas que essencialmente compõem esta longa-metragem, assim sendo, são eles os grandes criativos deste produto cinematográfico. O elenco é um mero acessório da história. James Caviezel não tem uma grande presença artística porque a sua personagem, Jesus Cristo, está quase sempre a ser violentada ou espancada. O elenco secundário também não salta à vista de ninguém, porque os seus componente ou pertencem à equipa dos violentadores ou à equipa dos lamentadores.



O polémico trabalho cinematográfico de Mel Gibson não é nem nunca será um filme cristão de qualidade, no entanto, é aquele que conseguiu levar mais espectadores às salas de cinema porque em vez de acompanhar com afectividade e sensibilidade a admirável história de Jesus Cristo e de salientar as suas qualidades humanas, “The Passion Of The Christ” centra as suas atenções na vertente mais sangrenta e superficial desta história, ou seja, no julgamento e na crucificação de Jesus Cristo e no sofrimento que este acontecimento provocou e ainda provoca nos seus seguidores. A polémica e a controvérsia renderam milhões aos criadores desta produção, que simplesmente não consegue ensinar nada de positivo ao seu público.

Classificação – 2,5 Estrelas Em 5

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25 Comentários

  1. Não poderia estar mais em desacordo. É uma grande obra de arte. 5/5

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  2. É o filme que mais análises diferentes produz. Uns adoram outros detestam. É a beleza do cinema.

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  3. Também gostei bastante do filme. Já antes manifestei aqui a minha admiração pelo cinema de Mel Gibson. Para mim, um bom cinema é um cinema extremamente realista e sem censura. Considerando os bárbaros tempos em que a história se desenrola, provavelmente foi mesmo isto que aconteceu no que à violência diz respeito. Os castigos efectuados naqueles tempos eram do mais brutal que podia haver, portanto "The Passion of the Christ" não está exagerado; está correcto e muito realista. E o cinema deve sempre ser um ensaio da realidade. Se Cristo foi chicoteado quase até à morte, então mostre-se isso no filme.
    Para mim, realismo é igual a bom cinema. Até porque Mel Gibson usa a violência para passar uma mensagem; logo, não se trata de violência gratuita. A nível técnico, este filme está perfeito e é uma obra de arte.
    Mas é como dizes, JT; o cinema é belo porque desperta as mais variadas emoções e opiniões.

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  4. Mai um em completo desacordo com esta crítica! Este filme é excelente a todos os níveis!

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  5. Concordo com o JT. Penso que é um filme perfeitamente mediano. O Triunfo do filme começou mesmo com a campanha de marketing, quando veio a noticia de que Mel Gibson iria financiar totalmente o filme.

    Em termos de argumento e de narrativa se reparar-mos o filme não tem nada. A filmagem é claramente banal. É um filme demasiado gráfico, com uma visão muito pouco cristã. Aliás o filme é tudo menos uma ode ao cristianismo, mas uma obra hipócrita, sem qualquer sentido de arte ou de amor ao cinema.

    Falemos antes de uma excelente manobra de marketing. O filme de Scorcese está a anos de luz do filme de Mel Gibson e esse sim merece ser apelidado cinema! Quase que aposto que o filme de Scorcese ainda será falado por muitos e muitos anos enquanto que o filme de Mel Gibson caírá rapidamente no esquecimento.

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  6. Que crítica infeliz...
    O filme pretende transmitir uma noção da realidade ao espectador e alguém que diz que a violência era dispensável é porque não tem noção nenhuma do que é uma crucificação.
    A narrativa é bela do inicio ao fim e mesmo a mim que sou agnóstico faz-me chorar de cada vez que vejo o filme.
    Caro JT não sei o que é para ti um filme cristão de qualidade mas digo-te que este é o único que mostra a dimensão do sacrifício do suposto filho de Deus. Ai esta é a vertente mais superficial da história? Vai ao altar de qualquer Igreja clássica e vê quem é que está la pendurado no altar crucificado. Foi este acontecimento e a tal ressurreição que são os fundamentos da fé católica, tudo o resto foi escrito para cativar os crentes e entretê-los com rituais.

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  7. Seventh Symbol,
    Tens todo o direito á tua opinião mas fazes-me rir com as coisas que dizes...
    "sem qualquer sentido de arte ou amor ao cinema"
    Diz-me lá quantos realizadores corriam o risco de fazer um filme falado em hebraico? Isto não demonstra amor ao cinema???
    Acho que estás a deixar os teus preconceitos morais deturparem o teu julgamento.

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  8. Helder MC, o facto do filme estar em hebraico é uma variação curiosa para tornar o filme distinto relativamente aos restantes. Existe muitos cineastas que empregam violência nos seus filmes e no entanto utilizam um sentido estético que a torna artistica e cinematograficamente sedutora. Temos os exemplos de Quentin Tarantino, Scorcese, Kitano, Haneke entre muitos outros que possam enumerar...

    Mel Gibson limita-se a filmar a violência de uma forma sado-masoquista, que nem se pode afirmar de realista ou falarmos como factual, uma vez que baseou-se unicamente num evangelho! Quantos e quantos evangelhos existem?


    Já disse noutros espaços que a arte merece ser discutida e debatida! é isso que torna um objecto cinematográficamente fascinante. Agora quando um filme limita a filmar a violencia pela violencia, sem qualquer caracter ambíguo, o objecto deixa de ter qualquer relevancia artistica.


    E a adaptação destas histórias deveria de ser o mais ambigua possivel pois o que não falta são incongruencias no vários evangelhos. Principalmente no que diz respeito à morte de cristo.... Mas isso ja são divagações...


    Agora como disse e bem eu tenho direito à minha opinião, mas pergunto o que ve neste filme de tão superior que mereça ser apelidado de obra-prima?

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  9. SeventhSymbol, já viste o Saló do Pasolini? Vê e depois diz-me o que é filmar a violência, seja de que tipo for.
    Este filme é violento, sim. Mas nada por aí além pá. É um grande filme que retracta o que supostamente foram as últimas horas de Cristo. E não conheço outra versão da história. Só que nunca ninguém teve a ousadia de filmar aquilo que supostamente terá acontecido (se realmente aconteceu). Mas na Bíblia (não sei se leste a mesma que eu) Cristo é crucificado. Deixa-te de ambiguidades e incongruências, o filme é mais que realista. É cru, é frio, foge a qualquer tipo de histerismos e teores novelísticos a que estamos habituados nestas histórias dos Evangelhos, foge a qualquer cliché, foge a qualquer sensacionalismo, é bem filmado, é a melhor interpretação do Caviezel ou lá como se chama o tipo. É um filme realista sim, dentro do que é supostamente real, tem uma boa fotografia, etc.

    PS. O filme do Scorsese nada tem a ver com este, esse sim foge a qualquer realismo, é ambíguo e onírico. The Last Temptation of Christ é essencialmente o grito de Scorsese em afirmar que Cristo foi um homem como nós. Nem se podem comparar.

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  10. Já vi sim senhor e acho-o um objecto interessante, amplamente superior a este caso de Mel Gibson. Alvaro dizes que o filme foge de qualquer sensacionalismo, como assim? O filme é do mais sensacionalista... Ou não te lembras que o filme foi acusado na altura de antisemitismo? Vai-se percebendo porquê no filme...


    O filme é cru, frio, bem filmado, tem boa fotografia... sim senhor, posso concordar contigo... mas isso não é suficiente para chama-lo de obra-prima... Chamo-o antes... um filme bem filmado sobre "como espancar um homem durante 2 horas e fazer disso um filme". Fora isso não tens mais nada... Achava muito mais interessante se tivessem explorado mais a personagem do Diabo, do que se concentrarem unicamente no Cristo...


    Como isso não aconteceu, acaba por ser um filme que podia prometer muito, mas que ao final das contas não cumpre... Podes achar isto uma incongruência, mau gosto ou whatever mas o que digo faz bastante lógica...

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  11. Nunca disse que era obra-prima. E, a personagem do Diabo? O Diabo é um figura mítica, imaginária, hipotética. O filme não fala de Diabo nem Deus em concreto porque a ideia é, como dizes, fazer um filme sobre "como espancar um homem durante 2 horas e fazer disso um filme". Correcto, e não vejo onde está aí a causa da suposta ruindade que atribuis ao filme.

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  12. Não sei então como consegues classificar este filme como um "grande filme"...

    Mas pronto é a tua opinião e merece todo o respeito e credibilidade...

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  13. SeventhSymbol, continuo sem perceber porque não gostas do filme...
    O meu palpite é que não gostas da forma como o tema da crucificação de Cristo foi abordada devido aos teus preconceitos morais/religiosos o que te leva a denegrir o filme desde a sua essência.
    Qualquer filme sobre religião é por natureza polémico e sensacionalista já que é um tema que (infelizmente) está tão enraizado na nossa cultura que reagimos a ele como animais selvagens.
    Não sei se sabes mas o filme é muito fiável na demonstração que faz de uma crucificação. Não podes fazer um filme sobre a paixão de Cristo sem o julgamento, tortura e crucificação de jesus... E foram os Judeus que o traíram, isso e o facto de Jesus ser judeu é algo de inegável.
    Falas das incongruências nos evangelhos mas o que tu queres é que o filme reflectisse o teu evangelho em que se dá mais importância ao Diabo. Nos evangelhos o Diabo só aparece na cena da tentação por isso até aparece mais no filme do que nos evangelhos.

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  14. SeventhSymbol, estou a ver todo o respeito e credibilidade que tu mereces... Então o Saló é "um objecto interessante, amplamente superior a este"...
    Antes que eu te recomende um psiquiatra diz-me lá entre o Saló e este qual é que mostrarias ao teu filho de 8 anos?

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  15. Helder, não vás por aí. O Saló é amplamente superior a este sim. É um filme político, uma sátira ao fascismo e sobretudo ao poder. Enfim, é essencialmente uma crítica à humanidade. Polémico, violento, atroz, repulsivo, é isso tudo, mas é a forma do Pasolini mostrar as atrocidades e depravações do fascismo, de forma crua e dura, sem embelezamentos, sem maquilhagens. Claro que não irias mostrar o filme a uma criança de 8 anos, mas também não mostrarias este Paixão de Cristo. Cada um deles tem a sua qualidade, e, são filmes diferentes, muito diferentes que só se assemelham na forma crua de mostrar a violência (cada um a sua).

    E já agora SeventhSymbol, vê o L'Age D'or do Buñuel e diz-me qual é mais ofensivo ao cristianismo.

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  16. Álvaro, em ambos a violência tem tem um claro objectivo de critica social. Só lamento que vejas isso no Saló e consideres o Paixão de Cristo como um mero filme de terror.
    No Paixão toda aquela violência é o reflexo da sociedade violenta da época em que os romanos até se davam ao prazer de crucificar 6000 escravos revoltados liderados por Espartaco ao longo de quilómetros de estrada só para darem o exemplo. Mas para alem disso é o relato do homem - Jesus - que acreditava ser o filho de Deus e sofreu tudo aquilo porque acreditava ser a vontade de seu Pai. O filme é isto - a história do sacrifício de um homem que influenciou toda a humanidade desde então.

    Para terminar digo apenas que enquanto que este me dá lágrimas de cada vez que o vejo, o Saló dá-me vómitos.

    PS: Deste a resposta politicamente correcta. Para mim a depravação sexual é imensamente pior que a violência física.

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  17. Helder, quem falou em filme de terror? Eu só disse que este é um bom filme e o Saló uma obra-prima. Este filme não é crítica nenhuma. É um relato frio e cruel das últimas horas de Cristo, mais nada. Não ponhas críticas, filosofias ou crenças religiosas onde elas não existem.

    Ainda bem que o Saló te dá vómitos rapaz, porque era precisamente esse o intuito do Pasolini, porque é precisamente essa a reacção que se deve ter quando se fala de fascismo ou de nazismo. Percebes?

    Não acho que a depravação tenha de ser pior que a violência física e vice-versa, até porque para haver depravação tem de haver violência.

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  18. Quando vi o Saló fiquei com a clara impressão que o facto do filme se passar no fascismo foi apenas um pretexto para passar para filme a 'magnifica' obra do Marquês de Sade.
    Quanto ao ser uma obra-prima é muito discutível. Para mim não passa de um fraco filme erótico de sado-masoquismo. Recomendo vivamente filmes porno de sado-maso/scato que são bem mais satisfatórios para quem tem essa inclinação.

    Onde está a violência em ter prazer a comer merda? hehe

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  19. Hélder, nem te vale a pena responder. Deves ter algumas limitações para enveredares por esse caminho.

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  20. "limitações" hahaha

    Vai ver um filme de scato. Pode ser que gostes.

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  21. Tu lá sabes artolas, eu não posso recomendar disso porque nunca vi nada disso, mas tu pareces bem informado. Mas fazes bem estar informado quanto a isso, porque de cinema valha-te deus, ainda tens muito que aprender.

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  22. Ó artolas que curriculum é que tens para te considerares omnisciente sobre cinema?

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  23. Por acaso visto algo escrito por mim nestes comentários que referissem alguma hipotética omnisciência?
    Fala do que sabes e deixa-te de ironias e sarcasmos que só atenuam a tua ignorância.

    PS: Acaba aqui a conversa porque eu gosto de falar de cinema com quem "sabe" falar de cinema.

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  24. Coitado... deves achar que "sabes" muito.
    A arrogância não te fica nada bem seu artolas.

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  25. eu descordo totalmente dessa medíocre crítica pois o filme é espetacular e forte sim ,pois como se dá o fato de que cristo foi crucificado e nada menos que isso dependia da pura emoção e humanidade do mel gibsom de relatar os tributos e perversos momentos reais que cristo foi crucificado pois sim foi um momento de puro pudor e um rigoroso sofrimento,,,pois se não fosse pra ser fortes as cenas não seria um trabalho que mais se aproxima da pura realidade que cristo pode viver em seus ultimos momentos de vida

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