Espaço Memória - Fellini Satyricon (1969)

Realizado por Frederico Fellini
Com Martin Potter, Hiram Keller, Max Born, Salvo Randone

Embora não seja a mais emblemática obra do polémico mas incontornável realizado italiano, Satyricon de Fellini agradou bastante, aquando da sua estreia, aos adeptos do filme de autor tanto na Europa como nos Estados Unidos. Baseado na obra homónima de Petrónio da qual nos chegaram apenas fragmentos, Satyricon vai acompanhar a disputa de Encolpio (Martin Potter) e Ascilto (Hiram Keller) pelo jovem escravo e amante (Max Born) à qual se segue uma parafernália de aventuras rocambolescas no Império romano de Nero em vários episódios tão fragmentários como a obra de que parte. Alguns desses episódios marcam a memória cinematográfica colectiva como o da ninfomaníaca no deserto e do seu marido disposto a pagar aos dois jovens para a satisfazer.


Neste filme, Fellini usa e abusa da sua paleta de cores vivíssimas e inesquecíveis e ainda de cenas brutalmente chocantes, ou por apresentarem uma violência despudorada ou por serem sexualmente explícitas e perversas. Se nos lembrarmos que em 1969 nos encontrávamos em plena revolução sexual, facilmente compreendemos a adesão do público a este projecto. O retrato da Roma de Nero é bem conseguido ainda que a crítica aponte como falhas uma certa ausência de conteúdo, compensada com um exagero do esplendor visual e da provocação do espectador pelo choque permanente numa viagem que mais parece uma alucinação. Frederico Fellini foi nomeado para o Óscar de Melhor Realizador em 1971, ano da distribuição do filme, por esta obra que não chegou a receber. Os filmes do realizador foram nomeados cerca de doze vezes para o Óscar mas Fellini apenas receberia um, honorário, em 1993.

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2 Comentários

  1. Gosto imenso deste espaço, continuem, porventura com mais frequência.
    Quero ainda perguntar, porque é que estes filmes não possuem nota ou classificação como as críticas aos mais recentes? Acho que funcionaria melhor como sugestão (que já é) ou pelo menos para uma referência mais qualitativa e específica dentro do vosso portal.

    Cumprimentos

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  2. Jorge, respondendo à sua pergunta os filmes não têm classificação porque são filmes de tal modo emblemáticos que são inclassificáveis na nossa pequena escala. De qualquer forma, como muito bem notou, o espaço não apresenta críticas, apenas evoca a memória de filmes menos actuais mas inesquecíveis, como forma de os divulgar ou trazer de novo à memória dos nossos leitores.

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