Crítica - Insidious (2010)


Realizado por James Wan
Com Patrick Wilson, Rose Byrne, Lin Shaye, Barbara Hershey, Ty Simpkins

“Insidious” despertou grande curiosidade pelo facto de juntar dois nomes sonantes do recente cinema de terror norte-americano na sua equipa técnica. Para os mais distraídos, James Wan (o realizador do filme em questão) é também o realizador do aclamado “Saw” e Oren Peli (aqui apenas a exercer as funções de produtor) realizou o sensacional “Paranormal Activity”. Dois cineastas de créditos firmados no género do terror a unirem esforços, portanto. Algo que deixou os fãs deste género cinematográfico com água na boca. Ao olharmos para o poster de “Insidious”, ficamos com a nítida sensação de que vamos assistir a um filme muito semelhante a “The Omen”, o que não augurava nada de bom, já que o tema das criancinhas assombradas perdeu o seu fulgor há muito tempo atrás. Mas a verdade é que “Insidious” está muito mais próximo de um “Poltergeist”, o que por si só já é um alívio. Essa aproximação ao clássico de terror de 1982 pode retirar a “Insidious” alguma originalidade e frescura criativa. Mas a verdade é que esta obra não deixa de possuir a sua própria marca, respeitando aquilo que de melhor o cinema de terror tem para oferecer e confirmando James Wan como um realizador competente e ambicioso.
Josh (Patrick Wilson) e Renai (Rose Byrne) formam um casal que acaba de se mudar para um novo casarão com os seus três filhos. Como é de esperar, de início tudo parece perfeito. A casa é espaçosa, a urbanização é amistosa e a vida parece prosseguir o seu rumo. Porém, de um dia para o outro e sem que nada o fizesse antever, Dalton (Ty Simpkins) – o filho mais velho do casal – entra numa espécie de coma profundo, do qual não consegue escapar. E é então que coisas estranhas começam a perturbar a tranquilidade da residência. Fenómenos obscuros e inexplicáveis, que depressa deixam Renai numa pilha de nervos. Não aguentando mais viver na sombra destes fenómenos paranormais, Renai convence Josh a mudar de casa. Mas mesmo na nova residência as coisas teimam em não regressar à normalidade. O que leva o casal a recorrer aos serviços de Elise Rainier (Lin Shaye), uma médium que os faz entender que não é a casa que se encontra assombrada…



O melhor que se pode dizer de “Insidious” é que, a espaços, consegue surpreender o espectador, não encaminhando a narrativa no sentido que este mais está à espera. Encontramos aqui pontos de contacto com “Paranormal Activity”, “Poltergeist” e até mesmo “The Exorcist”. O que só pode querer dizer que estamos perante uma obra de terror digna de respeito. De facto, o vulto negro das assombrações faz-nos lembrar o demónio de “Paranormal Activity”, o enfoque das assombrações na criança leva-nos a pensar em “Poltergeist”, e a banda-sonora tão tensa como arrepiante força-nos a crer que James Wan é um fã confesso de “The Exorcist”. Wan consegue (e muito bem) levar a cabo os princípios que solidificam um bom filme de terror. Os sustos vêm quase todos de um jogo mórbido de sombras e silêncios, o clima de tensão surge através de planos de câmara bem pensados e uma banda-sonora com tudo no sítio, e a caracterização de algumas criaturas põe a nu a paixão do jovem realizador pelo género do fantástico. Em termos de realização e até mesmo de interpretação, “Insidious” afirma-se como uma obra bem acima da média, constituindo uma surpresa bastante agradável para o apreciador do género. O que acaba por torná-lo um filme relativamente vulgar é a sua história a cair para o convencional e duas ou três personagens cómicas perfeitamente dispensáveis. A certa altura, principalmente com a introdução da equipa de investigação do paranormal, a fita dispara numa direcção mais infantil e pouco verosímil. Não que umas gargalhadas aqui e ali façam algum mal. Mas principalmente quando se está a tentar estabelecer um clima de tensão, ter dois nerds a distribuir piadas mata um pouco o objectivo primordial da película. De facto, se “Insidious” tivesse uma história mais poderosa, poderíamos estar aqui a falar de um grande acontecimento cinematográfico. Assim, estamos apenas a falar de uma obra de terror digna de alguns aplausos (especialmente pela sua vertente mais técnica, onde o filme mais surpreende), mas relativamente vulgar.



Nota-se que “Insidious” se insere no paradigma do que é o actual cinema de terror norte-americano. A sua narrativa segue as mesmas pisadas de muitos outros filmes do género, destroçando os esforços de Wan e Oren Peli para criar algo de novo. No entanto, não deixa de estar uns furos acima daquilo a que estamos habituados a ver chegar das terras do tio Sam. Apesar de todos os seus defeitos, “Insidious” é competente, equilibrado e, por vezes, até arrojado. Se o analisarmos em conjunto com todos os outros filmes estreados até agora, dificilmente deixará uma grande marca no coração dos espectadores. Mas se o inserirmos apenas na categoria do cinema de terror (especialmente o cinema de terror norte-americano), então estamos perante uma das obras mais interessantes do ano. Vale a pena ver, principalmente numa sala de cinema, onde todos os efeitos de som e de luz se fazem sentir ao máximo, contribuindo para uma experiência cinematográfica muito mais arrepiante e recompensadora.


Classificação – 3,5 Estrelas Em 5

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