Crítica – Puss in Boots (2011)

Realizado por Chris Miller
Com Antonio Banderas, Salma Hayek, Zach Galifianakis

A DreamWorks Animation encontrou na “Shrek Saga”, uma verdadeira mina de ouro que lhe rendeu vários milhões de dólares em receitas e algumas vitórias relevantes sobres os filmes da Pixar/ Disney, no entanto, este indiscutível sucesso acabou por conduzir à exaustão criativa das aventuras deste herói esverdeado que recebeu um final feliz e talvez definitivo com “Shrek Forever After” (2010). O desfecho das suas icónicas aventuras animadas foi, uma vez mais, um sucesso comercial e levou a DreamWorks a criar este “Puss in Boots”, uma spin-off/ prequela de “Shrek” que nos conta a hilariante fábula da primeira grande aventura do Gato das Botas, um famoso criminoso internacional que, antes de auxiliar Shrek e o Burro nas suas exuberantes cruzadas, tentou roubar, com a ajuda do astuto Humpty Dumpty e da ardilosa Kitty Patas Fofas, a valiosa Gansa dos Ovos de Ouro.


O Gato das Botas cativou as audiências internacionais com as suas divertidas cenas secundárias nos últimos “Shreks”, mas é neste “Puss in Boots” que mostra ao mundo o melhor dos seus adoráveis maneirismos e das suas cativantes falas. A sua breve mas divertida história mantém a essência e as melhores características da “Shrek Saga”, ou seja, somos mais uma vez confrontados com uma entusiasmante e emocionante aventura cheia de referências a clássicos literários (Gato das Botas, Humpty Dumpty, Jack & Jill, João Pé de Feijão e o Ganso dos Ovos de Ouro), onde encontramos dois ou três momentos musicais de excelência e várias referências morais sobre a redenção ou a amizade. A vertente humorística de “Puss in Boots” é excelente e, no meu entender, é muito mais refinada e adulta que a dos “Shreks”, oferecendo assim aos adultos um nível de entretenimento semelhante ao dos mais novos. Ao contrário da “Shrek Saga”, “Puss In Boots” não dá muito relevo ao romance, e é por isso que o relacionamento entre o Gato e Kitty nunca deixa de ser casual. A sua conclusão oferece-nos um clássico final feliz e um electrizante número musical, onde os vários intervenientes do filme dançam ao som de “Americano” de Lady Gaga.


A vertente visual de “Puss in Boots” também é soberba. Chris Miller e a DreamWorks Animation decidiram ambientar esta história numa terra distante que parece resultar de um cruzamento entre o Velho Oeste e o México, onde somos presenteados como uma série de deslumbrantes e encantadores cenários arenosos que combinam na perfeição com a essência latina do Gato das Botas. A construção visual das personagens também roça a excelência, mantendo desta forma o elevado nível técnico que marcou “Shrek” (2001) e as suas três continuações. O seu elenco vocal norte-americano é liderado por António Banderas, um actor que confere, uma vez mais, todo o seu charme e carisma ao Gato das Botas, tornando assim muito mais recomendável o visionamento da versão não dobrada desta obra. Salma Hayek também confere a sua chama latina a Kitty, mas é Zach Galafinakis que mais se destaca no elenco vocal secundário através do seu Humpty Dumpty, um ovo falante muito sonhador e rancoroso que se assume como uma interessante mistura entre vilão e herói de ocasião. É difícil de dizer se “Puss in Boots” vai ou não fazer mais dinheiro que os “Shreks” nas bilheteiras mundiais, mas não há dúvidas que esta obra é muito melhor que as três últimas aventuras do Ogre Verde, e que é um dos candidatos à nomeação final ao Óscar de Melhor Filme de Animação.

Classificação – 4 Estrelas Em 5

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5 Comentários

  1. supõe-se que o senhor João Pinto terá visto, também, a versão dobrada para poder recomendar a oiginal!... ou trata-se de um pressuposto: "o original será sempre melhor que a dobragem"
    ...o original é o original e uma dobragem tem sempre condicionantes que não existem quando se grava de raiz! talvez o senhor João Pinto devesse ver, ainda, a versão espanhola (dobrada pelo próprio Banderas) e depois compará-la com a portuguesa e só então, caso pensasse, que se justificava, escrever um texto a denegrir a dobragem portuguesa

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  2. Eu admito que não vi a versão espanhola porque até nem é exibida em Portugal, mas vi sim o filme nas duas versões: original e dobrada. Eu não tenho nada contra a versão nacional, mas acho que a versão original é, neste caso, mais revelante por causa das vozes verdadeiramente latinas de Banderas e Hayek. É só uma opinião, mas acho que quem possa, deve preferir ver a versão original.

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  3. não percebi!!!! as vozes portuguesas não são latinas??????? :)

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  4. Oh Anónimo vamos esclarecer lá isto. São vozes latinas porque falam um dialecto que deriva do latim, mas, sem atacando os dobradores nacionais, estes não têm nem metade do carisma e do fulgor de Banderas e Hayek. Mas mesmo que tivessem, eu acho que um filme, animado ou não, deve sempre ser visto na versão original porque foi nessa versão que foi criado. A dobragem até pode ser excelente, mas nunca será tão boa como a original porque o texto do filme foi escrito para o dialecto original, e não para as dobragens.

    O Gato das Botas não é um filme português, logo não nos vamos por aqui com patriotismo do género "as nossas vozes não são piores ou melhores" ou "não ficamos nada atrás dos americanos" porque neste caso não faz sentido. A dobragem nacional do filme é boa? É sim, mas nem se aproxima da versão original.

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