Crítica - It: Chapter 2 (2019)

Realizado por Andy Muschietti 
Com Bill Skarsgård, James McAvoy, Jessica Chastain


As sequelas nem sempre correspondem ao nível de qualidade de original, mas neste caso “It: Chapter 2” encontra-se ao mesmo nível de “It”, não representando assim um retrocesso de qualidade, mas também, verdade seja dita, não melhora o nível do primeiro filme. O que é certo é que, como um todo, “It” e “It: Chapter 2” representam uma razoável adaptação da homónima obra literária de Stephen King, podendo-se quase dizer que supera em vários aspectos a famosa minissérie televisiva dos Anos 90. E importa recordar que foi esse projeto que verdadeiramente catapultou Pennywise para o estrelato da cultura pop!
É talvez injusto proferir a afirmação anterior tendo em conta o carácter revolucionador dessa minissérie, mas pelo menos a nível gráfico há uma melhoria significativa que é provocada, claro está, pelas novas tecnologias. Mas mesmo nas opções estéticas e cénicas, esta obra de Andy Muschietti denota um elevado valor artístico que joga habilmente com o espírito bizarro da trama. É de louvar a grande qualidade do trabalho de departamentos como o de Fotografia ou Guarda-Roupa (liderado pelo nosso bem conhecido Luís Sequeira) como elementos diferenciados que ajudam a transportar o mito e a estética de “It” para outro patamar. 




Mas mais do que uma obra graficamente interessante, como o primeiro já tinha sido aliás, “It: Chapter 2” assume-se como um filme de terror que não é de todo convencional e por isso vamos à pergunta que interessa. É um puro filme de terror repleto de tensão capaz de incutir medo ao espectador? É óbvio que não. Tal como o seu antecessor, “It: Chapter 2” começa muito bem, mas vai perdendo fulgor e vai também brincando perigosamente com elementos demasiado bizarros que podem ser mal interpretados e até entrar por caminhos jocosos. É uma tentativa de humor negro, que já foi até tentada no primeiro filme, mas que acaba por não resultar aqui também. 
É certo que há sequências de terror que podem causar certos sobressaltos, mas não há, como já não havia no seu antecessor, aquelas sequências com potencial para causar ataques cardíacos. Há extravagância e um certo suspense em redor da presença de Pennywise, mas falta aquele toque de medo que nos pode levar ao extremo. Verdade seja dita que esta centelha já falta na obra de Stephen King, pelo que seria sempre difícil a esta adaptação chegar a esse ponto. Por isso engane-se se pense que estamos perante um grandioso exemplo do cinema de terror. 
Uma vez mais tal como seu antecessor, o melhor deste segundo capítulo é a sua primeira meia hora e também a sua meia hora final. No intermédio muita coisa poderia ter sido facilmente cortada ou trocada. Mas ainda assim aplaude-se Muschietti por ter tentado dar a Pennywise o destaque que merece. E não se iluda, porque Pennywise é mesmo a estrela máximo de todo este projeto e sempre será. 
Poderia ser melhor? Poderia. Mas olhando para a minissérie dos Anos 90 e para a base literária, “It” nunca teve potencial para ser mais do que a visão de Muschietti nos presenteou com estes dois filmes.  No fundo, “It” nunca foi desenhado para ser um filme de terror lendário, mas sim um thriller sci-fi capaz de envolver o espectador num mundo bizarro que mexe com o extravagante, com o imaginário do terror e, claro está, com a fobia a palhaços demoníacos.

Classificação - 3 Estrelas em 5

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1 Comentários

  1. Bom dia. Fácilmente se percebe que não viu o mesmo filme, que eu vi, pois realmente, o filme estava ainda melhor que o primeiro, superando todas as minhas expectativas. O mal é que quando as pessoas vêm a adaptação para cinema de um livro, tendem sempre a fazer comparações. Um realizador tem que tornar a sua obra o mais atractiva possivel, se não ninguém vai ver o seu filme. Veremos se ficará com a mesma ideia quando saír a versão estendida do 1º e 2º filme...

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