Crítica - Pacific Rim (2013)

Realizado por Guillermo del Toro 
Com Idris Elba, Charlie Hunnam, Rinko Kikuchi 

Pode até ser um dos grandes sucessos comerciais da temporada, mas “Pacific Rim” não é de certeza um dos grandes filmes do ano, muito pelo contrário, é um produto superficial e sem qualquer conteúdo que nos choca e irrita por uma vasta variedade de razões, mas é claro que o seu principal defeito reside no seu péssimo argumento que não tem, nem de longe nem de perto, o tipo de profundidade ou engenho criativo que esperaríamos encontrar num filme de Guillermo del Toro, a mente criativa por detrás de “Pan's Labyrinth” (2006) ou “Hellboy” (2005) que, pelos vistos, perdeu-se nos encantos de Hollywood e acabou por criar um fraco blockbuster que, embora aposte num atrativo conjunto de orquestradas sequências ação e magníficos efeitos visuais que fazem inveja a filmes igualmente ocos como “Transformers” (2007) ou “Battleship” (2012), não pode deixar de ser descrito como um filme de monstros sob o aparente efeito de esteróides.

   

No fundo, “Pacific Rim” é uma versão glamorosa mas claramente exagerada e muito pouco imaginativa dos clássicos filmes de monstros do Século XX, como os japoneses “Godzilla” (1954) e “Rodan” (1956), ou os americanos “King Kong” (1933) e “It Came from Beneath the Sea” (1955), que, apesar de estarem longe de serem bons filmes, conquistaram um certo estatuto de culto junto da comunidade cinéfila, porque foram responsáveis pela criação e crescimento de um novo género de filmes de ficção cientifica, que se desenvolveu graças aos seus argumentos criativos mas completamente absurdos, e às suas componentes técnicas de baixo orçamento que atribuíram um certo encanto clássico a esses produtos. É óbvio que “Pacific Rim” nunca conquistará esse estatuto de culto porque, ao contrário desses produtos de uma era já distante, não cria ou reinventa nenhum género da sétima arte, nem nos brinda com um argumento cheio de boas e novas ideias, já que tudo o que existe neste blockbuster é baseado em irritantes clichés, ideias recicladas e conceitos velhos e corroídos que já foram melhor empregues em outros grandes sucessos comerciais de Hollywood. É por isso que é difícil desassociar este filme de Guillermo del Toro do fraco nível de blockbusters sci-fi realizados por cineastas mais comerciais, como Michael Bay ou Roland Emmerich.


A história de “Pacific Rim” desenrola-se num futuro não muito distante, onde várias legiões de criaturas monstruosas, conhecidas como Kaiju, começam a emergir de um portal dimensional que apareceu no meio do Oceano Pacifico. Para combater os gigantes e perigosos Kaiju, os governos de vários países juntam-se para criar um novo tipo de arma: os Jaegers, um grupo de robots gigantes que são controlados simultaneamente por dois pilotos, cujas mentes estão presas numa ponte neural. Os Jaegers e os Kaiju defrontam-se, ao longo de vários anos, em alguns combates espetaculares e altamente destrutivos mas, com o passar do tempo, os Kaiju tornam-se ainda mais implacáveis e os Jaegers acabam por se tornar ineficazes. À beira da derrota, a Resistência da Humanidade não têm outra escolha senão apostar tudo o que lhe resta num arriscado plano que visa destruir o portal dimensional por onde passam os monstros, mas para isso terá que depositar todas as suas esperanças nos últimos Jaeger em funcionamento que, afinal de contas, parecem ser a última esperança da Humanidade face ao Apocalipse. Esta premissa pode parecer aliciante e espetacular, mas é claro que não passa de uma cortina de fumo que mascara a real deficiência do guião, que está repleto de estereótipos baratos, diálogos mal conseguidos e uma impressionante dose de falhas e elementos estranhos, confusos, ridículos e desnecessários que, infelizmente, aproximam este blockbuster de uma escala de qualidade mediana, que está muito distante do padrão de excelência que está reservado para os filmes de ficção científica que valem tanto pelo seu valor visual, como pelo seu valor narrativo.

 

Para além de terem construído um guião com um claro défice de conteúdo, criatividade e contexto, os criadores deste medíocre filme sci-fi de ação (Travis Beacham e Guillermo del Toro) também falharam na construção e desenvolvimento de todas as suas personagens, já que não há nenhuma que se aproveite. É claro que um argumento superficial e completamente oco não é propriamente o mais adequado para desenvolver personagens de alto calibre e potencialmente interessantes mas, ainda assim, não se consegue encontrar em “Pacific Rim” uma personagem bem montada e desenvolvida que leve o espetador a sentir qualquer tipo de preocupação, compaixão ou apego emocional. Isto deve-se em parte ao facto do guião não puxar abertamente pelo desenvolvimento dos protagonistas ou das personagens secundárias que, para além de não terem qualquer tipo de apoio emocional ou intelectual, também perdem todas as possíveis potencialidades graças à sua construção estereotipada, sendo por isso que encontramos, ao longo do filme, várias personagens cliché, como um clássico líder duro e destemido mas com uma saúde débil, dois nerds que não gostam nada um do outro mas que acabam por se tornar bons amigos durante uma importante descoberta, dois protagonistas irritantes com um traumático passado familiar que acabam por se envolver romanticamente, um pseudo vilão humano que parece ter mais vidas que um gato, ou um grupo de personagens secundárias com um ar arrogante de valentia e superioridade que raramente abrem a boca. O elenco também não atenuou este terrível cenário. Não há nenhuma grande estrela em "Pacific Rim", mas todos os atores que assumem papéis de relevo são profissionais relativamente conhecidos que já tiveram, pelo menos, uma performance interessante no passado, como é o caso de Charlie Hunnam na série "Sons of Anarchy", Idris Elba na série "Luther", Rinko Kikuchi no drama "Babel", Charlie Day na comédia "Horrible Bosses", Burn Gorman na série "Torchwood" e Ron Perlman nos filmes "Hellboy", no entanto, todos estes astros de media dimensão têm aqui uma performance vazia e leviana que não ajuda em nada a melhorar ou credibilizar as suas respetivas personagens. Este facto é particularmente notório em relação a Charlie Hunnam, que dá um péssimo herói, tal como Charlie Day, que veste a pele de um irritante cientista que ajuda a salvar o dia. 
 

Os efeitos visuais e as cenas de ação são a única luz brilhante no meio da vasta escuridão desta obra. Já se sabia que Guillermo del Toro não ia desiludir neste campo, até porque já provou, no passado, que sabe fazer filmes com bons efeitos especiais, mas a sua tarefa em “Pacific Rim” iria sempre ser mais difícil do que aquela que teve no sombrio e bem-sucedido “Hellboy”, no entanto, del Toro acabou por conseguir montar uma componente técnica interessante e orquestrar uma série de sequências de ação bem atrativas que, mesmo assim, não compensam ou disfarçam os grandes erros e falhas que arrastam para a lama esta produção. Tal como já se esperava, “Pacific Rim” é quase todo feito à base de CGI que, ao contrário do CGI que vimos recentemente em alguns blockbusters de sucesso, apresenta um nível estrutural relativamente interessante e atrativo, aliás toda a componente técnica (visual e sonora) de “Pacific Rim” apresenta um nível bem aceitável. Os gigantes protagonistas têm por isso um design bastante competente (se bem que já vimos monstros mais assustadores e robots mais credíveis em outros blockbusters do género), mas o que salta mais à vista nesta produção são as frenéticas e destrutivas sequências de ação que esses gigantes protagonizam, mas é claro que, passado algum tempo, estas batalhas entre os robots gigantes e os monstros alienígenas tornam-se algo chatas e repetitivas, no entanto, são elas que impedem que “Pacific Rim” se torne num produto sci-fi enfadonho e ainda mais fraco, algo que seria ainda mais desastroso que o atual resultado final deste inglório esforço de Guillermo del Toro, que infelizmente cedeu às fórmulas recentes de Hollywood e concebeu um blockbuster espalhafatoso e nada produtivo, que desiludirá as expetativas de quem espere ver algo mais do que um filme de entretenimento barato que quase só tem lutas, entre criaturas gigantes, durante as suas duas horas de duração. Enfim, “Pacific Rim” não passa de uma estranha mas estilosa spin-off de “Transformers”, que parte de um conceito que, em outras circunstâncias, até poderia ter dado origem a um bom videojogo sem qualquer relação com esta estranhamente mediana longa-metragem.

Classificação - 2,5 Estrelas em 5

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29 Comentários

  1. Bem, saí do cinema agora e estou atónito, sem palavras! Mas vou tentar. Concordo em tudo, quase tudo vá. Gosto demais do Charlie Day para o sacrificar, acho que ele foi o único comic relief bem conseguido no filme. Bem, mas de resto, é mau demais! Depois de ter visto o Man Of Steel, ver isto é quase um acto falhado. É que nem as cenas de acção safam o filme no panorama geral. 15min iniciais de acção, seguido de 1h de drama inconsequente (os diálogos são tãoooo maus!) e toca tudo à bulha outra vez, fazendo deste filme uma montanha russa bastante desagradável. Até aquela parte final é ridicula: a bomba nuclear que supostamente ia destruir o planeta extraterrestre - ou realidade alternativa, sei lá - rebenta no mar e o Gipsy Danger aguenta-se apenas com uma espada enterrada no solo. Mais, até o Kaiju categoria 5 sobrevive inclusive. Como é que aquilo ia destruir toda uma civilização alienigena? Ah, mas espera, mandamos o Gipsy Danger pelo funil, destruímos-lhe o núcleo e isso já mata tudo o que é bicho!

    Bitch, please!

    Enfim... De resto, boa crítica ;)


    PS. E já agora, peço desculpa pelo meu comentário possivelmente spoiler.

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    1. Ow imbecil, se seu comentário é recheado de spoilers como este foi, de fato, o mínimo que você deve fazer é colocar o "PS: SPOILER" no início do texto, criatura anencéfala.

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    2. Hmmm, vejamos PS. é mesmo no fim, certo? Provém de Post Scriptum, algo que este imbecil não vai perder tempo a explicar, pois eu não quero ser spoiler novamente e estragar o prazer do sr ANÓNIMO descobrir. Talvez devesse ter colocado um aviso - isso sim - no início do comentário. Talvez o senhor ANÓNIMO pudesse se ter abstido de ler o comentário. Ou ler sequer a crítica sobre este filme que, em si só, pode ser considerado um enorme e pormenorizado spoiler. Talvez, talvez, são apenas suposições. Algo que eu já reparei é que o sr ANÓNIMO tem gosto pelo insulto fácil para com desconhecidos. Talvez pudesse ter evitado isso também. Felizmente, como eu prezo muito a (boa) educação, vou parafrasear algo que Romário disse sobre Pelé há uns anos atrás. Algo que me parece apropriado ao seu comentário:

      "... sinceramente acho que devia pôr um sapato na boca, porque sempre que abre a boca fala m..."

      Bom, o resto o sr deve saber.
      Cumprimentos aí para casa e tal.

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    3. Ver vc falando da bomba, da pra perceber que não prestou atenção no filme ... uma pena escreveu muito e falou uma tonelada de abobrinha

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    4. O objetivo da bomba era destruir o canal que comunicava os dois mundos, em momento nenhum citou-se como objetivo destruir as instalações Kaiju. E caso o senhor LUZES não saiba, a fusão nuclear ainda não foi controlada, e o Gipsy Danger no filme é movido por motores com esse tipo de energia. Se você puder ver um pouquinho sobre isso na Wikipédia, vai descobrir que ela libera muito mais energia do que consome, portanto, é uma bomba atômica de alto valor destrutivo ambulante.

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    5. Esse LUZES é um Poser. O cara não falou coisa com coisa e veio aqui querer dar uma expert. Foi mal meu caro, andou foi longe disso e a besteira que você falou sobre a bomba foi a melhor. Aposto que você nem assistiu o filme e apenas repetiu o que um outro "sem noção" falou.

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  2. Este filme não nasceu pra ser uma obra de arte. Ele vem pra homenagear nossos heróis dá adolescência jaspion, changeman, gogo five, jiban, evangelion... Que moldaram a imaginação e a alegria das tardes de toda uma geração que assistia a tv manchete e a tv bandeirantes. Eu na infância botava uma máscara e empunhava uma espada gritando levante gigante guerreiro daleon... Agora se vc se fantasiava de shakespeare se questionando ser ou não ser sentindo as dores de dostoievski aos 10 anos, ou mesmo rindo do cinema mudo de chaplin paciência não vai gostar do filme mesmo... E para Del Toro deixo meu muito obrigado por trazer de volta lembranças de uma época tão feliz e boba de minha vida, onde o pseudo intelectualismo dava vez a inocência de assistir black came rider rx

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    1. Perfeita sua colocação amigo, a crítica quis por em questão algo que o próprio diretor não pois, a pretensão de ser além de um blockbuster. E acredito que compará-lo a transformers e battership é no mínimo falta de bom senso.

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    2. Refiro expressamente na crítica a homenagem que Del Toro faz aos clássicos filmes de monstros, mas como digo, para mim essa homenagem falhou pelas razões que estão na crítica.

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  3. Critica burra e recheada de sentidos pseudo critico fracassado q so anima a si mesmo , e a pessoa q comenta ali Luzes parece conta fake do proprio critico q fala mais um bocado de merda , os semi critics imaginam q fazer boa critica e falar razoavelmente mal e escrever bem ... mas n fundo esta sendo um bando de noob geeks reclamaoes revolucionarios a imbecilidade igual universitário maconheiro querendo ter conteudo na marra para a sociedade.

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  4. Achei sua critica ridícula. Desculpa. Mas foi totalmente parcial. Dá pra perceber que você não é fã desse tipo de filme.

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    1. Eu gosto bastante deste género e tinha grandes expectativas, mas saí desiludido e explico o porque dessa desilusão na crítica. Obrigado

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  5. Critica ridícula, não acredito que li esse wall of text de besteiras.
    Vc com certeza não vive de fazer criticas de filmes.

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  6. Eu gostei do filme...porém eu sou amante dos filmes do Del Toro. Achei os efeitos e a estória do filme interessante. Não adianta querer comparar aos mega filmes tipo Avatar. Mas é um filme recheado de ação e baseado nos antigos desenhos que encantavam nossas manhãs assistindo a Tv Manchete. O problema sr. João é que críticas como as do Sr. impedem a produção de filmes fantásticos como Hellboy 3 que estou ansioso desde o segundo para que saia. Infelizmente não são os amantes de filmes que dão lucro para os filmes, são críticos com suas exímias baboseiras(porém liberdade de expressão). Para quem não assistiu, assista. Vale a pena!

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    1. É isso, tenho certeza que vai ser interessante....

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  7. Parei de ler quando vi a palavra "medíocre", se vocês acham o filme tão ridículo assim, virem diretores, roteiristas, fiquem ricos e depois façam um filme melhor :)

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  8. Concordo plenamente, criticas com lado pre definido nao serve para nada.

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  9. Realmente, exagerou um pouquinho.... acho que o filme foi um pouquinho melhor do que tu descrevestes....

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  10. Medíocre foi a critica.

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  11. Só exagerou um pouco, mas achei um bom filme, ele tem muitos detalhes de outros filmes, além de certa influência de um certo game chamado Omega Boost do antigo PS1, a entrada do game é praticamente mostra a base onde é feita os robôs e manutenção dos mesmo no filme, (http://youtu.be/h72CcSg0z_Q) só trocaram o vírus do game, por monstros de outro planeta.

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  12. Não entendo o porque de críticas tão pesadas. Opinião para filme é algo muito pessoal, muito particular, mas acho que você esperava uma coisa do filme que o próprio diretor provavelmente nunca teve a intenção de oferecer.

    Paguei o ingresso para assistir um filme apocalíptico ,com robores e monstros gigantescos, com muita ação e excelente visual, e foi isso que aconteceu. Por mim, nota 10.

    Respeito quem não curtiu. Mas acho que você , crítico, foi excessivamente arrogante e exagerado nas críticas. Talvez já tivesse ido assistir inclinado a não gostar , não sei. Talvez não seja um fã do gênero.

    De qualquer forma, parabéns pela iniciativa e boa sorte nas próximas críticas.

    Abs

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  13. Comparar esse filme com mangás e tokusatsos de sucesso como jaspion não tem o menor sentido. Esse filme é uma afronta aos fãs desse tipo de mídia. Horrível e sofrível. A crítica pegou até leve demais.

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  14. Crítica medíocre e sem nexo.
    Assisti o filme antes de ler essa crítica, ainda bem.
    Não queria ter minha opinião sobre o filme influenciada por crítica de alguém que não considera nada do trabalho artístico de roteiro, direção e produção do filme - que foi muito bem feita -. O filme entregou até mais do que prometeu: Ação, a luta entre robôs gigantes e criaturas colossais ao som de uma música digna de videogame.

    Era exatamente isso que busquei quando assisti o filme e fiquei imensamente satisfeito.

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  15. Eu achei o filme ótimo, e como cada um posta o que quer, assim como esta crítica "irritante", esta é minha opinião!

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  16. Acabei de ver em casa, para mim foi dos piores filmes que já vi... O argumento é fraquíssimo, completamente banal. Tem boas cenas de acção, apenas isso.
    Ao pé disto, os Power Rangers são super interessantes...

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  17. The it was awsome you all nigga are against fuck of all of you nigga I love the movie u know its kind nice great
    And you bitch if wanna talk about the transformers or make your on movie bitch and kill my vibe coz I live the bitch if you don't do better don't criticise bitch

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  18. Spin Off de Transformers??? PQP Meus olhos estão ardendo até agora!! Bicho.. tem tantas referências no filme, tantas analogias e o demônio do crítico lembra de apenas de Transformers.

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  19. Critica mais burra que já tive o desprazer de ler...

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