Crítica - Oldboy (2013)

Realizado por Spike Lee 
Com Samuel L. Jackson, Josh Brolin, Elizabeth Olsen 

Se já teve o prazer de ver a versão original do magnifico “Oldboy”, da autoria de Chan-wook Park, então já sabe que este é, por ventura, um dos melhores projetos sul-coreanos dos últimos anos, sendo também um dos projetos mais populares junto dos fãs dos géneros cinematográficos mais intensos e violentos, por isso ninguém estranhou quando Hollywood decidiu aproveitar esta sua gigante onda de popularidade para produzir uma dispensável versão americana que, como já se esperava, é uma gigantesca trapalhada que não faz qualquer espécie de justiça ao filme original, cuja imagem de profunda qualidade é completamente arrastada para a lama por causa desta terrível produção ocidental, que não é mais que um ultraje capitalista contra uma peça de qualidade do cinema asiático que merecia mais respeito e, pelo menos, um pouco mais de atenção e cuidado por parte do mundo ocidental, que agora tem a sua própria versão da produção de luxo criada por Chan-wook Park. Mas verdade seja dita que esta versão não tem sequer um terço da qualidade do filme asiático, onde também seguimos a história de um homem que foi capturado e aprisionado por mais de vinte anos por um homem misterioso que, certo dia e sem qualquer aviso, decide devolver-lhe aquilo que mais deseja, ou seja, sua liberdade, mas quando o faz revela-lhe que ele tem apenas quatro dias para descobrir a razão da sua prisão forçada e que, se não conseguir cumprir este desafio, a sua jovem filha será morta.


Esta penosa versão de Spike Lee partilha várias semelhanças importantes com o acalmado projeto de Chan-wook Park, mas torna-se rapidamente evidente, para qualquer um, que esta versão ocidental não é mais que um remake rasca e lamentável dessa produção de culto de origem sul-coreana. Porque embora partilhem o mesmo suporte narrativo, ou seja, o mangá “Oldboy”, da autoria de Garon Tsuchiya e Nobuaki Minegishi, percebe-se facilmente que Spike Lee e Mark Protosevich (Guionista) conferiram ao argumento desta nova adaptação um tratamento muito mais simplista e desgarrado que o do magistral projeto de Chan-wook Park, que na sua versão original teve o cuidado de incutir à jornada de Dae-su Oh/ Joe um espírito bastante negro e forçosamente empolgante, que acabou por reforçar em pleno os importantes aspetos violentos e cerebrais que estão inerentes à complexidade física e moral da sua trama, que assim ganhou também um claro vigor dramático e praticamente colérico que, infelizmente, nem sequer se faz sentir neste remake, cujo guião não se preocupa sequer em valorizar a componente emocional e moral da intriga, já que todo o seu enfoque narrativo parece dirigir-se apenas à violência física.
É claro que a violência é uma parte fulcral e até mesmo central da jornada de Dae-su Oh/ Joe, mas esta importante componente subdivide-se, naturalmente, numa parte física e numa parte emocional que andam sempre de mãos dadas durante todo o desenrolar da intensa e ritmada jornada do anti-herói, mas neste remake, Lee e Protosevich optaram por não prestar assim tanta atenção à componente cerebral da história, sendo por isso que todo o filme é constantemente agastado por um claro sentimento de imperfeição e incapacidade, que o torna forçosamente num projeto mais vazio e muito menos intenso ou interessante que, por exemplo, o já clássico de culto da autoria de Chan-wook Park, onde há sempre tempo e espaço para desenvolver todos os deliciosos detalhes e condicionantes da vibrante jornada do protagonista. É pena, mas já se esperava que esta versão americana de "Oldboy" fosse um gigantesco desastre cinematográfico, sobretudo quando comparado com a elogiada versão original. No fundo, é um projeto superficial, trapalhão, incompleto e muito pobre, onde Spike Lee mostra muito pouco da sua já conhecida faceta criativa e versátil, sendo bem evidente para todos os que conhecem a sua filmografia que este seu novo protejo não tem o seu categórico cunho pessoal, aliás este projeto nem sequer tem o ar de ser um filme de Spike Lee, mas sim um projeto capitalista de segunda categoria e sem qualquer imaginação, que apenas parece ter sido produzido com a única intenção minimalista de chocar o espetador, algo que o condenou desde logo a um fracasso gigantesco a todos os níveis possíveis e imaginários. Em suma, "Oldboy" é um ultraje. 

 Classificação - 1,5 Estrelas em 5

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15 Comentários

  1. Completamente em desacordo, palavra por palavra com a critica. Oldboy,é para já das grandes obras primas deste ano e destrói completamente o original coreano que de qualidade não tem nenhuma. Neste caso o remake é melhor que original, é difícil mas aconteceu felizmente desta vez.

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    1. "o original coreano que de qualidade não tem nenhuma".

      Deixei de levar a sério o comentário depois de ter lido isto.

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    2. Ricardo Silva defecou pela boca, infelizmente.
      Trata-se de um ser que não entende nada de cinema.

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    3. Filme ruim da porra, praticamente cai no ridículo. Não chega nem perto do filme original.

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    4. O cara só comentou merda aí em cima...deve ser um puxa saco de Hollywood...
      esse remake não tem nada de Old Boy...
      Filme água com açucar...

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  2. João pinto: classificação 1.5!! então deve ser um excelente filme...Estou ansioso para o ver.

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    1. Duvido, no geral o filme tem tido não muito além dessa nota.

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  3. É a critica de um fanático pelo filme coreano que, apesar de genial, é superável. E mesmo depois de ler, tenho duvidas se realmente viu esse filme, que ainda não estreou no Brasil e mesmo que tenha assistido, vou assistir com certeza.

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    1. Melhor comment aqui. E sim, de facto é superável. Mas pelo que tenho visto de reações de críticos profissionais e não só, não foi desta.

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  4. JOÃO PINTO é um péssimo critico, ponto!

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  5. Remake fraquíssimo do ótimo filme coreano. Direção frouxa, atuações canastras, filme totalmente dispensável.

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    1. Esperar atuação "não canastra" de um filme do spike lee é o mesmo que esperar alguém peidar perfume. Não viaja, o remake é re-leitura. Cada qual com a sua qualidade. Prefiro o original, é o melhor roteiro que já vi. Mas o remake cumpre com o seu propósito.

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  6. foi necessário paciência para terminar de assistir este remake

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  7. Vi algumas cenas da versão americana, e, sinceramente, não me interesso nenhum pouco em assistí-lo. Muito se critica as atuações asiáticas, afirmando que têm um tom ingênuo, quase infantil. Eu mesmo por muitos anos fui um destes críticos, até o dia que assisti Old Boy (o coreano, lógico).

    O problema não está nas atuações, mas sim na nossa capacidade de perceber os sentimentos. Estamos tão acostumados com este fast food de filmes chamado Hollywood, com suas atuações frias e sem sabor ou sentimento algum, que, quando vemos uma atuação com verdadeiro emprego dos sentimentos, estranhamos.

    Talvez alguém argumente sobre os roteiros. Neste ponto não entro em debate, entretanto uma coisa posso afirmar: o roteiro do Old Boy coreano é perfeito; as atuações, com sua forte carga sentimental, bem típica do cinema asiático, encaixa-se como uma luva à história; as câmeras nas cenas de ação foi simplesmente tudo o que eu sonhei por anos ver em um filme (sem closes desnecessários que acabam nos tirando a visão geral no qual acontece, dando, assim, uma percepção melhor sobre a cena e sua magnetude. Se fosse um filme do Van Dame, com seus closes nos chutes ou no rosto de um dos caras que levou um soco, a cena dos capangas contra Dae-su jamais alcançaria o status de épica e perfeita.)

    Com respeito às opniões alheias, creio que o Old Boy americano foi erro grotesco. Se, ao menos, fosse dirigido por Tarantino, quem sabe. Mas, mesmo que dirigido por Quentin, que possui um estilo "semelhante" ao do original, ainda teria minhas dúvidas. Mas, o que está feito, está feito...

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