Crítica - How To Train Your Dragon 2 (2014)

Realizado por Dean DeBlois 
Com Jay Baruchel, Gerard Butler, Craig Ferguson 

Já passaram quatro anos desde a surpreendente estreia de “How To Train Your Dragon”, um competente produto da DreamWorks Animation que, apesar de não ter superado a faturação das várias entregas de populares franchises da mesma produtora, como “Shrek”, “Kung Fu Panda” ou “Madagascar”, conseguiu ainda assim prender o grande público à sua energética intriga repleta de sequências de ação e aventura. O seu grande sucesso levou à produção desta sequela que, felizmente, mantém os parâmetros de qualidade do seu elogiado antecessor, estando por isso igualmente bem conseguida dentro dos aspetos técnicos, apresentando também uma intriga empolgante e um pouco mais madura e familiar, onde voltamos a acompanhar uma energética aventura do agora adolescente Hiccup que, juntamente com o seu fiel dragão Toothless e os seus amigos Astrid e Snotlout, parte para uma grande batalha contra poderosas forças que têm o poder de mudar para pior a relação entre homens e dragões.
A principal mais valia de “How To Train Your Dragon 2” está presente, como já se esperava, na sua componente gráfica, que resulta de um trabalho quase perfecionista de uma equipa de especialistas em animação computorizada que, após o excelente trabalho que tiveram no filme original, repetiram o sucesso do passado e conseguiram criar, uma vez mais, um mundo mágico e energético cheio de cenários impressionantes, personagens detalhadas e sequências de ação repletas de cor, ação e fantasia que puxam, quase de igual forma, pelo mesmo tipo de entretenimento e entusiasmo dos espetadores de idades dispares. Esta competente componente tem, portanto, um apelo universal que confere uma dimensão extra a este entusiasmante projeto de animação que, para além de bons gráficos e curiosas sequências de ação, também é composto por um guião bem divertido e interessante para todas as idades. É claro que os mais novos vibrarão um pouco mais com as suas elevadas doses de fantasia, mas os mais velhos também não se sentirão à parte da nova aventura de Hiccup e Toothless.



E o que é que esta nova jornada destes dois protagonistas tem de novo em relação à anterior? Para começar, a história de “How To Train Your Dragon 2” é mais madura e, com isso, mais interessante a um nível humano e dramático, mantendo no entanto a estrutura familiar que já marcou de forma positiva o filme original. Esta onda de maturidade manifesta-se, sobretudo, na evolução emocional do jovem Hiccup, que aparece-nos aqui já como um adolescente que começa a denotar as qualidades de um líder destemido, apesar de não considerar que está pronto para assumir o cargo de líder que, eventualmente, poderá por direito pertencer-lhe, no entanto, por força de trágicas circunstâncias que dão um toque dramático ao apogeu do enredo, Hiccup acaba por fazer frente aos seus preocupantes medos e inseguranças e, com a ajuda dos seus companheiros e de uma personagem bem importante, consegue salvar, uma vez mais, a sua pequena tribo da destruição. A grande conclusão moral do protagonista é esta, mas pelo meio a sua vida também é abalada pelo aparecimento de uma figura do seu passado que ele julgava perdida, mas que agora regressa à sua vida para o guiar em direção a um fulgurante caminho de maturidade e para, de certa forma, justificar a sua ampla ligação com os dragões. O aparecimento desta importante personagem confere um novo parâmetro de dramatismo à vida do protagonistas e, apesar de não ser devidamente potencializada, acaba mesmo por acrescentar um excelente toque familiar à história, que acaba também por servir como um excelente complemento à jornada pessoal de crescimento de Hiccup que, opostamente ao que aconteceu no primeiro filme, passa por uma real montanha russa de emoções e eventos que o fazem crescer como líder e homem. O que também é interessante de acompanhar nesta sequela é o desenvolvimento atribulado da poderosa ligação entre Hiccup e Toothless, que após terem criado um laço muito especial no primeiro filme, vêm a sua relação de amizade cair perante influências externas que quase levam ao seu afastamento irrevogável, mas por força do já previsível poder da amizade e da já conhecida persistências de ambas as partes conseguem, apesar de tudo, emendar e até fortalecer a sua tão especial ligação. É claro que na origem de todas estas grandes mudanças dramáticas e familiares está o aparecimento de um catalisador vilanesco que assume a forma de um novo inimigo que traz, finalmente, à saga um verdadeiro vilão que, embora esteja longe de ser memorável, consegue puxar por uma vertente mais aventurosa e bélica. É graças aos planos deste vilão que Hiccup perde a sua inocência e Toothless perde a sua liberdade, mas após perderem pontos fortes das suas respetivas vidas, estes dois protagonistas acabam por aproveitar a tragédia para singrarem perante o mal que, como já se esperava, sofre uma esperada derrota que faz com que Hiccup atinja o seu potencial juntamente com um Toothless que, no seio da sua espécie, também conquista uma posição de respeito. O filme acaba portanto com os dois amigos mais adultos e no topo das hierarquias das suas respetivas espécies, algo que prepara desde logo o espetador para um terceiro capítulo que mostrará os dois já na fase adulta. 
A saga “How To Train Your Dragon” tem nesta sequela mais uma importante vitória. O terceiro capitulo do franchise já está confirmado, mas antes chegará às televisões uma série que, previsivelmente, irá mostrar o que aconteceu nos cinco anos que se passaram desde o final do primeiro filme até ao inicio desta segunda obra. É verdade que “How To Train Your Dragon” não é a saga mais rentável da DreamWorks Animations, mas é uma das mais bem conseguidas a nível narrativo e técnico, superando até, no meu entender, o popular franchise “Kung Fu Panda”. Esta sua segunda entrega é mais uma prova da sua qualidade, servindo também como prova do seu potencial para cativar espetadores de diferentes idades, já que “How To Train Your Dragon” não é um daqueles filmes animados demasiado infantis ou banais.

Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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