A quarta temporada da série "Game of Thrones" já terminou e, como se esperava, teve um nível bem acima da média. O mundo televisivo já está rendido há algum tempo a esta aposta de sucesso da HBO, que tem como base a excelente saga literária "A Song of Ice and Fire", da autoria de George R. R. Martin, saga essa que, convém recordar, ainda nem sequer foi concluída no universo literário. As últimas temporadas de "Game of Thrones" foram, no mínimo, muito interessantes e conseguiram chocar, surpreender e cativar os espetadores com a inerente qualidade da história e o poderio técnico dos episódios, mas também com grandes reviravoltas e mortes espetaculares que ficarão para sempre para a história televisiva. Entre os grandes casos de sucesso está, como é óbvio, o infame Casamento Vermelho, que foi retratado no episódio "The Rains of Castamere", o penúltimo da terceira temporada, e que de uma forma agressiva e inesperada arrumou com duas grandes personagens da série, Catelyn (???) e Robb Stark. Esta surpresa já tinha sido antecedida, por exemplo, pelo inesperado decapitamento do protagonista Ned Stark no episódio "Baelor", o penúltimo da primeira temporada, bem como a de outras mortes menos agressivas mas igualmente surpreendentes, como a das personagens Robert Baratheon, Viserys Targaryen ou Khal Drogo, que também desapareceram na primeira temporada que, já agora, ficou marcada pela espetacular cena de violação matrimonial protagonizada por Drogo e Daenerys Targaryen, uma personagem agora bem central que no final da primeira temporada foi responsável por outra grande cena que marcou a estreia dos tão populares três dragões em "Game of Thrones". É claro que a estes momentos icónicos juntam-se muitos outros, aliás não há um único episódio em "Game of Thrones" que não tenha, pelo menos, um evento surpreendente ou espetacular, afinal de contas quem não se lembra também da épica batalha de Blackwater, que antecedeu o último episódio da segunda temporada, que já agora terminou com aquela imagem marcante e até agora impressionante do exército de White Walkers e Zombies a marchar em direção à Grande Muralha do Norte. A queda de Winterfell perante as garras traidoras de Theon Greyjoy que, posteriormente, foi alvo de algumas das sequências de tortura mais brutais de sempre numa série televisiva; o ataque de Daenerys Targaryen e dos seus Dragões e Aliados contra as Cidades Escravas; a saga de Arya Star para fugir a todos os perigos que lhe aparecem à frente ou as guerras políticas travadas por Tyrion Lannister e os outros Lannisters em King's Landing são, apenas, alguns dos momentos que ficaram na memória nas temporadas anteriores.
Esta quarta temporada também teve muitas surpresas e muitos eventos espetaculares. Um dos mais esperados e deliciosamente justos foi a morte do jovem e arrogante Rei Joffrey, que caiu logo no episódio "The Lion and the Rose", o segundo da temporada, que se focou quase em exclusivo no Casamento Roxo, que apesar de não ter sido tão escandaloso e brutal como o Casamento Vermelho, conseguiu deixar muitos fãs satisfeitos graças à morte de uma das personagens mais detestáveis desta série. Este trágico evento foi o catalizador para o início dos tormentos de Tyrion, que após ter sido acusado de regicidio, teve que enfrentar um julgamento um bocado unidimensional que culminou num dos grandes momentos da temporada, o julgamento por combate que opôs o temido The Mountain, o campeão de Cersei Lannister, contra o Príncipe Oberyn, o campeão de Tyrion Lannister. Este grande combate foi retratado no episódio "The Mountain and the Viper" e trouxe um final trágico à personagem do Príncipe Oberyn, que apareceu pela primeira vez nesta quarta temporada e que até conseguiu reunir rapidamente o afeto dos espetadores devido à sua personalidade direta e à sua competente forma de estar dentro do jogo político de King's Landing, mas esta grande personagem acabou por ter um fim precoce mas deliciosamente espetacular num dos melhores combates individuais que, até agora, tivemos oportunidade de ver. A conclusão épica desse combate é, aliás, a grande imagem que me fica desta quarta temporada, que teve ainda outros momentos de grande tensão e morte, como a grande batalha dos Selvagens contra a Night's Watch, que foi retratada na totalidade no episódio "The Watchers on the Wall", que no final terminou com a inesperada vitória da Night's Watch e consolidou o guerreiro John Snow como o líder inerente desta organização, sendo que pelo meio da batalha, Snow perdeu a sua amada Ygritte, naquele que foi um dos momentos mais tristes e românticos de toda a série. A batalha em si não foi das mais espetaculares, mas cumpriu a função e teve alguns bons momentos, mas é claro que, até ao momento, a grande batalha de Blackwater mantém o título de guerra mais épica desta série. O homicídio da Lady Lysa Arryn às mãos de Petyr Baelish também foi um momento marcante, não tanto pela morte da personagem secundária e irritante, mas pela confirmação oficial da inclusão de Baelish na guerra pelo Trono de Ferro, bem como pelo amadurecimento já tardio de Sansa Stark, que nos episódios "Mockingbird" e "The Mountain and the Viper" deixou de ser uma menina chorona e mimada para passar a ser uma mulher com cérebro e com algum pulso no jogo político. Em relação aos Starks, há também que destacar o crescimento sociopata da jovem Arya, que continua a sua viagem pelos Sete Reinos e que, nesta quarta temporada, começou a mostrar o seu lado sanguinário, já que começou a matar homens e a fazer listas de quem quer matar. Este inesperado comportamento violento foi, certamente, um dos desenvolvimentos mais engraçados de acompanhar até agora, porque a doce mas masculina Arya das primeiras temporadas já quase desapareceu, tendo agora
dado lugar a uma jovem fria e destemida que já não tem medo de nada, fruto porventura da influência do guerreiro The Hound, que no último episódio desta temporada, "The Children", pode ter desaparecido de vez da série. Será muito interessante ver o que Arya fará no próximo ano, já que esta quarta temporada acabou com o início de uma nova etapa da sua viagem, que desta vez será feita a solo.
Uma das personagens mais esquecidas e negligenciadas pela série é, por ventura, o jovem paralítico Bran Stark, que continua a sua viagem para lá da Grande Muralha e que, no último episódio da temporada, chegou finalmente ao seu destino, apesar de ter perdido pelo caminho o seu grande amigo Jojen. A quinta temporada terá, provavelmente, um pouco mais de Bran que, pelo que foi dito no final da agora finda temporada, poderá vir a ter um papel decisivo no futuro da série, sobretudo em relação aos dragões de Daenerys Targaryen. Esta personagem, que nas últimas temporadas teve muita influência, pouco apareceu nesta temporada e não teve muito que fazer, sendo apenas de destacar o seu pequeno envolvimento sexual com Daario e o seu surpreendente afastamento politico de Jorah, que até agora tinha sido um dos seus grandes aliados. A jovem Targaryen também tomou a decisão de ficar, por agora, pelas Cidades Escravas para manter a paz e foi ainda obrigada a prender os seus dragões em masmorras, isto após o seu comportamento violento ter começado a entrar por caminhos perigosos. O último episódio da temporada trouxe-nos também a vingança de Tyrion Lannister que, após ter sido condenado à morte, conseguiu fugir da prisão graças à preciosa ajuda do seu irmão maneta Jaime, mas antes de sair de King's Landing, passou pelo quarto do seu pai, TywinLannister, para o matar, mas antes de o fazer ainda teve tempo para estrangular a sua ex-amante Shae, que agora andava a dormir com Tywin. Este duplo homicídio foi claramente um dos pontos altos do final da temporada, tal como a chegada de Stannis Baratheon à Grande Muralha para, quem sabe, aliar-se aos Selvagens para ganhar o exército que tanto precisa para conquistar os Sete Reinos.
Em jeito de conclusão, porque não destacar a surpreendente e polémica violação de Jamie contra Cersei durante o funeral de Joffrey no episódio "Breaker of Chains", algo que não aparece nos livros. E também tenho que dar um particular destaque à sempre divertida presença de Ramsay Bolton, uma das personagens mais sociopatas da série, que continuou nesta temporada a torturar com prazer o apagado Theon e que nos leva a questionar o que está reservado para esta dupla curiosa. Num plano mais secundário e misterioso, um dos eventos mais inexplicáveis da série apareceu no final do episódio "Oathkeeper", que mostrou finalmente o que é que os White Walkers fazem com os bébés masculinos que recebiam de Craster's Keep, mas esta demonstração algo curiosa acabou por não dar nenhuma resposta, aumentando por isso o secretismo em relação aos poderes e objetivos desta raça que se presume maléfica. E o leitor, o que achou desta quarta temporada? E o que acha desta série? E o que espera da sua quinta temporada? O que acontecerá ao agora orfão e homicida Tyrion Lannister durante a sua fuga? O heróico John Snow vai conseguir impor a sua lei na Night's Watch? O joven Bran Stark conseguirá fazer face ao seu destino? A pacifista Daenerys Targaryen conseguirá controlar os seus dragões e reinar em paz nas Cidades Escravas? A sociopata Arya Stark terá sucesso nesta sua nova viagem a solo? A Rainha Cersei conseguirá agora liderar a seu belo prazer a Família Lannister e King's Landing sem a presença de Tyrion e Tywin? E o que podemos esperar dos wild cards Stannis Baratheon e Petyr Baelish? Será que aparecerá mais algum jogador importante neste jogo? Ou será que iremos ter um regresso chocante? E afinal quais são os planos dos White Walkers? Não se preocupe, a quinta temporada de "Game of Thrones" poderá dar a resposta a muitas destas questões.
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