Crítica - Wonderstruck (2017)

Realizado por Todd Haynes
Com Julianne Moore, Oakes Fegley, Michelle Williams

Após ter apresentado em 2015 o sublime "Carol", Todd Haynes volta a apresentar ao público um filme acima da média. É certo que não é tão poderoso e excepcional como "Carol", mas "Wonderstruck" tem valor, até porque se trata de um drama que apela imenso à fantasia e à criatividade. 
A sua história segue dois jovens surdos, em diferentes épocas, que são atraídos pelo mesmo livro e que viajam até Nova Iorque à procura de respostas, sendo nesta grande cidade que encontram a ligação que os une. 
É importante realçar que não é à toa que os dois jovens são surdos, já que "Wonderstruck" é um hino à sensibilização dos problemas que afetam as pessoas com problemas de audição. O filme inteiro está moldado e construído no sentido de sensibilizar o espectador, mas também no sentido de tornar este projeto em algo diferente que puxa por uma temática importante. 
No que toca à história de um dos jovens, "Wonderstruck" chega mesmo a tornar-se num puro filme mudo que presta homenagem aos antigos clássicos. No segmento desse jovem não existem diálogos e o único som que se ouve é mesmo o da banda sonora. Também na história do outro jovem há poucos diálogos, mas estes acabam por existir com maior frequência, até para ilustrar a dificuldade de um surdo em interagir com pessoas que ouvem bem. 


Já se deve ter apercebido que a banda sonora é um elemento preponderante e muito importante no seio do filme. Embora esteja bem conseguida, a banda sonora composta por Carter Burwell apresenta certas falhas no que toca à coordenação com as mensagens da trama, mas ainda assim o resultado é positivo.  É certo que poderia ser um pouco mais poderosa ou emocionalmente competitiva, mas cumpre a sua função. 
Já o seu argumento não está assim tão bem afinado. No final compreende-se o intuíto base do enredo, mas embora a história apele a ideias de liberdade, imaginação, comunicação e criatividade acaba por ser bastante seca na sua conjetura global. A divisão entre épocas é intrigante e acaba por ter um sentido muito próprio, mas em conjunto as duas histórias acabam por não resultar tão bem como poderiam em separado, especialmente na parte inicial. O problema é que nenhum dos dois segmentos centrais começa por ser bem explicado e isso acaba por torná-los confusos e por passar uma ideia (errada) de falta de lógica. 
Embora se compreenda no final o grande objetivo de ambos os segmentos, a viagem até essa revelação não obedece à melhor estrutura possível. Faltou porventura uma maior aposta num melhor elo ligação entre os segmentos, pelo menos na sua parte inicial. E aqui talvez a banda sonora pudesse ter ajudado bem mais. 
Em todo o caso, "Wonderstruck" tem um bom valor. Não é memorável, mas é um filme diferente e interessante que conta com duas boas performances centrais dos jovens Oakes Fegley e Millicent Simmonds. Pode-se resumir como im bom filme para adultos que acompanha uma história de duas crianças à procura do seu lugar no mundo. 

Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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1 Comentários

  1. Por que a avó nunca procurou o neto? Se ela sabia o nome dele, por que o abandonou? O pai nunca falou dela para o filho?

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