Crítica - Imagens Proibidas (2019)

Realizado por Hugo Diogo 
Com Elmano Sancho, Diana Costa e Silva, Ana Vilela da Costa

Será injusto afirmar que, atendendo à realidade económica do Cinema em Portugal, não se pode falar de Cinema Português Comercial ou Cinema Português Independente? É certo que a Realidade Portuguesa está longe da realidade Americana, Francesa, Italiana ou Brasileira, por exemplo. Estamos a falar de países com uma Indústria Cinematográfica com uma maior capacidade de produção, uma maior capacidade financeira e um maior conjunto de oportunidade onde, realmente, é mais fácil fazer a clássica divisão entre Cinema Independente e Comercial.
Mas o que é certo é que sempre foi possível (mais até nos últimos tempos) encontrar, em Portugal, filmes que podem ser divididos em produtos mais Independentes ou produtos mais Comerciais atendendo à diferença de orçamentos, apoios e financiamentos, assim como aos seus estilos mais particulares. É certo que um país onde são produzidos, em média, menos de 20 Longas-Metragens de Ficção por ano e, desses 20 projetos, cerca de 80% são produzidas com apoios estaduais ou comunitários e onde 95% apresentam um orçamento bastante reduzido, pode parecer ridículo fazer este exercício de separação. Mas o que é certo é que não é só o Orçamento que caracteriza esta Divisão, também o Público-Alvo, a Difusão e o Estilo ajudam a cimentar uma classificação entre Comercial e Indie. 
E por isso muito se tem falado da recente Impulsão do Cinema Indie Português. É certo que o chamado Cinema Comercial também tem sido alvo de uma grande expansão, mais até por via de comédias de qualidade como “ A Gaiola Dourada” e “Parque Mayer”, ou até comédias mais sofríveis como os recentes remake de “Canção de Lisboa”  ou “O Leão da Estrela”. Mas é o Cinema Independente Português que mais tem gerado bom feedback, quer internamente, quer externamente. Basta olhar para os exemplos recentes de “São Jorge”, “O Ornitólogo”, “Gelo”, “Pecado fatal”, “Uma Vida Sublime” ou “Carga” para perceber, realmente, o que melhor representa o Cinema Independente em vários Géneros. Todos estes filmes foram sucessos no Estrangeiro e também tiveram bom feedback em Portugal, pese embora não terem atingido o patamar de sucesso comercial que o péssimo remake de “O Pátio Das Cantigas” alcançou, por exemplo. 
Neste onda do Novo e Moderno Cinema Independente Português têm surgido, para além dos supra citados exemplos, mais filmes que tentam explorar géneros pouco abordados pelo cinema português. Em 2018, por exemplo, para além de “Carga” no campo dos Thrillers, tivemos também o caso “Inner Ghosts”, um filme de Terror que tentou replicar fórmulas do Cinema de Hollywood. Surge-nos, agora, este “Imagens Proibidas”, um filme que se pode classificar como Thriller Romântico e que, efetivamente, representa a essência do Cinema Indie Português. Sem grandes apoios e com uma equipa sem grande nome profissional, “Imagens Proibidas” representa mais um passo na direção certa.
É certo que está longe de ser uma obra prima do Cinema Português Moderno, revela-se um exemplo muito curioso deste estilo emergente. Baseado num romance de Pedro Paixão, “Imagens Proibidas” conta-nos a história de David, um escritor radicado em Londres que regressa a Portugal numa tentativa de esquecer um grande amor e encontrar um novo significado para a sua vida. Em Lisboa, percebe que tudo mudou: a cidade, a família, os amigos. Junta material para escrever um livro e fazer uma série de fotografias. Com este projecto, David procura recriar o amor entre duas mulheres que nunca se conheceram, fotografando uma e depois a outra, permitindo às duas que comuniquem apenas através de si e das imagens que regista…
Embora jogue com certos estereótipos e, por vezes, apresente certos desvaneios narrativos e técnicos dignos de um telefilme barato, “Imagens Proibidas” apresenta alguns valores positivos, como por exemplo um realizador com vontade de apostar em algo diferente e um elenco pouco conhecido mas muito capaz. De positivo tem, também, na sua origem um bom conceito que nos vai apresentando razoáveis finalizações e detalhes, mas que, infelizmente, nunca chega a dar aquele salto para o surpreendente ou para o intrigante. O início do enredo promete, mas a conclusão desilude, sendo esta antecipada por um desenvolvimento ameno que parecer querer chegar a um certo lugar/ ponto, mas que nunca consegue. Em todo o caso a ideia era boa, mas a concretização precisava, efetivamente, de algo mais do que boas inspirações. 

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