Especial MOTELx 2019 - Entrevista a Guilherme Afonso e Miguel Madaíl de Freitas, Realizadores de Don’t Feed These Animals

Tal como em edições anteriores, o Portal Cinema volta a aliar-se ao MOTELx para vos trazer 10 Entrevistas com os criadores das 10 Curtas-Metragens a concurso ao Prémio Melhor Curta de Terror Portuguesa / Méliès d'Argent. A entrevista que se segue foi feita a Guilherme Afonso e Miguel Madaíl de Freitas, realizadores da curta de animação Don’t Feed These Animals.



REALIZAÇÃO Guilherme Afonso, Miguel Madaíl de Freitas 
ARGUMENTO Guilherme Afonso, Miguel Madaíl de Freitas, José Alves da Silva 
PRODUÇÃO Guilherme Afonso 
EXIBIÇÃO: 11 Setembro 2019 às 21h10 no Cinema São Jorge - Sala Manoel de Oliveira e Sábado, 14 Setembro 2019 às 13h00 no Cinema São Jorge Sala 3

SINOPSE - Num laboratório, um coelho lobotomizado dá vida a uma cenoura inteligente e gigante e, por acidente, dá também vida a uma vil cebola com planos maléficos. Agora, cenoura e coelho terão de pôr as suas diferenças de parte e unir esforços, para, juntos, eliminar esta ameaça.

Portal Cinema – Antes de explorarmos um pouco o projeto que vem apresentar ao MOTELx 2019, gostaria que falasse um pouco sobre o seu percurso profissional até ao dia de hoje. Qual a sua formação? E o que fez antes de começar a trabalhar neste projeto?

Guilherme Afonso: Licenciei-me em Cinema, Vídeo e Comunicação Multimédia na Universidade Lusófona e, logo após terminar o curso, em 2008, juntamente com mais dois sócios, fundei a Nebula, uma produtora audiovisual com particular foco muito na animação digital e que opera tanto no mercado publicitário português como internacional. Desde essa altura que sempre quis realizar filmes criados por mim e por isso o trabalho na Nebula foi como que uma preparação para tornar esse sonho realidade.

Miguel Madaíl de Freitas: Ainda antes de terminar os estudos (no IADE e na ETIC) já fazia animação. A verdade é que a paixão por esta área me levou a descobrir muita coisa de forma autodidacta e mais tarde a procurar informação específica. Juntar-me à Nebula foi, mais que uma óptica de negócio, uma forma de estar. E após quase uma década de animação em publicidade e outras áreas complementares, pudemos, juntos, dar asas à criação duma obra de autor única em Portugal.

Portal Cinema – Quais são as suas principais influências cinematográficas? E, já que estamos a falar no enquadramento de um Festival de Terror, qual é o seu Top 3 de Filmes de Terror favoritos?

Guilherme Afonso e Miguel Madaíl de Freitas: As nossas principais influências cinematográficas passam por filmes de ficção científica e de cinema fantástico. Os dois géneros que, na nossa opinião, se associam bastante à animação e ao terror. Dentro do Top 3 de Filmes de Terror escolhemos um clássico, o “The Shining”; um cómico indispensável, “The Evil Dead”; e por uma pérola internacional mais moderna, “Let the Right One In”.

Portal Cinema – Tem algum sonho/objetivo em particular que pretenda alcançar no mundo cinematográfico?

Guilherme Afonso e Miguel Madaíl de Freitas:: O nosso grande objectivo é escrever e realizar uma longa de animação. Aliado a esse sonho, queremos contribuir também para a existência de mais e maior produção de animação em Portugal.

Portal Cinema – O que o levou a criar este projeto? E o projeto final ficou como imaginou?

Guilherme Afonso: Criar uma curta de animação era um sonho já antigo, algo que sempre quis fazer ao longo do meu percurso profissional. Um desejo já partilhado com o Miguel, com quem comecei a escrever e a desenvolver algumas ideias para criar essa curta. Mas no dia-a-dia de uma produtora publicitária nem sempre é fácil arranjar o tempo suficiente para agarrar e pôr em curso os projectos não comerciais. Apenas em 2016, sentimos que as condições estavam reunidas e decidimos avançar para a produção de um filme, onde contamos a história de um coelho lobotomizado - uma personagem criada pelo José Alves da Silva. Os três escrevemos a história, desenvolvemos a pré-produção e, com um grande investimento por parte da Nebula, conseguimos produzir o filme. Felizmente, considero que o filme ficou bastante coerente com o que imaginei ao princípio, apenas um pouco mais curto, pois inicialmente o guião tinha mais um par de cenas que resolvemos cortar na fase de animatic, de modo a não pesar muito na produção. E que ainda assim demorou quase três anos a ficar concluída.

Portal Cinema – Como criador, como o descreve? O que pode o espectador esperar e o que espera que ele sinta ao vê-lo?
Miguel Madaíl de Freitas:: Descrevo o filme como uma distopia cómico-dramática que gira em torno de um sentimento tão primal como a fome aliada ao instinto de sobrevivência. Podem esperar um filme com um grande cuidado visual e uma animação com um ritmo bastante rápido, que ao mesmo tempo está inserido num ambiente sinistro e arrepiante, cujo objectivo é suscitar diversos sentimentos no espectador. Uma montanha-russa de emoções.

Portal Cinema – O que significa a presença da sua curta na Competição Oficial do MOTELx? E perante isto quais são as suas expectativas globais (quer no festival, quer posteriormente) para a mesma?

Guilherme Afonso: Estar presente na competição oficial do MOTELx é uma grande honra para nós! É também uma validação do nosso filme. Sendo o único filme de animação na secção de Curta de Terror Portuguesa, penso que também esse detalhe o vai fazer sobressair, além de sabermos o seu valor de produção a nível de animação 3D realístico-estilizado. Posso dizer que temos tido uma aceitação muito boa nos festivais em que temos entrado a nível internacional: já contamos com mais de 50 selecções e mais de uma dezena de prémios. A nossa expectativa (e vontade) é que o filme continue a ser exibido pelo mundo fora e que seja visto pelo maior número de pessoas possível!

Portal Cinema – E o que nos pode dizer sobre os seus projectos futuros? O seu futuro profissional passará por Portugal ou poderá haver uma aposta no estrangeiro?

Guilherme Afonso e Miguel Madaíl de Freitas:: Neste momento desenvolvemos um projecto para uma série baseada no Universo criado para este filme, que iremos tentar vender para que seja produzida. Estamos a apostar no estrangeiro para a distribuição mas queremos, caso consigamos alcançar o financiamento necessário, produzir o máximo possível em Portugal.

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