Crítica - Loop (2020)

Realizado por Bruno Bini
Com Bruno Gagliasso, Branca Messina, Bia Abrantes

Cada vez mais e melhor, o Cinema Brasileiro entra por caminhos pouco trilhados no passado e, cada vez mais, começam a aparecer boas produções dentro do género fantástico.  Nos últimos tempos, por exemplo, podemos destacar “A repartição do Tempo” (2016) (Também passou por Portugal pelo FantasPorto) que brinca um pouco com o género, mas nenhum é tão assumido (dentro do campo das longas metragens claro está) como “Loop”, um filme de Bruno Bini que, após algumas passagens por festivais no Brasil, chegou a Portugal e foi exibido no FantasPorto 2020 com sucesso. Nesta obra seguimos a história de Daniel (Bruno Gagliasso) um jovem brilhante que, após perder a sua namorada, fica obcecado em arranjar uma forma de regressar ao passado e emendar erros que podem poupar a vida da sua amada. Graças às bases em física, Daniel encontra uma maneira de regressar ao passado, deixando para trás o seu futuro, mas rapidamente se apercebe que fica preso a um loop de eventos desastrosos



Se este filme marca o início da campanha do Brasil nos grandes filmes sci-fi, então podemos presumir que a jornada que se avizinha será promissora. Não sendo um filme perfeito, Bruno Bini e Companhia criaram aqui uma obra modesta mas muito interessante que não fica nada atrás de grandes produções de Hollywood com o triplo do orçamento. E as boas sensações começam logo com o ambiente e o estilo técnico do filme. Por força do talento de Bini e de uma equipa técnica igualmente habilidosa, “Loop” exibe um estilo visual muito cuidado e detalhado que vai sempre correspondendo ao tom, às exigências e ao ambiente específico do argumento. E destaco particularmente a sua fotografia sombria e sólida que joga com tons azuis e verdes com o objetivo de incutir aquele ambiente depressivo ao filme, mas também uma edição habilmente coordenada com as exigências do filme e, claro está, uma direção global de Bruno Bini bem acima da média. 
Para além de tecnicamente irrepreensível, “Loop” ganha (muitos) pontos graças ao seu elenco. Na pele do complexo Daniel, Bruno Gagliasso dá, como se diz no Brasil, um autêntico show. Uma grande performance deste competente ator já conhecido das Novelas da Globo, mas que nos últimos anos tem também tido grandes papeis no cinema e este é mais um deles. Seria também injusto não destacar Branca Messina, que interpreta a irmã do protagonista. A sua performance embora secundária e escondida atrás da de Bruno Gagliasso é, ainda assim, muito relevante e fundamental para o sucesso do filme. E isto acontecesse porque Messina e a sua Simone são, de certo modo, o consolo emocional do protagonista e seu respetivo intérprete e, sem ambas, o filme perderia um pouco da sua força emocional. 
O aspecto menos conseguido de “Loop” é o seu argumento. E não se quer com isto dizer que seja mau, mas perante a qualidade dos restantes acaba por ficar aquém. É importante referir que um argumento de um filme sobre viagens no tempo tem sempre uma tarefa difícil, já que tem quase que ser perfeito em todos os sentidos para brilhar e fazer justiça a ideia e ao conceito do projeto. É bastante perceptível a grande ideia de “Loop” e quais os seus objetivos primordiais, sendo até fácil de apreciar toda a ironia da saga de Daniel.  Mas faltou-lhe um pouco de requinte e, acima de tudo, um pouco mais de objetividade na hora de tratar certos temas que não posso aqui desvendar (spoilers), mas que estão ligados à lógica do loop que trilha o desenvolvimento e conclusão do filme. Ainda assim, Bini e a sua Equipa estiveram muito bem e apresentam algo do qual se podem orgulhar. E, acima de tudo, têm aqui uma grande base para um futuro promissor.

Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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