Crítica - Look at Me (2020)

Realizado por Nika Fehmiu
Com Hadley Robinson, John Gargan, Connor Vasile

"Look at Me", a primeira curta metragem profissional da promissora cineasta Nika Fehmiu, esteve para ser exibida em antestreia mundial no aclamado Tribeca Film Festival, antes deste ser adiado devido à pandemia do Covid-19. A boa notícia para Fehmiu e para a sua equipa é que a curta foi, ainda assim, disponibilizada na programação online do certame e nós tivemos a oportunidade de ver "Look At Me" numa sessão dedicada à imprensa. 
Trata-se de um filme imersivo que explora a incapacidade que a sociedade norte-americana parece ter, hoje em dia, em relacionar-se entre si de forma pessoal. E aborda este tema pela via da jornada de um jovem que, numa noite de Inverno na cidade de Nova York, vê o seu destino ser afectado por várias interações com estranhos, expondo assim uma verdade americana subjacente mais profunda. Quase seguindo a filosofia de "A Christmas Carol", o jovem protagonista é confrontado com várias personalidades que o fazem enfrentar o seu presente para mudar o seu futuro, sendo que estas personalidades são um pouco mais estranhas e modernas que os fantasmas da obra de Charles Dickens. Trata-se de yogi moderno, um pseudo ativista das redes sociais, um de primeira geração e um grupo de jovens perdidos. Em comum têm o facto de todos estarem vinculados ao forte desejo de serem vistos por alguém, mas incapazes de se interligarem pessoalmente da mesma forma que se conseguem interligar via a internet.
É um retrato moderno e filosófico sob o poder de um mundo preso às redes sociais e ao contacto virtual, mundo este que tem substituído um mundo de maior contacto e intimidade. Numa longa metragem a abordagem de tal tema poderia correr o risco de se perder em desvios laterais exagerados, pelo menos segundo a fórmula como nesta curta é abordada, mas neste formato de curta-metragem o tema consegue funcionar e Fehmiu consegue controlá-lo na perfeição. 

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