Com Alix Wilton Regan, Christian Slater, Glenn Close
Ao dia de hoje muitos são aqueles que consideram que a conquista do Óscar de Melhor Atriz por parte de Olivia Colman em 2018 por “The Favourite” foi uma das grandes injustiças recentes da Academia. E não o dizem para retirar mérito à grande performance de Colman no grande filme que é “The Favourite”, mas sim porque uma das suas rivais na categoria era a veterana Glenn Close que nos brindou no drama “The Wife” com uma performance soberba que merecia ser premiada com o Óscar. Partilho dessa opinião, porque por muito que tenha adorado a performance de Colman e a respeite como a grande atriz que é, considero que a interpretação de Close é simplesmente sublime e a entrega do Óscar a Close teria sido mais justa, apesar da sua performance estar inserida num filme bem menos poderoso que “The Favourite”. Talvez tenha sido isso que tenha pesado na decisão da Academia, mas é impossível não sentir, ainda assim, um sentimento de injustiça em relação ao grande trabalho de Glenn Close.
A veterana atriz interpreta Joan Castleman, uma mulher bonita e inteligente que durante anos foi a mulher perfeita. Ela sacrificou o seu próprio talento para ajudar o marido a seguir em frente na sua carreira de escritor, sacrifício esse que posteriormente volta a assombra-la quando o seu marido ganha o Prémio Nobel da Literatura pela sua carreira que só atingiu o pico que atingiu graças à criatividade da sua mulher. Esta honra que devia ser sua e não do seu marido leva Joan a entrar uma espiral descendente de inveja, ciúme e imprevisibilidade que a levam a questionar tudo e que poderá até por em causa a reputação do seu marido. A personagem de Joan é exigente, mas Close interpretou-a na perfeição, conseguindo elevar o papel da mulher dividida e à beira do limite para um patamar que supera até as intenções do argumento. É no fundo a performance de Close que tenta disfarçar as lacunas do filme e que o torna um pouco mais interessante, mas nem mesmo Close consegue torná-lo num filme de luxo.
É porque ao contrário de Close, os guionistas de “The Wife” não demonstraram coragem e ambição para construírem um drama mais profundo e mais penetrante. É pena, mas “The Wife” acaba por entregar um drama superficial que não aproveita o enorme ímpeto e a grande dedicação de Close para promover algo que poderia ter mais substância emocional. Fica claro que por Glenn Close, “The Wife” teria ido muito mais além e, embora seja notório que tenha tentado puxar pelo filme com a sua performance de alto nível, acabou por não ter o acompanhamento devido por parte de outros componentes. E isto, em última análise, acabou por ferir as suas hipóteses de destronar Colman e vencer o Óscar, já que só as diferenças abismais de qualidade entre os dois filmes pode justificar o desfecho verificado.
Classificação - 3 Estrelas em 5
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