Pedro Caldeira & Paulo Graça |
Argumento de Pedro Caldeira
Com Inês Conchinha
Sinopse: O silêncio desenhava as paredes, cobria as mesas, emoldurava os retratos. O silêncio esculpia os volumes, recortava as linhas, aprofundava os espaços. Foi então que se ouviu o grito. A partir do conto "Silêncio" de Sophia de Mello Breyner.
Sessões - 8 de Setembro (Terça-Feira) à 18h00 no Cinema São Jorge/ 12 de Setembro (Sábado) às 13h40 no Cinema São Jorge
Portal Cinema (PC) – Antes de explorarmos um pouco o projeto que vem apresentar ao MOTELX 2020, gostaria que falassem um pouco sobre o vosso percurso profissional até ao dia de hoje. Qual a vossa formação? E o que fizeram antes de começar a trabalhar neste projeto?
Paulo Graça – Eu sou formado em design gráfico/multimédia e exerço essa atividade há cerca de 10 anos. A paixão pelo cinema já vem de longe e foi essa paixão que fez com que me aliasse ao Pedro Caldeira, que em boa hora deixou a informática de lado para se dedicar por inteiro à 7a arte. Criámos a Tripé há cerca de 6 anos e já colaborámos em vários projetos desde aí. Tem sido uma aventura fantástica entre curtas, videoclips, publicidade, institucional, etc.
PC – Quais são as vossas principais influências cinematográficas? E, já que estamos a falar no enquadramento de um Festival de Terror, qual é o vosso Top 3 de Filmes de Terror favoritos?
Pedro Caldeira – Como muitas pessoas da nossa idade crescemos a ver cinema Americano, mas gostamos de ver um pouco de tudo, de modo a recolher vários tipos de influências. Hoje em dia estamos mais inclinados para o cinema Europeu e Asiático.
Em relação a fazer um top 3 de filmes de terror não é fácil, mas optamos pelo “Alien”, “The Shining”, e “Nosferatu” (somos claramente fãs de clássicos).
PC – O que os levou a criarem “O Silêncio”? Como o descrevem? E como o enquadram no panorama nacional do género de terror?
Pedro Caldeira – Foi precisamente um desafio lançado pela Espaço 0, uma associação cultural sediada em Tomar, que nos levou a fazer o filme. “O Silêncio” foi também ele filmado em Tomar com atores pertencentes a essa associação. Eu ao ler o conto senti um certo terror/horror latente na situação e principalmente na psique da personagem, e a partir daí foi pegar nesse sentimento e exacerbá-lo um pouco. Porém sem deixar de ser um filme intimista e introspetivo. Não foi nunca nossa intenção restringir o filme num género específico, e como tal creio que, além do terror, tem tanto o seu toque de drama, como de fantástico ou sobrenatural, como não deixa de ser algo mais poético. E não conhecendo muitas curtas portuguesas poéticas de terror/horror/fantástico pode ser que seja algo refrescante no panorama nacional.
PC – Quais foram os principais desafios que enfrentaram para lhe dar vida?
Pedro Caldeira – Decidir se o fazíamos em película ou não, com tudo o que isso envolvia. Era algo novo para nós e qualquer erro poderia sair-nos bem caro (literalmente). A partir daí, com a excelente equipa que pudemos reunir, pareceu tudo mais fácil do que esperávamos.
Exceto até termos de esperar pela revelação e finalmente ver se o que tínhamos filmado estava em condições. Foram dias de espera bastante longos!
PC – O que significa a presença da curta na Competição Oficial do MOTELX? Como esperam que o público reaja? E perante isto quais são as suas expectativas globais (quer no festival, quer posteriormente) para a mesma?
Paulo Graça – Esta seleção é quase poética na medida em que me traz alguma nostalgia. Eu e o Pedro já tínhamos estado presentes no MOTELX há uns anos atrás com uma microcurta filmada em telemóvel e foi uma experiência incrível. Penso que foi dos primeiros festivais em que vimos um filme nosso projetado. Agora voltamos passado uns anos para a competição mais desejada, trocando o telemóvel pela película. Curiosamente ambos os filmes foram gravados na mesma casa. Espero que com este o público sinta a mesma arritmia que senti quando vi o primeiro rough cut do filme. E uma seleção no MOTELX é algo que nos deixa imensamente contentes e uma ótima rampa de lançamento para o percurso da curta, inclusive lá fora.
PC – Em tempos de pandemia, incerteza sobre o futuro e perante a eminência de uma grave crise económica que poderá afetar o financiamento cinematográfico não só em Portugal, mas também em todo o Mundo gostaria de saber qual a vossa posição e perspetiva sobre o futuro próximo da 7ª Arte em Portugal. Que novos desafios, oportunidades ou dilemas trará esta nova era para os criadores nacionais e, em particular, para o cinema de terror?
Paulo Graça – Curiosamente, sinto que é em tempos de crise que a cultura tende a manifestar-se mais e a ressurgir de forma quase contracorrente ao que seria esperado. Senti isso na última crise económica, em que o setor cultural mesmo sem o apoio de um ministério, contrariou a expectativa de que que a cultura iria ruir. Houve um grande “boom” na indústria cultural e o cinema não foi exceção. Nos últimos anos vi dezenas de novos realizadores afirmarem-se com obras fantásticas, tanto em formato curta como em formato longa, e sinto que não vão soçobrar perante esta adversidade. O cinema em Portugal está vivo e de saúde, e quem sabe se esta pandemia não será também o mote para novas obras no panorama do cinema de terror nacional.
PC – E o que nos podem dizer sobre os vossos projectos futuros?
Pedro Caldeira – De momento temos uma outra curta-metragem concluída, mais do género Drama familiar, à procura do seu nicho de festivais. Estamos também a recuperar e melhorar outra com um toque ligeiro mais de Sci-Fi. E há ainda uma outra a ganhar forma de argumento. É possível que uma mini-série ou uma longa seja escrita nos próximos tempos… e a ideia de tentar criar uma animação também é algo que está presente no horizonte.
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