Crítica - Matrix Resurrections (2021)

Crítica - Matrix Resurrections (2021)

Realizado por Lana Wachowski 

Com Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss


Inicialmente enaltecido como um dos acontecimentos cinematográficos de 2021, "Matrix Resurrections" irá, efetivamente, ficar para a história, mas não pelas razões que se esperava inicialmente, já que o mais provável (salvo alguma cultura de culto inesperada) é que seja recordado como uma das maiores desilusões do ano (e talvez da década).

Quando foi anunciado, "Matrix Resurrections" foi recebido com um misto de ceticismo e otimismo. É certo que os fãs tiveram alguma dificuldade em compreender a necessidade de mexer com uma trilogia encarada como perfeita, mas por outro lado também ficaram curiosos para saber como é que Lana Wachowski (agora sem o apoio da sua irmã) conseguiria ligar a trilogia com este novo capítulo e como seria capaz de reintroduzir Neo e Trinity de volta ao Mundo Matrix.....isto após os eventos fatais do terceiro filme. Estas dúvidas não esmoreceram a expectativa em redor deste projeto, já que muitos confiavam que uma das criadoras da trilogia original fosse capaz de respeitar a sua criação e conseguisse o improvável, ou seja, um novo sucesso em todos os sentidos.... 

Mas a História diz-nos que nem sempre altas expetativas se traduzem em grandes filmes, mas acima de tudo, a História tem ajudado a demonstrar que, sempre que alguém tenta replicar ou aproveitar a perfeição do original, acaba por se dar mal. Já tivemos exemplos semelhantes ao de "Matrix" com os franchises "Star Wars", "Alien","Indiana Jones", "Harry Potter" e "Lord of the Rings", mas também com clássicos de culto como "Blade Runner"....E, por isso, tudo apontava para que, apesar das esperanças dos fãs e as previsíveis boas intenções de Lana Wachowski, este quarto capítulo acabaria por desiludir todos. E a verdade é que acabou mesmo por desiludir... 

E esta desilusão chega a ser algo injusta para Wachowski. A verdade é que, como um filme em separado, "Matrix Resurrections" não pode ser visto como um pobre produto cinematográfico. Os valores técnicos estão bem presentes e a sua história, apesar de alguns óbvios problemas, não é horrível nem mediana....O grande problema é que é este é o novo capítulo de uma saga de culto e, neste sentido, é um capítulo perfeitamente dispensável, já que nada lhe acrescenta, nem melhora em nada seu contexto. 

Sim,  Lana Wachowski conseguiu reintroduzir Neo e Trinity à saga de uma forma que até faz algum sentido....mas com que propósito? A beleza do terceiro filme é que não confere um final conclusivo ao conflito entre Homens e Máquinas, isto porque as Wachowski sabiam bem que, estando a saga montada como está, seria impossível dar um grande final feliz com sentido para a Humanidade. A guerra entre Máquinas e Homens está e sempre esteve perdida em favor das Máquinas e, tendo em conta o que vimos ao longo da trilogia, este cenário faz todo o sentido....Por isso, as Wachowski  fizeram bem em conferir, na altura, o final feliz possível à Humanidade. Mas o que se pretende agora com esta ressurreição? O grande objetivo parece ser o reabrir o conflito, mas fará sentido a esta altura do campeonato?

É bem provável que, caso os próximos filmes (que irão existir) sigam o caminho deste quarto capítulo, a saga acabe por caminhar numa direção perigosa, onde a lógica deixará de imperar. Há portanto o forte risco de entrarmos num "território nonsense" que acabe por abalar o grande legado da trilogia original. É esse o grande medo dos fãs, receio este que foi largamente reforçado por este projeto que confirmou todos os piores cenários. Será difícil encontrar algum fã satisfeito com esta nova entrega e nem mesmo o regresso à vida de Neo e Trinity parecem compensar o grande risco que a Warner e Wachowski tomaram. E que risco é esse? O da banalização de uma das maiores sagas sci-fi da história do cinema..... 


Classificação - 2 Estrelas em 5

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