Crítica - The Batman (2022)

Crítica - The Batman (2022)

Realizado por Matt Reeves

Com Robert Pattinson, Zoë Kravitz, Paul Dano


As presenças do Homem Morcego/ Batman que incorporaram os filmes do arco da Liga da Justiça/ Justice League representaram um tiro ao lado para a Warner/DC Comics. De "Batman Vs Superman: Dwan of Justice" a "Justice League", o Batman interpretado por Bruce Wayne nunca conseguiu convencer e emular o sucesso de reinterpretações passadas, como as séries de filmes realizadas por Tim Burton ou Christopher Nolan. Pelo meio, "Joker", que trouxe o Universo Batman de novo para o lado mais negro e competitivo, teve grande sucesso e mostrou aos produtores da saga Batman que, ao contrário dos grandes heróis da Marvel, os grandes arcos narrativos que envolvem este herói beneficiam de uma abordagem mais negra, indie e menos presa ao típico filme pipoca e espetáculo. 

"The Batman" parece confirmar que a DC Comics e a Warner deram ouvidos ao público e afastaram Bruce Wayne da direção mais propagandista para a qual o herói estava a gravitar com as últimas entregas (a solo ou em combinação). Embora bem mais perto do estilo comercial que "Joker", "The Batman" aproveita um pouco da energia alternativa desta spin-off, mas mais do que tudo aproxima-se ao estilo de sucesso da trilogia realizada por Christopher Nolan e que serviu de base para a grande vaga de filmes de super-heróis do início do Século XXI.

Tal como as obras de Nolan, "The Batman" mergulha o espectador numa intriga que faz justiça ao estilo da banda desenhada e que promove um entretenimento sólido que depende mais da pujança do enredo do que propriamente de mirabolantes sequências de ação. Sem fazer qualquer ligação com qualquer obra cinematográfica do Universo Batman já existente, "The Batman" começa por indicar que, há dois anos, Batman/Bruce Wayne patrulha as ruas de Gotham City, incutindo medo no coração dos criminosos. Com apenas alguns aliados de confiança - Alfred Pennyworth, e o tenente James Gordon – entre a rede corrupta de funcionários e figuras proeminentes da cidade, o vigilante solitário estabeleceu-se como a personificação da vingança entre os seus cidadãos. Quando The Riddler, um assassino em série ataca a elite de Gotham com uma série de máquinas sádicas, um rasto de pistas misteriosas e obscuras leva o Maior Detetive do Mundo a investigar o submundo do crime, onde encontra personagens como Selina Kyle/Catwoman, Oswald Cobblepot/The Penguin ou Carmine Falcone. À medida que as provas o encaminham para mais perto de casa e a grandeza do plano do vilão se torna mais clara, Batman tem de forjar novas relações, prender o culpado, e trazer justiça ao abuso de poder e à corrupção que há muito assolam a Cidade de Gotham.

Ao trazer alguns dos grandes vilões/ anti-heróis não mutantes do Universo Batman para a ribalta, como Penguin, The Riddler, Catwoman e Carmine Falcone, "The Batman" incute uma certa energia e poder revivalista já vista, por exemplo, no último filme Homem-Aranha. Mas é a interpretação narrativa de Bruce Wayne/Batman que mais se destaca pela positiva. Tal como na trilogia de Nolan, o Bruce Wayne/Batman deste novo capítulo está mais próximo ao herói que se destacou na literatura. É uma figura com falhas morais e que, pese embora certos ideais, apresenta também uma faceta mais negra que permite ressoar uma certa ideia de Humanidade. Ao longo do filme, essa fragilidade é evidente e salientada por via de dilemas morais ou de certas ações que mostram Batman como o Humano que é, ou seja,o bilionário Bruce Wayne. 

Para além da aposta num enredo lógico e que prima pela fidelidade possível ao material de origem (apesar de certas liberdades criativas, onde se destaca, por exemplo, a abordagem às origens de The Riddler e à sua ligação com a Família Wayne), "The Batman" serve-nos também uma competente sequência de cenas de ação que, sem entrarem no típico exagero visual dos filmes da rival Marvel, promovem um entretenimento digno e um complemento ajustado ao espírito da obra. A sequência de desastre final, por exemplo, destaca-se pela sua autenticidade e acaba por conferir um certo realismo ao filme, já que, ao contrário do que acontece em outras obras do género, não há nenhuma reversão temporal ou solução miraculosa imprevista que reverta todos os danos.

Um destaque também para Robert Pattinson. Muitos foram os que duvidaram da apetência e competência deste jovem ator para assumir o Homem Morcego. Mas Pattinson cala, novamente, os críticos com uma excelente performance. Só quem anda distraído não tem percebido a evolução deste ator que, desde os seus dias em "Twilight", cresceu como intérprete e tem abraçado projetos e papeis cada vez mais desafiantes e adultos. Em "The Batman" prova, uma vez mais, que é uma figura a ter em conta em Hollywood e que foi a escolha certa para o papel. É certo que Christian Bale continua a ser para muitos o Bruce Wayne perfeito, mas pelo menos Pattinson representa uma melhoria em relação a Ben Affleck...

Não é numa cena pós-créditos, como já vem sendo tradição nos filmes de super heróis, mas sim numa cena mesmo antes dos créditos começarem que "The Batman" abre caminho para uma sequela e desvenda aquele que poderá ser o fio narrativo da mesma. Tal sequela já foi aliás confirmada, mas ao contrário do que se esperava não irá fazer um cross-over entre os filmes "Joker e "The Batman", pelo menos não nos moldes esperados...


Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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