Crítica - Joker (2019)

Crítica - Joker (2019)
Realizado por Todd Phillips
Com Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz

É seguro afirmar que desde “The Dark Knight”, de Christopher Nolan, que não tínhamos o prazer de ver um filme de super heróis verdadeiramente completo. Sim, “Deadpool” é arriscado e cómico, “The Avengers” é explosivo e visualmente impactante, “Wonder Woman” tem toques revolucionários e “X-Men First Class” é cativante, mas desde o brilhante “The Dark Knight” que não víamos nos cinemas uma obra com potencial para voos bem mais transversais e dourados. Sim, “Joker” não é o tradicional filme de super heróis, até porque se foca num vilão, mas dentro do espectro de adaptações (livres ou sérias) de bandas desenhadas com a temática de super heróis, poucos rivalizam com a qualidade desta obra de Todd Phillips.
A começar temos claro está Joaquin Phoenix! Poucas são as palavras que podemos usar para elogiar este ator metódico que já teve altos e baixos, mas que encontrou no Joker um papel à sua grande medida. Um sucessor à altura do malogrado Heath Ledger que em “The Dark Knight” também nos encantou neste mesmo papel. É claro que o Joker de Ledger é bem diferente do Joker de Phoenix, mas as suas performances são igualmente impactantes, com o importante acréscimo de Phoenix assumir aqui um papel de liderança.


Crítica - Joker (2019)


“Joker” é um filme de origens, mas não é assim tão simples como parece. Embora todos já conheçam o famoso inimigo de Batman, poucos conhecem as sua origens que, verdade seja dita, variam até dentro das obras da DC Comics. Esta obra pinta aquele que é o melhor retrato que poderíamos ter das origens do arqui-inimigo de Batman, já que vai bem mais além do que a origem da maldade. É um retrato psicológico, metal e sociológico profundo sobre as raízes da maldade, onde o desespero sócio económico, a alienação social ou a fragilidade mental são explorados com enorme detalhe, valor, criatividade e drama.
Embora seja uma história sobre uma personagem de ficção que se transforma num vilão exagerado de um super herói igualmente exacerbado sem paralelismo no mundo real, não se pode deixar de dizer  que encontramos em “Joker” muitos paralelismos com impacto no mundo real. Embora exista uma clara dose de exagero nas bases que fundamentam a criação do grande rival maníaco de Batman, “Joker” tem um lado bem mais sério. A abordagem que promove do declínio mental de Arthur/ Joker é um bom exemplo disso mesmo, sendo tal abordagem simplesmente sublime, não ficando nada atrás de retratos já vistos em filmes ditos mais sérios!
É por este exemplo e por outros que se conclui que o argumento de “Joker” nasceu, sem dúvida, de um trabalho detalhado e metódico que mostra que é possível que o género de super heróis ultrapasse a barreira do entretenimento. É por isso que se deve reforçar que é fundamental olhar para “Joker” como um filme versátil que cruza habilmente as barreiras dos super heróis ou vilões para nos dar uma visão surpreendentemente profunda sobre parâmetros sérios da Humanidade.
E a quem se deve este sucesso? Já falamos sobre a grande performance de Joaquin Phoenix, mas Phoenix é só parte do sucesso. O principal responsável pelo sucesso desta obra é Todd Phillips. Foi este realizador, que já teve bons filmes como a saga “The Hangover”, mas que também já teve projetos mais simplórios como "Starsky & Hutch", que convenceu a Warner Bros. a avançar com este projeto. Foi Phillips que, após convencer a Warner, continuou com o projeto mesmo após o estúdio ter reduzido drasticamente o seu orçamento. Foi Phillips que resistiu a pressões externas e acabou mesmo por fazer o filme à sua maneira. Foi Phillips que tomou todas as decisões difíceis e controversas que, em ultima análise, acabaram por compensar e por resultar num estrondoso sucesso mundial. Phillips foi o motor criativo e dinâmico por detrás desta grande obra e todo o sucesso do filme deve-se sobretudo a esta grande figura que demonstrou, uma vez mais, o seu talento. No fundo, Phillips arriscou e lutou pelo seu risco, tendo também contribuído para munir o filme de uma equipa de luxo que acabou por produzir algo simplesmente magnifico. O Leão de Ouro que conquistou no Festival de Veneza é prova disso mesmo. Mas é bem provável que as grandes conquistas de “Joker” não fiquem só por Veneza…


Classificação - 4,5 Estrelas em 5


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