Crítica - Monstros Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore (2022)

Realizado por David Yates 
Com Eddie Redmayne, Jude Law, Ezra Miller, Mads Mikkelsen

A saga "Monstros Fantásticos"/ "Fantastic Beasts" está longe de convencer e parece estar destinada a não o conseguir fazer. Não é caso único, já que os novos capítulos e/ou spin-offs de sagas igualmente famosas como "The Lord of the Rings" ou "Star Wars" também ficaram longe do nível dos capítulos originais. Mas o caso de "Fantastic Beasts" é algo paradigmático porque a base desta prequela tinha tudo para ser tão aliciante como a de "Hary Potter", mas certo é que algo continua a falhar e o franchise tarda em carburar.
É certo que chamar à saga "Monstros Fantásticos" um fracasso é erróneo. Todos os filmes até à data tiveram sucesso nos cinemas e este terceiro não será uma exceção à regra. A legião de fãs de Harry Potter continua bem ativa e àvida por novos produtos e entregas da saga, mesmo que estas estejam algo longe da qualidade e da magia promovida, quer pelos livros, quer pelos filmes que marcaram gerações! Também é injusto classificar qualquer uma das três obras lançadas até agora como medianas. Embora  desconexas e instáveis no plano narrativo, certo é que qualquer uma das três cumpre, à sua maneira, no campo do entretenimento e na hora de estabelecer uma forte ligação emocional com os fãs. O que está a faltar é sobretudo uma maior coerência e classe na hora de montar um enredo global que seja lógico e penetrante em toda a linha. Os dois filmes anteriores evidenciaram alguma desconexão entre si e este terceiro foi pelo mesmo caminho. 
Parece até que esta prequela não foi pensada como um todo. É certo que, desta vez, não há uma colectânea de livros de J.K.Rowling para seguir e servir de mapa, mas a própria autora montou a base da história e, assim, seria expectável sermos presenteados com algo mais do que aquilo que temos visto. Podemos até compreender alguma disfunção e ausência de fio condutor entre o primeiro e o segundo capítulo. Estes têm, na sua génese, estilos diferentes e só o final do primeiro nos dá um vislumbre das reais intenções desta spin-off. Já não seria expectável haver uma diferença tão grande entre estes dois últimos capítulos que, na teoria, deveriam ter o mesmo estilo, ritmo e classe. Mas a realidade é que, três capítulos depois, ainda andamos à procura daquele fio condutor lógico que nos permita ter mais do que uma ligação emocional com a saga. 
Uma vez mais voltam a repetir-se as falhas de lógica e ligação, não só entre capítulos, mas sobretudo entre a saga original que é algo bem mais grave. Um bom exemplo é novamente a narrativa em redor de Credence. Esta foi mal construída desde o início e, por isso, não surpreende que neste terceiro tenha tido direito a uma conclusão igualmente morna e decepcionante. Esta não é, no entanto, a única incoerência. Por ser uma espécie de final da trilogia, "Monstros Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore"  acabou por herdar problemas dos outros dois e por não conseguir dar o devido seguimento a muitas questões em aberto. Entre os principais lapsos ou problemas destacamos, por exemplo, a forma como é quebrado o juramento de sangue entre Dumbledore e Grindewald; a grande e inexplicável confusão em que se tornou a a relação entre Newt e Tina; a atrapalhada introdução da Confederação dos Feiticeiros; a ausência de explicação para o que aconteceu a Nagini após o segundo filme; a estranha participação de Yusuf Kama no plano para derrotar Grindewald; a explicação atabalhoada para o trágico destino de Ariana Dumbledore; o medo de abordar a relação gay entre Dumbledore e Grindewald; a incrível passividade de Grindewald e seus Seguidores ou a forma como o Mundo dos Feiticeiros parece tão alienado da realidade ou eficácia ao ponto de permitir eleições por aclamação...Parecem problemas a mais para um filme do qual se esperava mais. 
Como será a saga a partir daqui? Já ninguém sabe....Mas certo é que este terceiro capítulo trouxe o final da sofrível narrativa de Credence e do desnecessário foco na Família Dumbledore, bem como o encerrar de pontos mortos e mornos da história até agora, como a relação Queenie/Jacob, pelo que tudo o que vier agora tem tudo para ser, pelo menos, mais direto e coerente.

Classificação - 2 Estrelas em 5

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