Crítica - Elvis (2022)

 

Após Brilhar em Cannes, Elvis Chegará aos Cinemas Portugueses a 23 de Junho
Realizado por Baz Luhrmann
Com Austin Butler, Tom hanks

Realizado por Baz Luhrmann, "Elvis" foi lançado pela primeira vez  no Festival de Cannes, onde foi bem recebido pela imprensa presente no evento. Trata-se de uma cinebiografia do famoso cantor Elvis Presley bem ao estilo excêntrico de Baz Luhrmann que, em mais detalhe, explora a vida e a música de Elvis Presley sob o prisma da complicada relação com o seu enigmático agente, "Colonel" Tom Parker. A história mergulha na complexa dinâmica entre Presley e Parker ao longo de 20 anos, desde o início da carreira de Presley até ao seu estrelato sem precedentes, contrastando com as mudanças culturais e a perda da inocência da América.
Austin Butler interpreta o famoso cantor, já Tom Hanks interpreta Tom Parker. E os dois têm performances antagónicas. Por um lado, Butler brilha ao mais alto nível. A sua interpretação de Elvis Presley é carismática e vai de encontro ao que se esperava, sendo difícil imaginar uma escolha mais acertada para o papel. Por outro lado, Hanks é uma sombra autêntica. O seu real talento não se reflete na interpretação mediana do Colonel Parker e esta é, sem dúvida, uma marca negativa no seu currículo.  2022 foi, aliás, um ano péssimo para o astro, já que a sua performance em "Pinóquio" também não convenceu e, curiosamente, as duas partilham uma característica muito irritante: um péssimo e quase insultuoso sotaque. 
Para um filme intitulado "Elvis" é algo estranho que no cerne do argumento não esteja o próprio Elvis Presley, mas sim a relação entre este  artista e Tom Parker, uma personagem sombria e caricata que exemplifica na perfeição o lado mais negro da ganância e da corrupção. Luhrmann criou um drama  muito espampanante é certo, mas pouco profundo. E isto reflete-se, precisamente, na  forma como pouco da vida de Elvis é explorada e como quase todo o destaque é dado, de uma forma superficial e pouco abrangente, à história de uma relação profissional tóxica, mas cuja descontrução não é de todo conclusiva ou esclarecedora. 
Foram mesmo precisas duas e horas e meia para explorar uma relação sem nunca a conseguir explorar devidamente? E isto leva-nos para o outro grande problema de "Elvis". Falamos da sua edição e ritmo. Já em "The Great Gatsby" (2013), Luhrmann perdeu-se em demasia no seu amor por sequências cheias de cor e brilho, mas muito pouco esclarecedoras ou necessárias. Em "Elvis" repetiu os erros e até os piorou.  Para além da aposta habitual em sequências longas que pouco acrescentam, Luhrmann não conseguiu também gerir o tempo e o rtimo da história. Isto é evidente quando comparamos uma  primeira metade supersónica sem grande contexto com uma segunda metade demasiado frouxa que acaba, no final, por entregar uma mão cheia de nada...
Embora tenha os seus momentos, "Elvis" desilude e deixa muito a desejar em vários momentos. Esperava-se mais Elvis Presley de uma cinebiografia de um dos maiores artistas do Século XXI. Esperava-se mais músicas de Presley, mais recriações das suas atuações mais icónicas e mais histórias da sua vida intima. Mas acima de tudo esperava-se mais clarividência e criatividade na hora de contar a sua história...nem que seja, neste caso, apenas uma parte da sua vida e carreira. 

Classificação - 2 Estrelas em 5  

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