Crítica - A Voz das Mulheres (2022)

A Voz das Mulheres

Realizado por Sarah Polley

Com Rooney Mara, Claire Foy e Jessie Buckley


Dos mesmos produtores de dois projetos já vencedores do Óscar de Melhor Filme - "Moonlight" (2016) e "Nomadland" (2020) - "Women Talking" | "A Voz das Mulheres" tinha tudo para ser a grande surpresa indie de 2022 e teria sido se não fosse o surpreendente "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo" que, sem dúvida, ganhou este título. 

A sua história transporta-nos até uma comunidade religiosa isolada, onde as mulheres de uma  lutam para conciliar a sua realidade com sua fé. Baseado no romance de Miriam Toews,  "A Voz das Mulheres" conta com um elenco de luxo formado por Rooney Mara, Claire Foy e Jessie Buckley, sendo realizado por uma das cineastas mais impactantes da sua geração: Sarah Polley. 

Nomeado aos Óscares de Melhor Filme e Melhor Argumento Adaptado, "A Voz das Mulheres" chegou a Portugal na semana que se celebra o Dia Internacional da Mulher e, por isso, não poderia ter sido mais apropriada. Trata-se de um filme que celebra a mulher, mas não o feminismo e fá-lo ao explorar a luta de várias mulheres para conquistarem a sua voz e os seus direitos no meio de um contexto muito complexo. Não há aqui, portanto, uma tentativa de puxar pela superioridade de qualquer género ou de menosprezar um género em específico, já que o grande é objetivo é apregoar a maldade que existe na desigualdade intencional e tentar expor uma vertente desapaixonada e politicamente correta do que um diálogo entre pessoas iguais deve ser. 

Rooney Mara, Claire Foy e. Jesse Buckley são as grandes estrelas do elenco e interpretam três jovens com passados problemáticos que, agora, fazem parte de uma comissão encarregada de decidir quais devem ser os próximos passos das mulheres da comunidade e se, realmente, faz sentido para cada uma delas continuar no grupo. Por via de eventos traumáticos, oportunidades para os oprimidos superarem obstáculos, personagens distintas, mensagens poderosas para as mulheres, questões filosóficas sobre as quais refletir e várias problemáticas que vão desde a liberação sexual até aos maus tratos matrimoniais,  "A Voz das Mulheres" tem; à partida, todos os componentes para hipnotizar o público e prendê-lo a histórias impactantes. E embora a base seja muito boa, "A Voz das Mulheres" acaba por sofrer com alguns problemas de envolvimento e desenvolvimento que são reforçados por diálogos intermináveis e por um rumo intermédio que se torna confuso e acaba por dissipar alguma forçado enredo. Dito isto, "A Voz das Mulheres" cumpre e destaca-se pela sua voz poderosa que, uma vez mais, não apregoa desigualdade ou superioridade, mas sim igualdade.


Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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