Crítica - Sleeping Beauty (1959)


Realizado por Clyde Geronimi
Com Mary Costa, Bill Shirley e Eleanor Audley

“Sleeping Beauty” é um dos mais conhecidos clássicos de animação da Walt Disney. Em 1959 estamos ainda nos primórdios da animação da Disney, pelo que este filme acaba por ter muitos pontos de contacto com “Snow White and the Seven Dwarfs” – o filme que começou tudo. Por esta altura os filmes da Disney tinham todos histórias muito semelhantes. Havia sempre uma bruxa má que amaldiçoava uma princesa e cabia a um destemido e valente príncipe combater a bruxa e salvar a sua amada. Assim sendo, “Sleeping Beauty” acaba por não ser um filme extremamente original, o que lhe retira alguns pontos. Porém, o facto de conter todos os elementos tradicionais da magia romântica da Disney transforma-o num autêntico clássico e desta forma, os pontos fracos transformam-se nos pontos fortes do filme.
A história acompanha a vida de uma princesa de seu nome Aurora, que quando nasce é abençoada por 3 fadas madrinhas. Perante a alegria de todo o povo de um reino encantado, duas das fadas concedem-lhe o dom da beleza a posse de uma voz belíssima. Quando a terceira fada se prepara para atribuir o seu dom, uma feiticeira malvada – Maleficent – interrompe a cerimónia e por pura maldade e inveja condena a princesa a picar-se numa agulha no dia da sua maioridade, acto este que lhe traria a morte certa. A feiticeira desaparece e a terceira fada decide ajudar a criança, alterando um pouco a maldição da malévola bruxa: no dia da sua maioridade, caso Aurora se picasse numa agulha, ela não morreria mas antes adormeceria e só um beijo por parte do seu verdadeiro amor a poderia acordar e quebrar a maldição…


“Sleeping Beauty” é uma verdadeira fábula que nos encanta e que nos faz acreditar no conceito de “felizes para sempre”. A maior mensagem que este filme nos deixa é o facto de o verdadeiro amor poder quebrar todas as barreiras e superar todas as adversidades. É também uma típica história do Bem contra o Mal, sendo o Bem encarnado por um príncipe que irá até aos píncaros do Inferno para salvar a sua amada, e o Mal encarnado por uma bruxa que conhece apenas a maldade, o ódio e a amargura. A bruxa Maleficent é mesmo um dos pontos fortes do filme. Extremamente bem caracterizada e com uma profundidade fora do comum, a Disney consegue criar neste filme uma das suas personagens mais negras, tenebrosas, poderosas e simplesmente malvadas. A bruxa é a verdadeira face do Mal e apenas o espírito puro do príncipe e a força do amor conseguem lutar contra tal negrume.
Estamos então perante uma história encantadora e entusiasmante, cheia de aventura e emoção (principalmente na recta final do filme). Carregado de masmorras, dragões, princesas, bruxas e feitiços de toda a espécie, “Sleeping Beauty” consegue ser um dos filmes mais mágicos e visualmente belos da Disney. O detalhe da animação e o visual do filme são pontos a destacar numa produção que demorou vários anos a ser concluída. Nota-se que esta foi uma película feita com amor e carinho, mas para dizer a verdade, qual filme da Walt Disney não o é?
O principal aspecto negativo do filme é a sua falta de ritmo, com cenas musicais bem elaboradas mas demasiado longas e que se tornam demasiado enfadonhas. Porém, uma dessas cenas musicais em que Aurora canta em conjunto com os animais da floresta uma melodia encantadora é uma das cenas mais belas do filme. Vemos então que “Sleeping Beauty” pode deixar-nos um pouco hesitantes. Por um lado é belíssimo, mas por outro pode ser algo enfadonho. O que se conclui é que este clássico da Disney é bom, mas não o suficiente para o incluirmos na lista dos melhores.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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4 Comentários

  1. Nunca gostei dos filmes das princesas porque são sempre lamechas e romanticos, os verdadeiros filmes da Disney são aqueles que não têm um donzela em apuros.

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  2. Eu considero este filme, o irmão gémeo da Cinderella porque são duas obras bastante parecidas em diversos aspectos, nomeadamente naquela temática das fadas e na semelhanla física entre os protagonistas e seus futuros marido. São obras razoáveis mas estão bem longe da minha preferência.

    Mais uma boa crítica Rui

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  3. Tanto este como o da Branca de Neve têm uma componente psicoanalista que me agrada: o facto de as donzelas atravessarem uma fase que é absolutamente simbólica da puberdade a dormir, para não terem de se confrontar com todos os problemas e dilemas e crises que advêm dessa idade :) sempre achei curioso. A Cinderela pelo menos sempre luta pelo seu príncipe... mascarada, claro, escondendo o seu verdadeiro eu, mas sempre arrisca. Estes filmes de princesas, apesar de bastante lineares e pouco densos em termos de trama e personagens, são susceptíveis de uma interpretação mais aprofundada, e na minha opinião são bastante ilustrativos do tabu que era nesta época o despertar da sexualidade nos adolescentes.

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  4. Sem duvida um dos melhores filmes feitos pela Disney. A trilha sonora é adaptada de Tchaikovsky, e os cenários lembram pinturas com movimentos. A transição de idade média-renascimento é bem evidente. Muitos criticam esse filme pela falta de desempenho de Aurora como protagonista, mas, convenhamos: Uma futura princesa, criada e superprotegida por três madrinhas com poderes mágicos, que conhece muito pouco do mundo e, no caso, "do amor"... Eu acho que a falta de desenvolvimento dela foi bem proposital, tudo acontece ao seu redor para que o bem estar da sucessora do trono seja mantido. Mas estamos falando de um conto infantil adaptado para uma animação, então é de se esperar que os temas sejam clichês e românticos, mas ainda assim acho que a Disney contou a história da "Bela Adormecida" da maneira mais palpável.

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