Crítica - King of California (2007)

Realizado por Mike Cahill
Com Michael Douglas, Evan Rachel Wood

Michael Douglas habituou-nos nos últimos anos a vê-lo vestir a pele de um advogado, político ou economista inteligente e sem escrúpulos. Em “Wall Street”, Douglas ganhou o seu primeiro e até agora único Oscar da sua carreira interpretando precisamente um economista. Esse papel assentou-lhe como uma luva e de certa forma, marcou a sua carreira fazendo com que apenas lhe dessem papéis (na sua grande maioria) deste género. Pois bem, isso não acontece em “King of California” onde Douglas interpreta o papel de um indivíduo excêntrico e que toda a gente considera ser louco. E que lufada de ar fresco esta personagem é para a sua carreira e para o espectador!
“King of California” é um dueto entre duas personagens que lutam para se entenderem e se aceitarem. Charlie (Douglas) é um indivíduo esquisito que simplesmente não consegue inserir-se na sociedade que o alberga. Miranda (Wood) é a sua filha que tem como missão cuidar do pai doido varrido e lutar sozinha pela vida. Depois de ir buscar Charlie a uma instituição psiquiátrica onde este esteve internado durante algum tempo, Miranda tenta retomar o rumo da sua vida adaptando-se da melhor maneira possível ao comportamento excêntrico do pai. Porém, este insiste que descobriu a localização de um enorme tesouro de um antigo Rei Espanhol que esteve na Califórnia há vários séculos e não dá tréguas a Miranda, obrigando-a a iniciar juntamente com ele uma viagem que os levará ao local do tesouro, mas mais importante do que isso, os levará à descoberta de si mesmos e formará laços de amizade que definirão a sua relação enquanto pai e filha.


“King of California” é um filme terno e subtilmente cómico que reflecte sobre os laços de afeição numa família de todo invulgar. Douglas constrói uma personagem hilariante que nos deixa sempre na dúvida acerca das suas intenções, enquanto Wood assume de forma segura o papel da desgraçada que se vê às aranhas para lidar com os percalços do pai, mas que na realidade faz de tudo para acreditar nele. Desta forma, “King of California” reflecte também sobre os limites da sanidade (ou insanidade) mental, deixando-nos sempre na dúvida se Charlie é mesmo louco ou se o tesouro realmente existe.
Este é um filme tipicamente Indie onde o que mais importa são as personagens, a relação entre elas e a história em si. “King of California” assume-se como um filme simpático, mas acusa alguma falta de ritmo e peca por nos deixar sempre à espera de algo mais que nunca vem a acontecer. Temos aqui acima de tudo uma história interessante e invulgar sobre dois indivíduos que aprendem mais sobre si mesmos no espaço de algumas semanas do que durante o resto das suas vidas. Um filme que nos deixa um sorriso na cara, mas que dificilmente ficará na nossa memória daqui a uns anos.

Classificação - 3 Estrelas Em 5

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3 Comentários

  1. Nem me parece um filme com Michael Douglas tem um ar tão amador e independente. Não sei porque mas não me convence.

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  2. Pois a mim convence. Tenho bastante curiosidade em ver.

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  3. Já tenho saudades de um papel asério deste senhor Douglas, onde para o Homem de Instinto Fatal ou Wall Street?

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