Crítica - City of Ember (2008)

Realizado por Gil Kenan
Com Bill Murray, Tim Robbins, Saoirse Ronan, Martin Landau

Infelizmente, a estreia nacional de “City of Ember” acompanhou a tendência internacional ao não ser devidamente publicitada e minimamente acompanhada pelos diversos meios de comunicação, apesar dos inúmeros elogios tecidos pela imprensa especializada. Este latente desinteresse mediático irá muito provavelmente resultar numa fraca e tímida recepção do público que pouco ou nada sabe sobre esta valorosa e divertida produção, que nos surpreende com gráficos visualmente atractivos e passagens narrativas de alguma intensidade e aventura. Esta aventura tipicamente juvenil transporta-nos até à Cidade de Ember, uma metrópole futurista e próspera que no passado permitiu à Humanidade sobreviver a um súbito e inexplicado apocalipse. Esta bela cidade caracteriza-se pela sua radiosa e incandescente iluminação que, certo dia, começa a desaparecer porque o gerador da cidade começa a falhar. É então que dois curiosos e intrépidos adolescentes tentam descobrir as pistas que lhes permitirão não só descobrir o mistério ancestral da existência da cidade, mas também ajudar os seus habitantes, antes que as luzes da cidade se apaguem para sempre.

 

O filme é imperfeito em vários aspectos, mas dentro das possibilidades financeiras e do próprio género, “City of Ember” assume-se como uma proposta razoavelmente interessante e cativante que entrelaça na perfeição os momentos de acção e aventura com os momentos de humor e inocência juvenil. É claro que dentro das grandes falhas desta obra temos que destacar o lento e superficial desenvolvimento do argumento que raramente sofre variações, uma simplicidade claramente direccionada aos mais jovens, o público-alvo desta obra. Dentro dos aspectos de qualidade e interesse encontramos os eficazes e cativantes efeitos visuais/especiais que dão vida e luz à cidade. A talentosa direcção de Gil Kenan, um promissor cineasta anglo-israelita, acompanha as expectativas traçadas e deixa boas indicações para um futuro previsivelmente próximo. O jovem elenco principal é composto por Saoirse Ronan e Harry Treadaway, dois ilustres desconhecidos que desempenham com naturalidade e simplicidade os seus papéis. O elenco secundário é abrilhantado com algumas estrelas de Hollywood como Bill Murray ou Tim Robbins, que têm um papel meramente superficial e praticamente irreverente, mas que mesmo assim conseguem atribuir a “City of Ember” um pequeno mas experiente brilho extra. Esta obra de aventura é definitivamente uma agradável surpresa que muito provavelmente será ignorada pelo público português que terá em conta outras propostas mais mediáticas mas menos surpreendentes.

Classificação – 3 Estrelas Em 5

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1 Comentários

  1. É de facto um filme muito simpático, muitíssimo bem conseguido em termos estéticos, não só pelos cenários industriais e cheios de engenhocas, mas também em termos de luz e contraste, ilustrando da melhor forma a situação desta cidade a meio caminho entre o céu e o inferno, física e metaforicamente. Direcção artística 5 estrelas!!

    A fraqueza é realmente o argumento, como muito bem referes, o que me surpreende muitíssimo tendo em conta de quem estamos a falar: Caroline Thompson, que escreveu o guião de alguns dos mais inspirados contos de fada do cinema, três deles de Tim Burton: "Eduardo Mãos de Tesoura", "A Noiva Cadáver" e "The Nightmare Before Christmas". Arrisco a pensar que lhe cortaram profundamente a liberdade criativa, mas eu sou suspeita... Porque ela estaria nas suas "sete quintas", e sente-se mesmo um vazio enorme nas temáticas óbvias que ficam por explorar. Também não conheço o original... mas sendo uma produção um pouco alternativa cujo público alvo é o infanto-juvenil, com uns escassos 95 minutos, cheira-me que houve dedo da censura Hollywood aqui...

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