Crítica - The Last Station (2009)

Realizado por Michael Hoffman
Com Christopher Plummer, Helen Mirren, James McAvoy

A vida de Leo Tolstoi (1828 – 1910) é levemente retratada neste “The Last Station”, um drama/cinebiografia que é baseado no homónimo trabalho literário de Jay Parini que relata o último ano de vida do ilustre escritor, um ano que ficou marcado pela acesa luta que a sua numerosa família e os seus fiéis discípulos travaram para ficarem com os direitos sobre o seu valioso património literário. A história de “The Last Station” é então ambientada em 1910, último ano de vida de Leo Tolstoi (Christopher Plummer), um famoso escritor russo que escreveu os aclamados “War and Peace” e “Anna Karenina”. A sua mulher, Sophia Andréevna Tolstaya(Helen Mirren), é uma condensa com fortes valores familiares que está acostumada à sua vida luxuosa, assim sendo, não fica muito satisfeita quando Tolstoi decide abandonar todos os seus luxos e deixar em testamento todo o seu património (imobiliário e intelectual) ao povo russo, uma ideia que lhe foi incutida pelo seu aluno Vladimir Chertkov (Paul Giamatti) e que poderá deixar a sua família na miséria. Sófia decide então utilizar toda a sua astúcia e a sua influência para impedir que Tolstoi deixe a sua família sem nenhum conforto financeiro, no entanto, esta sua luta contra Tolstoi e a Rússia não será nada fácil.


O filme acompanha os últimos momentos de vida de Leo Tolstoi mas a verdade é que o escritor é apenas um interveniente secundário nesta trama que se centra essencialmente em três personagens: Sophia Andréevna, Vladimir Chertkov e Valentin Fedorovich Bulgakov (James McAvoy), sendo este último o secretário de Leo Tolstoi que acaba por servir como mediador na batalha entre Sophia e Chertkov, uma batalha cheia de conluios e planos obscuros que acaba por estar no centro desta obra. O matrimónio entre Tolstoi e Sophia e as óbvias tensões que o afectam e que derivam essencialmente da decisão do escritor em abdicar da sua fortuna em prol do povo russo, também são analisados ao pormenor e são utilizados para nos mostrar que este casal extremamente sólido também tinha momentos menos felizes e que Sophia era uma mulher emocional que se escondia constantemente atrás da sua postura/atitude inflexível e inabalável, uma ideia que é posteriormente consolidada quando Tolstoi a abandona e ela entra numa profunda e solitária depressão. A conclusão de “The Last Station” acaba por nos oferecer o seu momento mais triste e dramático ao nos mostrar a morte de Tolstoi e a forma como a sua mulher e os seus filhos tiveram de se despedir dele, um final triste mas que evidencia a crueldade da sociedade russa do inicio do Século XX.


O elenco de “The Last Station” é fenomenal e acaba por se assumir como um dos melhores elementos desta obra. A performance de Christopher Plummer como Leo Tolstoi é extremamente realista e convincente, características que acabaram por lhe valer uma Nomeação ao Óscar de Melhor Actor Secundário, no entanto, este actor não é o melhor elemento do elenco porque este estatuto pertence claramente a Helen Mirren, uma actriz extraordinária e dedicada que merecia muito mais do que uma Nomeação ao Óscar de Melhor Actriz Principal pela sua brilhante performance como a indecifrável Sophia Andréevna Tolstaya. James McAvoy também nos oferece uma performance interessante que acaba por ser completamente abafada pelos estrondosos desempenhos de Plummer e Mirren. A fotografia desta obra também é cativante, Sebastian Edschmid captou habilmente a beleza natural da Rússia e a luxúria da mítica Yasnaya Polyana. Em suma, “The Last Station” é um drama muitíssimo interessante que não nos oferece uma história básica sobre a carreira de Tolstoi mas uma história cativante sobre a sua vida privada e as pessoas com quem se relacionava, história essa que é interpretada por um elenco de luxo que é liderado por Christopher Plummer e Helen Mirren, dois excelentes actores que nos oferecem duas performances fenomenais que acabaram por ser reconhecidas pela Academia.

Classificação – 4 Estrelas Em 5

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3 Comentários

  1. Jt, devias começar a avisar das spoilers, pois revelaste o fim do filme sem mais nem menos, e gente como eu perdeu algum interesse do filme.

    Gonçalo silva

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  2. Boas Gonçalves. Tendo em conta o título do filme e o facto da sinopse oficial do filme dizer que este versa sobre o último ano de vida de Tolstoi, presumi que não fosse novidade o facto de Tolstoi morrer no final. É um dado adquirido e não deve demover ninguem de o ver porque é o desenvolvimento e não a conclusão que tem interesse neste filme.

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  3. Parece até piada pronta... Mas o rapaz falou a sério, então é legal responder, né? Acho que o JT tá certo, é óbvio que nesse caso o personagem morre no final, tanto que colocaram na sinopse, isso não é spoiler. Resolvi comentar pra dar apoio ao resenhista, pro caso de alguém concordar com o comentário do Gonçalo.

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