Crise de Inspiração ou Fatalidade dos Tempos?


Nos dias que correm, muito se fala da crise de originalidade por que Hollywood está a passar. Numa altura em que chovem anúncios dos mais variados remakes, reboots, prequelas e sequelas, muitos aficionados da Sétima Arte não hesitam nem sequer piscam os olhos quando chega a altura de dizer que o cinema está a morrer. O verdadeiro cinema, aquele cinema mágico que surpreendia e encantava plateias por todo o mundo está a morrer lentamente, dizem eles. Como se estes remakes, reboots e sequelas não mais fossem que fumo de tabaco, a tão adorada Sétima Arte padece de cancro e corre o risco de se extinguir. Mas será mesmo assim? É verdade que todo este investimento em “cópias” de obras passadas não augura nada de bom para um espectáculo que se quer fresco, dinâmico, criativo e original. Mas daí até anunciar o profetizado apocalipse para o cinema vai uma longa distância. Se pensarmos bem no assunto, esta crise de ideias de que se fala possui uma explicação bastante lógica. Numa altura em que já se fez de tudo (bom, quase tudo…), numa era em que já tantas e tão variadas histórias foram contadas, será assim tão fácil ser-se verdadeiramente original? Ponhamo-nos na pele dos argumentistas, aqueles que, em virtude de serem os arquitectos das histórias em si, são os mais criticados quando se fala nesta crise de inspiração. Passado um século sobre a criação das motion pictures (imagens em movimento), muitas ideias foram testadas, muitos assuntos foram abordados, muitas aventuras foram vividas. Assim sendo, é perfeitamente natural que todos os criadores de histórias se vejam à rasca para não serem acusados de falta de originalidade. Com um background tão rico e extenso como o que o cinema possui, é apenas normal que os seus artistas utilizem referências passadas na criação das suas obras. No tempo longínquo dos irmãos Lumière, o cinema estava apenas a dar os seus primeiros passos, pelo que praticamente tudo o que se fizesse era considerado brilhante e original. Mas numa época em já se colocaram cowboys contra extraterrestres e monstros do pântano contra crocodilos gigantes, facilmente se compreende a dificuldade dos filmmakers em atingir um estado puro de originalidade. Felizmente, sendo a Sétima Arte tão prolífica e inventiva, continuam a surgir obras que nos espantam, que nos deliciam, que nos desafiam moral e intelectualmente. Mas nos intervalos dessas obras há que dar um certo desconto aos cineastas contemporâneos, pois o cinema nunca viveu tempos tão desafiantes e exigentes como os actuais. E dito isto, quase que apetece perguntar: vai um remakezinho?

Enviar um comentário

2 Comentários

  1. Bendito cinema asiático =)

    ResponderEliminar
  2. Basta ver cinema europeu ou asiático para se perceber que existem ideias e que se fazem grandes filmes, filmes que ainda não foram feitos e com menos de metade dos dinheiros gastos no cinema americano. Isto de já ter tudo feito é uma falsa questão e com a qual não concordo minimamente. Os estúdios americanos só se preocupam em facturar e não em inovar ou apostar em novas produções, procuram deste modo limitar o risco envolvido para os mesmos. Basta sair do circuito comercial para se encontrarem pérolas cinematográficas, basta querer..O cinema não está nem vai morrer, mas o cinema americano, esse sim vai morrer se for por este caminho...

    ResponderEliminar

//]]>