Crítica - Contagion (2011)

Realizado por Steven Soderbergh
Com Kate Winslet, Jude Law, Matt Damon, Marion Cotillard

Os filmes sobre vírus mortais costumam ser sucessos comerciais, mas enveredam muitas vezes por caminhos ridículos e irrealistas que acabam por minar o seu valor científico, no entanto, ainda existem cineasta que valorizam a credibilidade e a criatividade com o intuito de contar uma história tão cativante e assustadora como a de “Contagion”, um dos melhores thrillers médicos dos últimos anos que nos relata o calamitoso crescimento e desenvolvimento de um vírus mortal que afecta o mundo inteiro numa proporção nunca antes vista. À medida que o MEV-1 se propaga, várias pessoas em vários continentes lutam para sobreviver e para encontrar uma cura, no entanto, ambas as tarefas avizinham-se muito difíceis de concretizar.


A carreira de Steven Soderbergh está recheada de obras interessantes que, sem serem extraordinárias, conseguem cativar quem os vê através dos seus astutos enredos que usufruem ao máximo das características únicas dos géneros em que se inserem. A história de “Contagion” não é fantástica, mas é credível e cientificamente correcta e é isso que o transforma num filme merecedor de um visionamento atento. O alastramento do vírus é abordado através das experiências pessoais de seis personagens que estão envolvidas na descoberta de uma cura ou que tentam sobreviver à catástrofe viral, neste último caso tenho que destacar a história de Mitch Emhoff (Matt Damon), um homem que viu a sua mulher (Gwyneth Paltrow) e o filho desta (Griffin Kane) sucumbirem à terrível enfermidade e que agora tenta manter a sua filha (Anna Jacoby-Heron) saudável e a salvo do caos social que se instalou na sua cidade. Erin Mears (Kate Winslet) e Ellis Cheever (Laurence Fishburne) trabalham para o CDC (Centers for Disease Control) e tentam manter a calma e o controlo nas cidades norte-americanas, no entanto, também eles acabam por ceder à doença e/ou à desordem perante a falta de uma vacina que termine com a pandemia. A um nível mais secundário, Alan Krumwiede (Jude Law) tenta lucrar com a calamidade e Leonora Orantes (Marion Cotillard) vê-se envolvida numa situação extrema que nos mostra os limites éticos da humanidade. Em suma, “Contagion” oferece-nos uma narrativa muito sensata que vai certamente entusiasmar os amantes da sétima arte, mesmo tendo uma conclusão relativamente comum.


O seu luxuoso elenco brilha ao mais alto nível e tem em Matt Damon e Laurence Fishburne os seus melhores elementos. Damon e Fishburne são dois actores de excelência que deram vida às personagens mais difíceis e sofredoras do filme, assumindo-se mesmo como os intervenientes centrais da trama. Jude Law, Marion Cotillard e Kate Winslet têm três trabalhos individuais muito bons mas relativamente escassos, já que o maior ênfase é dado às mini-histórias de Mitch Emhoff e Ellis Cheever. A performance de Gwyneth Paltrow também é afectada pela sua participação escassa, mas a sua personagem é extremamente importante porque foi a fonte incubadora do vírus mortal que dizimou milhares de indivíduos em todo o mundo. O trabalho do seu realizador também é muito bom. Steven Soderbergh manteve o nível criativo dos seus filmes anteriores e voltou a nos mostrar o seu enorme talento e à-vontade com os géneros mais controversos e difíceis da sétima arte. É óbvio que “Contagion” não é o filme mais indicado para pessoas que sejam facilmente influenciáveis ou que sofram de nosomifalia, mas assume-se como uma excelente escolha para quem quiser ver um filme cientificamente correcto sobre as várias fases e efeitos da propagação de um vírus mortal.

Classificação – 4 Estrelas Em 5

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4 Comentários

  1. ok tb bem. o filme está espectacularmente bem feito sim, mas é suposto o espectador adivinhar o q aconteceu a certas personagens? td bem q em certos filmes isso faça sentido mas neste n. O q chegou a acontecer a personagem de winslet? e com a da cotillard? acho q peca no sentido de só enfatizar e só levar acabo o termino de algumas personagens deixando outras no vazio.

    Vanessa

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  2. Excelente crítica ;) No entanto, apesar da realista abordagem o filme carece de alguma intensidade dramática na minha opinião. Mas não deixa de ser um grande filme para se ver no cinema.

    Sarah
    http://depoisdocinema.blogspot.com

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  3. Vou dizer um SPOILER portanto tomem cuidado ao lerem este comentário.

    @Vanessa. O filme dá a entender que a personagem de Cotillard voltou à aldeia para avisar os habitantes. Já quanto à personagem de Winslet - SPOILER - fica explicito que ela morreu, até se vê o funeral na vala comum.

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  4. Concordo que falta a este filme alguma intensidade dramática (a escolha de planos é muito fria). Talvez o mais interessante seja o facto de Soderbergh explorar muito bem a origem do vírus, ao contrário do que estamos habituados a ver na maioria dos filmes e séries, que exploram apenas o pós-apocalíptico.

    Bom trabalho!

    Sara Toscano
    http://imageticulture.blogspot.com/

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