Os Melhores Filmes Que Pode Ter Ignorado em 2013


Entre Janeiro e Dezembro de 2013, estrearam em Portugal mais de trezentos e setenta filmes (longas-metragens, clássicos e curtas-metragens), por isso não é de estranhar que perante esta grande oferta, vários dos filmes que estrearam em Portugal foram injustamente esquecidos pelos portugueses que, por uma variedade de razões, acabaram por passar ao lado de grandes experiências cinematográficas, por isso decidi tentar juntar neste pequeno texto alguns dos filmes que foram injustamente negligenciados e que mereciam um pouco mais de atenção por parte de todos nós. Eu espero, muito sinceramente, que ao lerem este pequeno texto sintam alguma curiosidade em descobrir alguns destes filmes, que merecem, sem sombra de dúvida, toda a vossa atenção. 

Cinema Espanhol

O ano que agora acaba trouxe às salas de cinema portuguesas várias obras de origem espanhola, mas praticamente todas elas passaram um pouco ao lado dos espetadores nacionais, no entanto, entre os filmes espanhóis que passaram por cá, aquele que até acabou por ser menos negligenciado foi o thriller "Insensiveis"/ "Insensibles", de Juan Carlos Medina (CRÍTICA), que passou pelos festivais FantasPorto e Motelx antes de chegar às salas de cinema comerciais, mas apesar de ter recebido um pouco mais de atenção, acabou por não fazer tanto brilharete como devia mas, ainda assim, sempre teve mais sorte que "Enquanto Dormes"/ "Mientras Duermes", de Jaume Balagueró (CRÍTICA), o outro grande thriller espanhol que estreou em Portugal durante 2013 e que acabou por não ter grande sorte, apesar de estar muito bem construído e de ser muito competente. A outra grande estreia espanhola do ano recaiu sobre o magnífico "Blancanieves", de Pablo Berger (CRÍTICA), uma espécie de versão alternativa de "Branca de Neve e os Sete Anões" que serviu também como a grande resposta de Espanha à França e ao seu "The Artist". Este grande filme não teve grande sorte em Portugal, mas é claramente um dos principais filmes espanhóis dos últimos anos. A animação adulta "Rugas"/ "Arrugas", de Ignacio Ferreras (CRÍTICA), também passou sem a glória merecida pelas nossas salas de cinema, apesar de ser, sem dúvida, um dos filmes mais tocantes e humanos do ano. 

Cinema Nórdico

Um dos grandes filmes de 2013 veio diretamente da Dinamarca e chama-se "A Caça"/ "Jagten". Esta magnifica obra dramática de Thomas Vinterberg explora uma intriga fantástica e cheia de significado social que, de certa forma, consegue pôr em cheque todas as nossas presunções e preconceitos de justiça, mas apesar de ter um guião extraordinário, uma direção irrepreensível e uma interpretação de luxo de Mads Mikkelsen, "A Caça" não conseguiu convencer muitos portugueses a irem às salas de cinema vê-lo, o que é pena, já que esta obra merece, sem dúvida, a vossa atenção. Tal como o thriller norueguês "Headhunters", de Morten Tyldum (CRÍTICA), que é uma produção muito competente e repleta de suspense que, certamente, deixará muita gente surpresa com o seu desenrolar. 

Cinema Canadiano

O grande colosso comercial deste ano de origem canadiana foi o thriller "Prisoners"/ "Raptadas" (CRÍTICA), mas este grande filme acabou por ser visto por muita gente durante a sua passagem por Portugal, mas o mesmo já não pode ser dito do seu conterrâneo dramático "Laurence Para Sempre/ "Laurence Anyways", uma poderosa obra de Xavier Dolan, que mexe como poucos filmes conseguiam até hoje com a sempre difícil temática da transexualidade, que neste poderoso filme é explorada em uníssono com uma poderosa trama romântica, que ajuda a evidenciar os dramas da mudança de sexo e do conflito interno. O documentário "Histórias Que Contamos"/ "Stories We Tell", de Sarah Polley (CRÍTICA), também tocou o planeta, mas não teve lá muita sorte nas nossas salas de cinema. É pena, porque esta grande obra de Sarah Poley está muito bem construída e, muito provavelmente, irá até ganhar o Óscar de Melhor Documentário, tamanha é a sua beleza familiar e natural. Por fim gostaria de falar de um filme que, infelizmente, ainda não tive a oportunidade de ver, mas que parece ter tudo para me prender ao grande ecrã. Também de origem canadiana, "Os Filhos da Meia-Noite"/ "Midnight's Children" parece ser um filme de grande qualidade que aborda uma história que parece ir buscar certas influências ao clássico "Romeu & Julieta".

Cinema Francês

Todos os anos, Portugal acolhe a estreia de dezenas de produções francesas, aliás o mercado francês é quase sempre o segundo mais representado nas nossas salas de cinema, perdendo apenas para o norte-americano. Entre as opções que estrearam este ano há, por isso, muitos filmes que merecem uma oportunidade de visionamento, mas há uns em que esta oportunidade é completamente imperdivél. Vou ignorar de propósito neste texto o fabuloso drama "A Vida D'Adèle"/ "La Vie D'Adèle", de Abdellatif Kechiche (CRÍTICA), pela simples razão que este projeto é, indiscutivelmente, um dos grandes filmes do ano e teve por isso uma grande atenção mediática, não só porque venceu a Palma de Ouro, mas também porque é tido por quase todos os especialistas como uma obra impressionante, por isso não é por falta de informação que não sabem como é este grande filme. Tal como "A Vida D'Adèle", "O Desconhecido do Lago"/ "L'inconnu du lac", de Alain Guiraudie (CRÍTICA), é um dos maiores e melhores filmes franceses do ano, mas ao contrário de "A Vida D'Adèle" não recebeu tanta atenção mediática. Este soberbo thriller dramático está muito bem filmado e não tem medo de arriscar, sendo por isso uma experiência cinematográfica inesquecível e completamente diferente das que tivemos este ano em Portugal. Já que falo em experiências diferentes, tenho também que recordar o magnifico thriller "Dentro de Casa"/ "Dans la Maison", de François Ozon (CRÍTICA), que fecha claramente o top 3 dos melhores filmes franceses que passaram este ano por Portugal, já que é uma obra impressionante de um jovem e talentoso realizador que, cada vez mais, se destaca como um dos grandes cineastas europeus do momento, sendo  que este seu "Dentro de Casa" é mais uma prova soberba do seu talento para contar uma história inesquecível. 


Cinema Europeu

O nome de Cristian Mungiu se calhar não vos diz nada, mas este já estabelecido cineasta romeno já venceu uma Palma de Ouro do Festival de Cannes com o soberbo "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias", que verdade seja dita não é, para mim, muito superior a este igualmente soberbo "Para lá das Colinas"/ "Dupa Dealuri" (CRÍTICA), um drama muito bom com uma componente mais religiosa que o anterior filme deste consagrado realizador, mas que à semelhança desse seu grande êxito, também tem como protagonistas duas mulheres completamente diferentes uma da outra que põem à prova a sua amizade. É uma história belíssima, tal como a do drama italiano "Eu e Tu"/ "Io e Te", de Bernardo Bertolucci (CRÍTICA), que neste seu novo sucesso recupera um pouco do seu já clássico "Os Sonhadores" (2003) para criar mais uma história erótica, romântica e existencial muito empolgante.

Cinema Americano

E chegamos finalmente aos filmes americanos que, normalmente, são aqueles que são mais vistos pelos portugueses, também porque são alvo de uma maior distribuição e mediatismo por parte da imprensa e empresas de distribuição. Este ano, no entanto, houve alguns filmes americanos que foram ignorados pelos espetadores nacionais, como a fantástica dramédia "Frances Ha", de Noah Baumbach (CRÍTICA), que é, sem dúvida, uma das grandes surpresas indie deste ano. O polémico drama romântico "Paixões Proibidas/ "Adore", de Anne Fontaine (CRÍTICA), pode não ter recebido grandes críticas, mas acho que é um filme de grande qualidade que merecia um pouco mais de atenção. E porque não também mencionar "Fuga"/ "Mud", um brilhante drama de Jeff Nichols (CRÍTICA), que certamente encherá as medidas até aos espetadores mais comerciais. Não é propriamente americano, mas não posso deixar de mencionar "Post Tenebras Lux" (CRÍTICA), um penetrante filme artístico mexicano de Carlos Reygadas, que pode muito bem ser descrito como o "Cavalo de Turim" de 2013. 

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