Crítica - The Dinner (2017)

Realizado por Oren Moverman
Com Richard Gere, Laura Linney, Rebecca Hall

A adaptação cinematográfica de Hollywood do bestseller literário holândes "The Dinner" traz-nos, desde logo, à memória a elogiada comédia dramática "Carnage" (2011), de Roman Polanski. É certo que esta obra de Oren Moverman, inspirada no bestseller de Herman Koch, revela-se mais negra e menos profunda que o filme de Polanski, mas mesmo assim torna-se interessante recordar a obra de Polanski para mostrar, em particular, como é que "The Dinner" poderia ter sido um filme muito melhor. 
A sua trama acompanha dois casais completamente distintos que se encontram num elegante restaurante, onde partilham uma refeição luxuosa que eventualmente degenera numa brutal interação entre todos os elementos. Tal interação é despoletada por um problema criado pelos seus respetivos filhos adolescentes, problema esse levantado por via de um comportamento anti-social fortemente condenável. É claro que este grave problema com características policiais e sociológicas é só o ponto de partida para um ampla discussão diversificada entre todos os membros do grupo e outras personagens, mas as principais tensões centram-se entre os dois irmãos (interpretados por Richard Gere e Steve Coogan), que, para além do problema entretanto levantado, abordam ainda várias questões do passado. 
Embora tenha como base um livro muito interessante, que em 2014 inspirou, aliás, uma obra italiana com maior qualidade e realizada por Ivano De Matteo, "The Dinner" não produz o suspense e a intriga esperados. Embora sejam levantados problemas familiares complexos e temas intrincados como as doenças mentais, os problemas matrimoniais, a instabilidade emocional, a delinquência juvenil, a maldade, o enfoque da parentalidade ou o distanciamento emocional, "The Dinner" nunca aborda nenhum deles com detalhe ou criatividade. Todos estes tópicos estão presentes, mas são todos explorados de uma forma excessivamente simplista e, talvez por isso, não seja de estranhar que o seu final seja profundamente anticlimático. 
Ficamos assim com a sensação que quase nada foi explorado e muito pouco resolvido, mas acima de tudo ficamos com a ideia que este sentimento deriva do pobre aproveitamente de uma premissa com potencial mas pobremente capitalizada. Neste ponto recupera-se novamente "Carnage", já que nesta obra, Polanski conseguiu criar uma dinâmica humana e uma interação emocional muito mais profunda, emocional e competente que cativa o espectador e mergulha-o plenamente em dramas alheios. É fácil de concluir que era este o objetivo primordial de "The Dinner", mas é precisamente isso que não acontece. E tudo por culpa dos seus responsáveis que não aproveitaram as oportunidade e potencialidades que estavam à sua disposição.

Classificação - 2 Estrelas em 5

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1 Comentários

  1. Como é que só descobri este blog agora? Muitos parabéns pelo bom trabalho.

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