Crítíca - Tick, Tick... Boom! (2021)

Crítíca - Tick, Tick... Boom! (2021)

Realizado por Lin-Manuel Miranda

Com Andrew Garfield, Vanessa Hudgens


Esta semana ficou marcada pela morte de Stephen Sondheim, uma lenda da Broadway e um dos criadores musicais mais prolífero e populares das últimas décadas, quer no teatro, quer também no cinema e na televisão. Embora “Tick, Tick... Boom!” não seja um filme sobre a ilustre carreira de Sondheim, esta lenda desempenhou um papel importante na vida e carreira da figura sobre a qual versa esta obra: Jonathan Larson. Foi Sondheim, como aliás esta obra nos explica de forma clara, que encorajou o talento de Larson, ajudou-o a crescer profissionalmente e a potencializar a criação de algo único na Broadway. Embora esta obra da Netflix seja sim uma ode de homenagem a Larson é, também, uma homenagem ao coração artístico e à visão única de Sondheim, sem a ajuda do qual Larson provavelmente nunca teria criado o inigualável “Rent”.

Mas é precisamente sobre Jonathan Larson que se foca esta obra, onde, como não poderia deixar de ser, a música e o ritmo estão sempre presentes. A história deste jovem criador é uma de grande sucesso, mas também de inesperada tragédia. Afinal de contas, Larson faleceu muito jovem, aos trinta e cinco anos de idade, vítima de doença súbita. E faleceu sem nunca cumprir o seu sonho de assistir na Broadway a um espetáculo criado por si, já que morreu apenas uns dias antes da estreia mundial do musical “Rent” que, como se sabe, é hoje um dos grandes sucessos do teatro musical. Pesa embora esta grande infelicidade, Larson viveu a sua vida ao máximo e, no curto tempo que esteve neste mundo, saboreou imensas conquistas.

Como esta obra nos mostra, Larson lutou arduamente para cumprir os seus sonhos e, por entre vários dramas pessoas, acabou por conseguir materializar num grande projeto o seu enorme potencial. Embora “Rent” tenha sido o culminar da sua história, certo é que grande parte do percurso profissional deste jovem criativo esteve associado a um bizarro musical que nunca chegou a ser produzido mas, como o filme nos mostra, ajudou a abrir-lhe novas oportunidades e, claro, levou-o a conhecer o seu mentor Sondheim. E esta história de superação é nos contada por via de outra das criações de Larson. Sim, “Tick, Tick... Boom!” é também inspirado num projeto produzido e protagonizado pelo próprio Larson que este promoveu antes de se focar em “Rent”. As cenas em que vemos a personagem Jonathan Larson (interpretada por Andrew Garfield) a explicar os eventos que antecederam o seu 30º Aniversário fazem efetivamente parte deste projeto muito especial.

Entre grandes sequências musicais e, claro, a genuína entoada dramática da jornada de vida de Larson (que engloba os dramas trágicos da SIDA ou as grandes dificuldades de jovens criadores para singrarem num mercado competitivo) fazem deste projeto uma obra altamente recomendável. E, claro, há que elogiar o já grande encenador Lin-Manuel Miranda. Após ter brilhado com a encenação de “Hamilton” em 2020, Miranda volta a dar provas do seu talento para musicais e, desta vez no cargo de realizador, conseguiu prestar uma grande homenagem a Jonathan Larson e à sua gigante visão artística. 


Classificação - 4 Estrelas em 5

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