Já são conhecidos os nomeados aos Óscares. A época de prémios já vai a meio e, como já é tradição, a Academia dos Estados Unidos foi a última a anunciar os nomeados aos seus prémios que, como se sabe, encerraram a época de galardões. Tal como já se adivinhava pelas restas premiações, "The Power of the Dog", "Belfast", "Dune", "West Side Story" e "Licorice Pizza" estão entre os filmes mais nomeados desta edição, estando todos em competição pelo título de Melhor Filme. Nesta categoria, aliás, este quinteto de luxo tem a companhia de cinco produções que, à sua maneira, primam pela surpresa. A começar por "Drive my Car", filme sensação do Japão que já se previa que brilhasse na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, mas que poucos esperariam que chegasse à nomeação de Melhor Filme. Já menos surpreendente são as nomeações de "King Richard" e "CODA" que têm brilhado nesta época de prémios nos Estados Unidos, sobretudo o mais independente "CODA" que tem vindo a surpreender pela positiva, mas que desde cedo avisamos que poderia ser uma das surpresas. Mas as duas grandes surpresas entre os 10 nomeados ao Óscar de Melhor Filme são "Nightmare Alley" e "Don't Look Up", mas por razões distintas. O primeiro tinha sido praticamente afastado da corrida ao Óscar de Melhor Filme pela imprensa norte-americana que, pese embora o considerasse um candidato de peso nas categorias mais técnicas, nunca o encarou como um possível nomeado a Melhor Filme, mas certo é que esta obra noir de Del Toro conseguiu uma nomeação justa que prova que os Óscares ainda têm algumas surpresas na manga. Já pela negativa surge a surpresa da nomeação de "Don't Look Up", bipolar filme da Netflix que, nas últimas semanas, vinha a ameaçar esta nomeação graças à sua crescente popularidade junto dos sindicatos. O que é curioso é que, entre os dez nomeados, "Don't Look Up" é, de longe, aquele com pior cotação junto dos sites de agregadores de críticas, como o Rotten Tomatoes ou Metacritic, mas foi, sem dúvida, um dos mais vistos em todo o mundo entre os nomeados, tal como "Dune".
Há já alguns anos que a Netflix é presença assídua na época de prémios, incluíndo nos Óscares. Este ano, o gigante do streaming volta a ter uma forte presença entre os nomeados e terá aqui, talvez, a sua melhor oportunidade para chegar ao tão desejado Óscar de Melhor Filme, o prémio que lhe escapa há anos e com o qual poderá, finalmente, vincar (ainda mais) o seu estatuto de principal produtor e distribuidor de conteúdos cinematográficos em todo o mundo. Já à frente dos grandes estúdios de Hollywood em nomeações, a Netflix procura cimentar o seu domínio na produção cinematográfica com a conquista do grande prémio que lhe falta. Por outro lado, a veia tradicional do Cinema e de Hollywood espera que, uma vez mais, obras de estúdios tradicionais consigam roubar a glória à Netflix e continuar a argumentar que a Netflix já conquistou tudo.....menos o prémio que todos querem. E quem é o candidato de proa da Netflix para tentar fazer história? Com 12 nomeações, "The Power of the Dog" é o filme mais nomeado aos Óscares deste ano e o candidato de excelência nas principais categorias, nomeadamente na de Melhor Filme, mas também na de Melhor Realizador via Jane Campion. Também nas categorias de representação, nomeadamente Melhor Ator (Benedict Cumberbatch), Atriz Secundária (Kirsten Dunst) e Ator Secundário (Kodi Smit-McPhee), “The Power pof the Dog" terá uma palavra importante a dizer.
E qual será o grande filme que poderá travar o ímpeto da Netflix e da sua coqueluche, ou seja, qual é a grande esperança dos tradicionalistas? "Belfast", pois claro....E que ironia que um filme a preto e branco reminiscente da Era Dourada de Hollywood seja a obra que poderá se intrometer entre a Netflix e a glória. Embora "Belfast" esteja a ter um percurso na época de prémios muito ãquem do que se esperava, certo é que, por esta altura, é o grande rival de "The Power of the Dog". É verdade que a opinião norte-americana poderá olhar com bons olhos para obras como o indie "Licorice Pizza" ou o revival musical "West Side Story", ambos realizados por dois pesos pesados de Hollywood - Paul Thomas Anderson e Steven Spielberg - mas certo é que serão dois projetos de dois realizadores oriundos de países da commonwealth - Jane Campion e Kenneth Branagh - que estarão no centro das atenções dos prémios atribuídos pela Academia Norte-Americana.
Importa olhar também para as surpresas positivas e negativas dos Óscares. Entre o positivo já falamos de "Drive my Car" e "Nightmare Alley", este último para além da nomeação a Melhor Filme destaca-se também pela nomeação a Melhor Guarda-Roupa. Era a nomeação mais esperada é certo, mas confirma-se agora que o designer luso-canadiano Luis Sequeira, que já tinha sido indicado em 2018 com o filme “The Shape of Water”, regressa aos Óscares e, desta vez, é um dos favoritos á conquista final...Entre as surpresas positivas temos que destacar a diversidade do streaming, sim porque este ano já não é só a Netflix a ter forte presença entre os nomeados. Também a Apple+ e a Amazon Prime têm filmes de destaque entre os nomeados. A Apple+ claro que encabeça a sua lista de candidatos com "CODA", nomeado a Melhor Filme e a mais duas categorias, mas também com as três nomeações de "The "Tragedy of Macbeth. Já a Amazon Prime destaca-se com as três nomeações de "Being the Ricardos", mas também tem outro filme a concurso: a comédia “Coming 2 America”, sequela de um dos grandes sucessos de Eddie Murphy e que conquistou uma inesperada nomeação ao Óscar de Melhor Caracterização. A Netflix, claro, continua a dominar e, para além das nomeações de "The Power of the Dog" e "Don't Look Up" tem outros filmes nomeados, como o italiano "The Hand of God", o musical “Tick, Tick … Boom!” ou a animação “Os Mitchell Contra as Máquinas”.
Entre as surpresas positivas um destaque especial para a presença entre os nomeados de filmes nos quais poucos depositavam esperanças, mas que conquistaram merecidamente um lugar entre os melhores, sendo caso disso "The Lost Daughter", "The Worst Person in the World", "Mães Paralelas", "Free Guy", "Cyrano" e, acima de tudo, a brilhante animação "Flee" que conseguiu três nomeações, entre as quais a de Melhor Filme Internacional e Animação.
Entre as surpresas negativas e até mais inesperadas está Ridley Scott.O célebre cineasta é, de facto, o grande derrotado dos Óscares e estes ainda nem sequer foram entregues. À entrada para 2021 previa-se que Scott fosse ter um grande ano, já que tinha no calendário cinematográfico duas grandes produções: "The Last Duel" e "House of Gucci". Estas estavam destinadas,pelos seus temas, elenco e tramas, a serem favoritos e sucessos do grande público e da imprensa, mas ambos falharam redondamante. O primeiro, segundo Scott, foi vítima das novas gerações, já o segundo fracassou mais por culpa de Scott que, como afirmamos na altura, não conseguiu estar à altura do desafio que o filme acarretava. O fracasso de Scott traduz-se nas nomeações,ou neste caso na ausência das mesmas. "House of Gucci", que se esperava que chegasse às nomeações em categorias como Melhor Atriz (Lady Gaga) ou Guarda-Roupa ficou muito áquem das expetativas e só conseguiu uma única nomeação na categoria de Melhor Caracterização. Uma derrota para Scott, mas também para Lady Gaga que, recorde-se, chegou em Novembro a ser apontada como a virtual vencedora do Óscar de Melhor Atriz...O cenário é mais negro para "The Last Duel" que nem uma nomeação conseguiu, algo impensável há uns meses atrás...Scott foi o grande derrotado, mas houve mais perdedores nestas nomeações..
Temos à cabeça Dennis Villeneuve. Sim, "Dune conseguiu 10 nomeações,mas Villeneuve falhou a nomeação a Melhor Realizador e, verdade seja dita, é algo difícil explicar esta ausência, já que "Dune" só é o filme que é devido à mão e técnica do seu realizador. Esta é a surpresa/ausência negativa mais gritante, mas não muito distante está a ausência de Caitriona Balfe (“Belfast”) da lista de nomeadas a Melhor Atriz. A estrela de "Belfast" é uma das almas do filme e a sua ausência roça o escândalo. Estrela da série "Outlander", Balfe pode ter pago caro a sua ainda ténue pegada no mundo do cinema. A categoria de Melhor Atriz é, aliás, a mais polémica desta edição dos Óscares no que a ausência diz respeito, já que para além de Balfe e Lady Gaga, também Jennifer Hudson ("Respect") ficou de fora... Já na categoria de Melhor Atriz Secundária também se destaca a ausência de Cate Blanchett. Uma ausência que também é algo difícil de explicar é a de Aaron Sorkin da lista de nomeados a Melhor Argumento Adaptado por “Being the Ricardos”. Também numa nota mais pessoal, admito preplexidade pela ausência de "Passing" da lista de nomeados. A obra de estreia de Rebecca Hall terá, porventura, sido prejudicada pelo forte contingente da Netflix que atirou esta obra menos mediática do catálogo do gigante do streaming para segundo plano...
Surpresas à parte, os nomeados aos Óscares estão aí e vamos ter muito para discutir nos próximos dias. Estes prémios só serão atribuídos a 27 de Março e, até lá, teremos muitas mais análises e considerações a fazer.
MELHOR FILME
“Belfast”
“CODA”
“Não Olhem Para Cima”
“Conduz o Meu Carro”
“Dune”
“King Richard: Além do Jogo”
“Licorice Pizza”
“Nightmare Alley – Beco das Almas Perdidas”
“O Poder do Cão”
“West Side Story”
MELHOR REALIZADOR
Paul Thomas Anderson, “Licorice Pizza”
Jane Campion, “O Poder do Cão”
Kenneth Branagh, “Belfast”
Ryûsuke Hamaguchi, “Conduz o Meu Carro”
Steven Spielberg, “West Side Story”
MELHOR ATOR
Javier Bardem, “Being the Ricardos”
Benedict Cumberbatch, “O Poder do Cão”
Andrew Garfield, “Tick, Tick … Boom!”
Will Smith, “King Richard: Além do Jogo”
Denzel Washington, “A Tragédia de Macbeth”
MELHOR ATRIZ
Jessica Chastain, “Os Olhos Tammy Faye”
Kristen Stewart, “Spencer”
Olivia Colman, “A Filha Perdida”
Penélope Cruz, “Mães Paralelas”
Nicole Kidman, “Being the Ricardos”
MELHOR ATOR SECUNDÁRIO
J.K Simmons, “Being the Ricardos”
Troy Kotsur, “CODA”
Jesse Plemmons, “O Poder do Cão”
Ciarán Hinds, “Belfast”
Kodi Smit-McPhee, “O Poder do Cão”
MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA
Jessie Buckley, “A Filha Perdida”
Ariana DeBose, “West Side Story”
Judi Dench, “Belfast”
Kirsten Dunst, “O Poder do Cão”
Aunjanue Ellis, “King Richard: Além do Jogo”
MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
“A Pior Pessoa do Mundo”, Eskil Vogt, Joachim Trier
“Belfast”, Kenneth Branagh
“Não Olhem Para Cima”, Adam McKay, David Sirota
“King Richard: Além do Jogo”, Zach Baylin
“Licorice Pizza” Paul Thomas Anderson
MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
“CODA”, Siân Heder
“Conduz o Meu Carro”, Ryûsuke Hamaguchi, Takamasa Oe
“Dune”, Jon Spaihts, Denis Villeneuve e Eric Roth
“A Filha Perdida”, Maggie Gyllenhaal
“O Poder do Cão”, Jane Campion
MELHOR BANDA-SONORA ORIGINAL
“Não Olhem Para Cima”, Nicholas Britell
“Dune”, Hans Zimmer
“Encanto”, Germaine Franco
“O Poder do Cão”, Jonny Greenwood
“Mães Paralelas”, Alberto Iglesias
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Be Alive” de “King Richard: Além do Jogo”
“Dos Oruguitas” de “Encanto”
“Down To Joy” de “Belfast”
“Somehow You Do” de “Four Good Days”
“No Time to Die” de “007: Sem Tempo para Morrer”
MELHOR SOM
“Belfast”
“Dune”
“Sem Tempo para Morrer”
“O Poder do Cão”
“West Side Story”
MELHOR EDIÇÃO
“Tick, Tick… Boom”, Andrew Weisblum e Myron Kerstein
“Não Olhem Para Cima”, Hank Corwin
“Dune”, Joe Walker
“King Richard: Além do Jogo”, Pamela Martin
“O Poder do Cão”, Peter Sciberras
MELHOR FOTOGRAFIA
“Dune” Greig Fraser
“Nightmare Alley” Dan Laustsen
“O Poder do Cão” Ari Wegner
“A Tragédia de Macbeth” Bruno Delbonnel
“West Side Story” Janusz Kaminski
DESIGN DE PRODUÇÃO
“Dune”, Patrice Vermette e Zsuzsanna Sipos
“Nightmare Alley”, Tamara Deverell e Shane Vieau
“O Poder do Cão”, Grant Major, Amber Richards
“A Tragédia de Macbeth”, Stefan Dechant e Nancy Haigh
“West Side Story”, Adam Stockhausen e Rena DeAngelo
MELHOR GUARDA-ROUPA
“Cruella”, Jenny Beavan
“Dune” Jacqueline West, Robert Morgan
“Nightmare Alley”, Luis Sequeira
“West Side Story”, Paul Tazewell
“Cyrano”, Massimo Cantini Parrini & Jacqueline Durran
MELHOR MAQUILHAGEM E CABELOS
“Cruella” Nadia Stacey, Carolyn Cousins
“Dune” Donald Mowat, Love Larson, Eva von Bahr
“Os Olhos de Tammy Faye”, Linda Dowds, Stephanie Ingram, Justin Raleigh
“Casa Gucci”, Jana Carboni, Giuliano Mariano, Göran Lundström
MELHORES EFEITOS VISUAIS
“Homem-Aranha: Sem Volta a Casa”
“Dune”
“Free Guy”
“Sem Tempo Para Morrer”
“Shang-Chi e a Lenda dos 10 Anéis”
MELHOR FILME INTERNACIONAL
“Conduz o Meu Carro”, Japão
“Flee – A Fuga”, Dinamarca
“Lunana: A Yak in the Classroom”, Butão
“A Mão de Deus”, Itália
“A Pior Pessoa do Mundo”, Noruega
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
“Encanto”
“Flee – A Fuga”
“Luca”
“Os Mitchell Contra as Máquinas”
“Raya e o Último Dragão”
MELHOR DOCUMENTÁRIO
“Ascension”
“Flee – A Fuga”
“Summer of Soul”
"Writing with Fire"
“Attica”
MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
“Affairs of the Art”
“Bestia”
#Boxballet"
“Robin Robin”
“The Windshield Wiper”
MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTAL
“The Queen of Basketball”
“Lead Me Home”
“Three Songs for Benazir”
“When We Were Bullies”
“Audible”
MELHOR CURTA-METRAGEM DE IMAGEM REAL
“The Dress”
“One My Mind”
“Ala Kachuu – Take and Run”
“The Long Goodbye”
“Please Hold”
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