Crítica - Downton Abbey: Uma Nova Era (2022)

Crítica - Downton Abbey: Uma Nova Era (2022)

Realizado por Simon Curtis

Com Hugh Bonneville, Jessica Brown Findlay, Laura Carmichael


Ao fim 6 Temporadas e 15 Emmys, a série britânica "Downton Abbey" chegou ao fim em 2015 deixou saudades junto dos seus fãs. Para responder aos seus pedidos de mais aventuras familiares da Família Crowley e da sua mansão de residência, Julian Fellowes, criador da série e também ele um lorde britânico, decidiu levar a sua criação até ao cinema. Em 2019 é lançada a primeira adaptação que, como se esperava, foi um grande sucesso comercial e manteve vivo o espírito da série. Foi dito na altura, aliás, que o filme aproximava-se mais a um especial/ episódio longo da série do que propriamente a um filme separado estreado quatro anos após o final da série. Tudo o que tornou a série num sucesso foi replicado nesta entrega, isto desde às intrigas familiares e políticas, romances e, claro está, ao humor e drama entre as várias classes que povoam Downton. A fórmula resultou novamente e, como se esperava, foi um sucesso. 

Este primeiro capítulo foi uma prenda para os fãs e serviu para atar algumas pontas soltas deixadas pelo final da série e para mostrar o que passou no curto espaço de tempo entre o final da série e os eventos retratados na sua estreia no cinema. O seu final acaba por deixar-nos com uma notícia triste relativa a uma das personagens mais icónicas da série, mas também por reconfirmar que o futuro de Downton estaria bem entregue. Tendo em conta o sucesso do filme, uma sequela tornou-se inevitável, apesar deste ter atado tão bem (novamente) os destinos e histórias dos principais intervenientes. Mas eis que chegamos então a este segundo filme, "Downton Abbey: Uma Nova Era"/ "Downton Abbey: A New Era", que tem uma dinâmica algo deferente da série e até do filme anterior.

Uma vez mais voltamos a Downton, onde a Família Crowley e os seus Funcionários continuam a rotina diária já explorada em outros capítulos. A calma do condado é abalada, agora, por dois eventos. O primeiro relacionado com uma Condessa de Dowager altamente debilitada, mas que ainda tem dentro de si uma última entrega. Esta é informada que recebeu de herança uma Villa no Sul de França que pertencia a um Conde com quem passou férias há várias décadas atrás. O mistério abata-se sobre Downton, já que nenhum membro da família parece saber o motivo para tal herança e, claro, que vários membros da família viajam até França para verem a nova propriedade da família...e desvendarem o mistério. Ao mesmo tempo, Downton é escolhido para acolher as filmagens de um filme pioneiro protagonizado por duas das maiores estrelas do cinema mudo. É claro que, entre o caos as filmagens e as mudanças na propriedade, várias intrigas surgem no set e toda a Downton envolve-se numa verdadeira novela de bastidores. 

Hugh Dancy, Laura Haddock, Nathalie Baye e Dominic West juntam-se a muitos dos astros que fazem parte do elenco regular, como Hugh Bonneville, Jessica Brown Findlay, Laura Carmichael, Jim Carter, Michelle Dockery e, claro, a icónica Maggie Smith que, como o final primeiro filme deixou antever, despede-se nesta segundo capítulo do universo "Downton Abbey". Todos eles estão brilhantes e ajudam a fazer deste novo capítulo um sucesso em propensão, mas claro que este é mais leve e bem diferente das histórias passadas e isto não é necessariamente uma coisa boa. É claro que os fãs da série vão gostar deste projeto, mas a essência do produto original já não está aqui tão vincado. Salvo um ou outro momento mais digno dos dramas clássicos, "Downton Abbey: Uma Nova Era" é bem mais descontraído, comercial e, acima de tudo, afastado do fio condutor que pautou as narrativas da série. Quer o segmento em França, quer o das filmagens em Downton, não têm aquele toque diferenciador e de classe que pautou a série e até o primeiro filme. São segmentos bastante mais simples e descontraídos que visam, apenas, promover um entretenimento mais direto ao colocar várias adoradas personagens em contextos diferenciados. Não há aqui reais dramas, intrigas ou romances a destacar e nenhuma das personagens tem um particular destaque. 

O seu enredo mais simplista parece ter sido a única forma que os criadores da série arranjaram para não comprometerem o legado e a integridade da série. Este segundo filme é, claramente, um extra e, para não terem de mexer nos pilares da série e do capítulo anterior, a solução encontrada foi criar uma narrativa que, embora coloque várias personagens em situações inesperadas, acaba por não atribuir a nenhuma delas novas dimensões narrativas ou alterações relevantes à sua situação. Só a Condessa de Dowager recebe um tratamento mais diferenciado devido à conclusão planeada para esta personagem. Todas as restantes continuam e continuarão iguais ao que eram antes deste segundo filme....e assim se criou um novo capítulo que, em abono da verdade, nada acrescenta ao Universo Downton, mas que acaba por ser um divertido presente para os fãs.


Classificação - 3 Estrelas em 5

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