Crítica - Nope (2022)

 

Realizado por Jordan Peele
Com Daniel Kaluuya, Keke Palmer, Brandon Perea, Michael Wincott

Após o muito elogiado "Get Out" e o enigmático mas menos popular "Us", Jordan Peele apresenta a sua terceira longa metragem como realizador. Tal como as duas anteriores, Peele apresenta-nos novamente um filme sci-fi diferenciado que brinca com o bizarro e que nos recorda as histórias excêntricas da "Twilight Zone", série clássica que Peele conhece muito bem, até porque esteve diretamente envolvido na produção do seu mediano remake.
A sua história transporta-nos até ao Deserto da Califórnia, onde encontramos a pequena cidade de Agua Dulce, lar da Família Haywood que é proprietária de um rancho que cria e treina cavalos para as grandes produções de Hollywood. Após a morte do patriarca, OJ (Daniel Kaluuya) assume os destinos da empresa, mas tem dificuldades em lidar com a pressão e seguir as pisadas do pai. À beira da bancarrota, OJ depara-se certa noite com um fenómeno que não consegue explicar que o aterroriza, mas que de certa forma pode simbolizar a salvação do negócio de família. Com a ajuda da sua irmã, Emerald (Keke Palmer), e de um técnico de instalação, Angel (Brandon Perea), OJ prepara-se para o grande desafio da sua vida e que pode envolver bem mais que uma caça pela prova perfeita de vida extraterrestre. 
A sinopse oficial de "Nope" classifica-o como uma mistura entre um filme de terror, sci-fi e western. Uma descrição correta, mas é no terreno da ficção científica que mais se enquadra e onde consegue arrancar mais aplausos. Era uma questão de tempo até que Peele chegasse à temática alien e quando a finalmente aborda acaba, novamente, por romper muitas das fórmulas pré-estabelecidas do género e por lhe conferir um twist muito curioso à sua medida. É claro que esta não é a altura de relevar o twist, mas acredite que vale a pena e mal é relevado lança o filme para uma nova dimensão e até inclui um novo estilo à mistura inicial: a ação!
Quando se chega à revelação que lança o grande desfecho, "Nope" torna-se mais previsível e menos enigmático, mas até então revela-se um jogo de sombras e mistérios que vai moldando teorias no espectador. Quem é que está por detrás do grande mistério? Serão aliens? Será fantasia? Será ficção? Será uma entidade divina? Todo o hype em redor do que é e de quem é responsável resulta de uma criativa construção narrativa que é acompanhada por um nível cénico e técnico muito interessante. 
Para além da trama central, "Nope" vai também construído mitos e simbolismos dentro da própria narrativa. Sob a perspectiva de mensagens intrigantes, como o poder da imagem, a percepção do olhar ou a perspectiva do que é um milagre, Peele monta uma teia de sinais que vão adensando o mistério e que, em conjunto. vão fazendo sentido para criar a perspectiva global que acaba por desaguar numa batalha improvável que quase nos remete para os filmes de monstros agora relançados por "Godzilla" ou "King Kong". 
Vale então a pena dar uma oportunidade? Evidentemente. Uma vez mais, Peele não consegue igualar a excelência da incerteza de "Get Out", mas tal como com "Us" brinda-nos com um projeto de ficção e fantasia diferenciado que pega numa temática popular e transforma-a em algo imprevisível. Não é de todo o filme que no início poderíamos esperar, até porque não segue propriamente um estilo Spielberguiano mais comercial, mas é sem dúvida um projeto à medida de Peele que, mais uma vez, nos deixa curiosos para saber o que fará a seguir. 

Classificação - 3,5 Estrelas em 5


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