Crítica - Holy Spider (2022)

Crítica - Holy Spider (2022)

Realizado por Ali Abbasi


Candidato da Dinamarca ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2023, "Holy Spider" é sublime e já um forte candidato à nomeação final (Update: Acabou por não conseguir chegar à Nomeação Final).  Baseado numa história real conta-nos a história de Rahimi, jornalista que viaja até Mashhad, uma cidade santa iraniana com o intuito de encontrar um serial killer que anda a matar prostitutas. À medida que se aproxima da verdade torna-se cada vez mais difícil obter justiça, uma vez que muitos consideram o assassino um herói.

Numa altura em que o Irão está nas bocas do mundo pelas piores razões, "Holy Spider" acaba por surgir como um produto que vem dar voz a muita das reivindicações que proliferam nos protestos atuais, mostrando uma realidade que todos conhecem, mas muitos preferem ignorar. Ali Abbasi aproveita a história real do serial killer Saeed Hanaei (que matou 16 mulheres e posteriormente foi condenado à morte pelos seus crimes) para montar um thriller criminal competente que também cumpre como drama sociológico que explora a forma como o Irão bipolariza a igualdade de sexos e oprime as mulheres. 
Abassi não é propriamente um nome desconhecido da 7ª Arte. Os seus trabalhos anteriores - "Shelley" e Border" - brilharam ao mais alto nível no circuito indie. "Shelley" em 2016 brilhou no Festival de Berlim e foi considerado uma das obras de terror mais criativas desse ano. Já "Border" é uma fantasia maravilhosa que também representou a Dinamarca nos Óscares, tendo conquistado uma aclamação planetária. Mas "Holy Spider" é o seu filme mais pessoal até à data, até porque remete-nos para uma história do seu pais natal e para uma orte mensagem política e sociológica que, infelizmente, ganhou força devido aos recentes acontecimentos. "Holy Spider" tornou-se assim por arraso na voz cinematográfica de um protesto e no exemplo perfeito de tudo aquilo que se encontra na base de muitas das reivindicações. 
Embora seja cidadão iraniano, Abbasi não reside no Irão, estando já radicado na Dinamarca há vários anos. Sem surpresa, Abassi é um crítico vocal do atual regime iraniano e esta obra mostra parte das razões da sua discórdia. Para quem aprecia filmes sobre investigações jornalistas, thrillers criminais ou drama poderosos, então "Holy Spider" cumpre todos os requisitos....nos três géneros. É, sem dúvida, uma das grandes pérolas do ano.

Classificação - 4 Estrelas em 5 

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