O Palmarés da 80ª Edição do Festival de Veneza - Yorgos Lanthimos Confirma Expectativas e Hollywood Fica Àquem


O filme "Poor Things" | "Pobres Criaturas" foi grande vencedor da 80.ª edição do Festival de Veneza ao conquistar o prestigiado Leão de Ouro de Melhor Filme. Um desfecho esperado pela aclamação da crítica e pelos rasgados elogios do público, feedback positivo aparentemente partilhado pelo júri presidido pelo cineasta Damien Chazelle e que incluía, também , as cineastas Jane Campion, Mia Hansen-Løve e Laura Poitras, a vencedora do ano passado. Com estreia agendada para Dezembro nos Estados Unidos (talvez chegue a Portugal em Janeiro de 2024), "Pobres Criaturas é a mais recente obra do consagrado cineasta grego Yorgos Lanthimos que, assim, repete o prémio que recebera em 2018 com "A Favorita" que, como se sabe, viria também a brilhar nos Óscares. A história desta obra reimagina o clássico "Frankenstein" (trata-se de uma adaptação do romance homónimo de Alasdair Gray publicado em 1992)  e transporta-nos até à Londres do Século XIX, onde um excêntrico cirurgião (Willem Dafoe) recupera o cadáver de uma grávida que se afogou e consegue substituir, com sucesso, o cérebro da mãe pelo do bebé que ela carregava no seu ventre. A partir daí, a ligação entre o cientista e a sua criatura ganha muitos contornos...Emma Stone é a grande protagonista desta obra e, tal como o filme, viu também a sua performance ser muito elogiada. 

Na restante secção competitiva, o Leão de Prata - Grande Prémio do Júri foi entregue a "Evil Does Not Exist", o novo trabalho do realizador japonês Ryusuke Hamaguchi, que, importa recordar, ganhou recentemente o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro com o filme "Drive My Car". Este seu novo filme centra-se em particular na relação entre um misterioso homem da zona e dois relações públicas escolhidos pelo investidor para convencer os habitantes, recriando as paisagens e a forma como aquela natureza selvagem modifica, ou reforça, o comportamento de cada um.  O Prémio Especial do Júri foi atribuído a “Green Border”, de Agnieszka Holland. A consagrada cineasta polaca apresenta-nos agora um drama que explora a crise migratória na Europa, concentrando-se na polémica que rodeou (e ainda afeta) os milhares de refugiados presos entre as fronteiras da Bielorrússia e da Polónia.

Itália não ficou ausente das premiações de Veneza, já que, como se esperava, o novo filme de Matteo Garrone, conhecido de muitos por ter realizado o thriller "Gomorra", saiu do festival com muitos aplausos mas também com dois prémios. Garrone ganhou o Prémio de Melhor Realização e Seydou Sarr conquistou  o Prémio Marcello Mastroianni para Melhor Ator ou Atriz Emergente. Este impactante drama italiano também aborda questões migratórias, dando assim sequência a um tema muito abordado pelo Cinema Europeu e sobretudo Italiano nos últimos anos. Esta obra narra a saga de dois jovens refugiados oriundos de África até à Europa. Por fim destaque ainda para "El Conde", obra do chileno Pablo Larrain, que ganhou o prémio de Melhor Argumento. COm estreia prevista para a Netflix para 15 de Setembro, "El Conde" descreve-se como sátira sobre o ditador chileno Pinochet. Filmes como "Maestro", de Bradley Coooper; "The Killer", de David Fincher; "Ferrari", de Michael Mann; "Dogman", de Luc Besson; e "Origin", de Ava DuVernay sairam de Veneza sem prémios, mas ainda com ambições para os Óscares. 



SECÇÃO OFICIAL


Leão de Ouro: "Pobres Criaturas", de Yorgos Lanthimos


Leão de Prata - Grande Prémio do Júri: "Evil Does Not Exist", de Ryusuke Hamaguchi


Prémio Especial do Júri: "Green Border", de Agnieszka Holland


Leão de Prata para Melhor Realização: Matteo Garrone por "Io Capitano"


Taça Volpi para Melhor Atriz: Cailee Spaeny por "Priscilla"


Taça Volpi para Melhor Ator: Peter Sarsgaard por "Memory"


Melhor Argumento: Pablo Larrain e Guillermo Calderón por "El Conde"


Prémio Especial do Júri: "No Bears", de Jafar Panahi


Prémio Marcello Mastroianni para melhor ator ou atriz emergente: Seydou Sarr por "Io Capitano"



Secção Horizontes


Melhor Filme: "Explanation For Everything", de Gábor Reisz


Prémio Especial do Júri: "Una Sterminata Domenica", de Alain Parroni


Melhor Ator: Tergel Bold-Erdene por "City of Wind"


Melhor Atriz: Margarita Rosa De Francisco por "El Paraiso"


Melhor Argumento: Enrico Maria Artale por "El Paraiso"


Melhor Curta-Metragem: "A Short Trip", de Erenik Beqiri


Leão do Futuro – Prémio “Luigi De Laurentiis” para primeiras obras: "Love Is A Gun", de Lee Hong-Chi

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