Crítica - Searching (2018)

Realizado por Aneesh Chaganty
Com John Cho, Debra Messing, Michelle La

As redes sociais estão em voga e são cada vez mais populares entre todas as faixas etárias da população. Não é por isso de estranhar que a Indústria Cinematográfica queira explorar este filão repleto de potencialidade, não apenas sob um ponto de vista básico de marketing, mas também sob um aspeto mais cinematográfico. Num passado recente, alguns estúdios de Hollywood desenvolveram vários projetos de ficção que tentaram transpor para o grande ecrã uma história capaz de juntar o entretenimento com o mundo das redes sociais. Entre os casos mais mediáticos destacam-se as apostas falhadas “Unfriended” ou “Open Windows”, mas também a terrível animação “The Emoji Movie”. 
Tais filmes não tiveram grande sucesso e tiveram até um fraco aproveitamento, mas pelo menos serviram como um teste necessário para compreender o que se deve ou não fazer e que apostas resultam ou não num filme do género. Os responsáveis por “Searching” estudaram bem a lição e aprenderam com os erros que outros cometeram no passado e, por fim, conseguiram criar um produto que mistura com ampla competência os mundos do cinema e das redes sociais. 
A sua história transporta-nos para o pesadelo pessoal de David Kim que, após a sua filha de 16 anos desaparecer, inicia, em coordenação com a polícia local, uma investigação pelas redes sociais para encontrar pistas que lhe permitam descobrir o que realmente aconteceu à sua filha. E já que estamos a falar do argumento podemos começar já a dissecar este elemento do filme. E neste ponto uma coisa tem já que ser dita. Não é graças ao seu argumento que “Searching” é um filme acima da média. É certo que o drama pessoal de David Kim é explorado com alguma sensatez e sob um ritmo conveniente, mas na sua essência a história do filme é básica e, num plano puramente narrativo, não apresenta nada de puramente inovador ou avassalador.
É certo que o mistério que prende toda a história é desenvolvido com algum suspense e tem os seus pontos fortes, mas também é verdade que apresenta várias pontas soltas, clichés e até um final relativamente cobarde, pelo menos tendo em conta o espírito do filme. O que realmente eleva este produto cinematográfico para outro nível é, efectivamente, o seu design e a componente técnica que acompanha o desenvolvimento narrativo.
Toda a ação do filme desenrola-se online, ou pelo menos, essa é a sensação que nos quer ser transmitida. As imagens/ sequências são apresentadas sob a forma do que é visto monitores computador, ecrãs de telemóveis, câmaras de segurança e até programas televisões. Esta forte componente técnica é o grande trunfo do filme e os seus responsáveis souberam aproveitar-se dele e rentabilizá-lo da melhor forma. E neste campo há pormenores absolutamente deliciosos que elevam o filme, como por exemplo a evolução que este apresenta da tecnologia. A introdução, por exemplo, apresenta uma navegação num sistema operativo antigo e com funcionalidades típicas da época para ilustrar o passado do protagonista, mas já a ação que se desenrola no presente exibe os novos layouts dos sistemas operativos mais populares, bem como todas as apps e redes sociais do momento! A estes pormenores juntam-se outros, como os sons e os funcionamentos tão característicos de cada aplicativo, bem como alguns problemas de BackOffice e falhas que essas mesmas apps têm, como por exemplo o facto de ser tão fácil hackear uma conta quando se conhece um ou outro detalhe da vida de alguém. 
Para este excelente valor técnico contribuiu a competente direção de Aneesh Chaganty habilmente coordenada com a cinematografia de Juan Sebastian Baron e a edição de Nicholas D. Johnson e Will Merrick. Estes intervenientes merecem elogios porque conseguiram criar algo que efectivamente funciona no grande ecrã. Sem a sua “magia” estaríamos a falar de mais um filme perfeitamente banal que não conseguiu passar das intenções para as ações e, embora não seja perfeito, “Searching” já se assume como um bom exemplo de uma aplicação inventiva do género “filme ambientado na net”. 

Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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